Cadáver de Sangue I

Capítulo LXXVIII - Bala de Prata/ Parte 2

  Taehyung se abaixou, e se aproximou de mim, calmamente, até estar com seu rosto próximo o bastante do meu, sua boca perto da minha, e então eu senti o cano da arma, tocando no meu peito, entre os seios, na mira do coração.
  - Você quer... - Sussurrou com a voz rouca e eu senti toda minha pele arrepiar, me impulsionando a me aproximar mais, como se houvesse um imã nele, que me atraía deliberadamente para perto de Taehyung, mas eu me contive e me repreendi pelo que senti.
  Estou perdendo a cabeça ficando aqui dentro, não deveria estar aqui, não deveria permitir um sentimento desses entre mim e um meliante, eu...
  Não tive mais tempo de pensar quando Taehyung finalmente se aproximou e me beijou. E mentalmente eu me odiei por ter aceitado o beijo sem nem mesmo relutar, fisicamente eu queria tanto, mas mentalmente eu estava me odiando por não me conter. Mesmo que eu sentisse que estivesse perdendo a cabeça fazendo isso. Sei que é errado, sei que não deveria, mas é tão difícil resistir...
  Taehyung colocou uma mão na minha nuca, me impulsionando a investir no beijo, mas eu estava me reprimindo, eu não queria que ele me beijasse, mas ao mesmo tempo queria e muito sentir os lábios dele...
  Arfei ao aceitar de vez o beijo e quando senti a língua de Taehyung invadir a minha boca, passando por meus lábios até entrar na minha boca minha pele arrepiou de novo, minha língua tocou na dele e nossos lábios se pressionaram com desejo. Eu estava cheia de desejo, intensionada a continuar, mas quando Taehyung se afastou, e eu abri os olhos, olhando diretamente dentro de seus olhos azuis acinzentados que cintilavam, ele disparou a arma.
  Não arquejei, não tive tempo, quando senti o pânico me tomar fazendo meu coração disparar, o terror logo se esvaiu e em seguida a raiva me invadiu com todas as forças. Eu havia me esquecido da existência da arma, só me lembrei dela depois que ele disparou um tiro contra o meu peito, e por sorte a arma não libertou a bala, era um jogo de riscos aquele, e eu ainda não havia sido entregue a morte.
  - Gosta quando eu coloco a língua na sua boca? - Perguntou ele malicioso e eu cerrei os dentes e tentei chuta-lo. As correntes tilintaram e meu movimento foi retido na metade do caminho, infelizmente não consegui chuta-lo. E nem socá-lo. O que o levou a rir como se tivesse sido engraçado. E então se afastou de mim e voltou pra cadeira, com a arma mirando no meu peito.
  - Achei que o Bang nos queria vivo! - Protestou Vlad proecupado e tenso e Taehyung alargou seu sorriso enquanto olhava para ele.
  - Ele fala muitas coisas... Mas eu não escuto a maioria. - Disse despreocupado e se voltou para mim - Mas teve uma coisa que ele me falou que eu realmente queria testar. - Taehyung começou a dizer animado e eu engoli em seco, meu coração estava disparando outra vez - Ele disse que a delegada odeia o alpha dela, a ponto de se precisar mata-lo, ela faria sem nem pensar duas vezes. - Comentou aparentemente curioso e então sorriu ainda mais agora voltando seu olhar atentamente para Lucy - Será que a Jennifer beijaria ele, só pