Capítulo XXII- Permissão

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" Vlad: Será que ela não me entende??! Eu não quero machucar ela, eu quero ama-lá...."

.... Vlad narrando....

Entrei em casa e fui para o quarto de Luciana, queria saber se ela ainda estava dormindo, mas ao chegar lá, não avistei ninguém, desci as escadas e fui até a cozinha, encontrei Tyler fazendo o jantar.
- Tyler, você viu a Luciana passar por aqui? - Perguntei e ele assentiu.
- Sim senhor, ela pegou comida e saiu pra fora, agora em que parte do jardim ela está eu não sei. - Falou e eu agradeci começando a vasculhar nos aplicativos do meu celular, onde estavam as filmagens da câmera, procurei e encontrei:
Às 20: 14 ela saiu em direção ao jardim das flores com uma sacola cheia de lanche e um refrigerante na mão, às 20:30 já havia acabado de comer e interrompeu seu caminho entrando no mato, vasculhei mais um pouco e não achei mais ela, as câmeras do coreto não a mostravam, a do jardim também não, a piscina também não, então só havia um lugar pra onde ela poderia ter ido, a essa hora as sereias cantam, só o que me faltava era ela ter ido pra lagoa das sereias, se as sereias não a matarem o tritão a aprisionara no fundo das águas, pensando que ela é uma de suas sereias. Entrei nas imagens das câmeras da lagoa e vi Luciana conversando com uma sereia, em seguida a sereia deu um beijo na barriga da Luciana e puxou ela pra dentro d'água, pouco tempo depois o tritão apareceu, submergiu e segurou Luciana pelos ombros, analisando ela enquanto a mesma não parava de tocir. Larguei tudo e sai correndo, o tritão ia matá-lá afogada.

Corri até não aguentar mais, o mais rápido que pude com meus poderes sobrenaturais e quando cheguei lá, ainda tive tempo de encontrar o tritão observando Luciana. As dez sereias, incluindo a que antes conversava com Luciana estavam atrás do tritão, e quando ele me viu urrou furioso, ele não gostava que eu me aproximasse de suas sereias, eu era homem, e ele não gostava de ter concorrência.
- Ela não lhe pertence! - Falei, tentando não ser agressivo, meu coração estava disparado e eu não queria arrumar briga com o tritão, ele era muito forte, e eu estava exausto por causa do dia cheio que tive hoje. - Pode ver, ela não tem cauda, e eu sei que você me entende, me entrega ela que eu não faço mal para as suas sereias, apontei e ele pegou Luciana pelo pescoço e a manteve suspensa sobre a água, a mesma tentou tirar a mão do tritão de seu pescoço, mas não estava conseguindo, dei um passo a diante nervoso e o tritão bateu a mão livre na água estressado.
- Ela ser minha! Você: homem pescador que quer comer carne de sereia pra ser eterno! - Urrou furioso o tritão e eu apontei pras pernas de Luciana.
- Ela também é uma pescadora, humana, não é sereia. - Falei tentando ser explicativo, na esperança do tritão largar Luciana mas ele parecia irredutível.
- Ela ser minha sereia, ela me dar filhos também, como as outras e então tritão bebê nascerá. - Falou ele e eu arregalei os olhos.
- É óbvio que não, você não vai tocar nela!!!! - Gritei perdendo o controle e o tritão entrou dentro d'água arrastando Luciana, junto com as outras sereias. Pulei na água, andei até o tritão começando a me desesperar e dei um chute com toda minha força na cabeça do tritão, ele desmaiou pra minha sorte e Luciana se soltou dele, nadando até mim. Quando submergimos estávamos tão próximos e eu estava tão feliz por Luciana estar bem que por um impulso nervoso que eu não consegui controlar, fui de encontro a ela e quase a beijei, por poucos centímetros nossos lábios não se tocaram e eu estava tão envergonhado, que me me afastei dela.
- Vamos sair da água antes que o tritão acorde. - Falei e saímos, e o caminho de volta pra mansão foi silencioso. Ela não falou nada, e eu muito menos.
Quando chegamos, cada um foi pra seu quarto tomar banho.

Meia hora depois eu fui jantar, o silêncio parecia que tinha tomado conta de tudo está noite. Então terminei de comer e fiz um prato pra Luciana que ainda estava no quarto. Quando bati na porta escutei um "entre" um pouco ensonado. Adreentrei o quarto e avistei Luciana sentada na cama afofando seu travesseiro.
- Eu trouxe seu jantar... - Falei e ela assentiu se levantando da cama para pegar o prato, mas quando ela tocou suas mãos nas minhas, por mais que sem a intenção de me tocar as pontas dos dedos, meu coração pulsou dentro do peito e ela me olhou dentro dos olhos.
- Obrigada. - Agradeceu e pegou o prato da minha mão abaixando a cabeça para que nossos olhos não continuassem a se confrontar. Ela pois o prato na cama e antes que se sentasse eu chamei por seu nome.
- Luciana... - Chamei, meu coração estava disparado dentro do peito, e batendo com tanta velocidade que por um momento eu pensei que ela poderia ouvir as batidas.
- Pois não? - Correspondeu ela e eu me aproximei angustiado, minhas veias estavam formigando.
- Eu não sei se aguentou mais.... - Falei e quando dei mais um passo ela se afastou indo até o guarda-roupas, e cruzou os braços no peito, como reação para seu nervosismo, me observando através do espelho.
- O que você quer dizer com isso? - Indagou ela, seus olhos estavam alarmados e eu estava extremamente nervoso.
- Luciana - Repliquei e usei minha velocidade para a virar contra mim e coloca-lá contra o guarda-roupas. Olho no olho. Minhas mãos estavam uma a cada lado da cabeça dela, pressionadas contra as portas do guarda-roupas. E ela estava entre o guarda-roupas e o meu corpo. Eu queria tanto toma-lá. Mas não desse jeito. Eu não queria machucar ela ou obriga-lá a nada, eu só queria beija-lá e envolve-lá em meus braços, abraça-la com destemor e afagar seus cabelos e dizer o que está acontecendo comigo. Por mais que eu mesmo não saiba o que é.
- Vlad.... - Ela sussurrou com uma voz tremula e cerrou os olhos, pondo as mãos no meu peito tentando me afastar - Sai de perto de mim por favor.... - Pediu ela e eu dei um passo pra trás, passando a mão no meu cabelo puxando os fios. Meu coração batia tanto que parecia que iria sair pela minha boca a qualquer momento.
- Eu preciso recobrar meu juízo. - Falei, mais pra mim mesmo do que pra ela e tentei fechar os olhos pra me acalmar. Mas perdi o controle, e quando os abri novamente os mesmos estavam um da cor azul fluorescente e o outro vermelho. Eu sabia bem disso por que estava de frente pro espelho. Eu estava vendo claramente o verdadeiro monstro que eu era. - Me deixa ficar aqui. Eu juro que não vou toca-la se não deixar, não vou.... - Arfei me aproximando e colando meu corpo ao de Luciana, o cheiro da pele dela estava me envolvendo de tal forma que eu estava perdendo meu controle - Não vou fazer nada que não quiser.... - Sussurrei e Luciana me abraçou.
- Tá tudo bem. - Falou ela baixinho e eu fiquei imóvel, incrédulo pela atitude dela. - Eu não.... Eu não tenho mais medo de você. - Falou ela e eu aceitei seu abraço, pousando minhas mãos em suas costas. Aos poucos meus olhos estavam voltando ao normal e meu coração voltava a se acalmar - Eu deixo você ficar aqui. Mas não quero que.... Faça alguma coisa.
- E o que eu posso fazer então? - Perguntei depois de ter tomado coragem de perguntar.

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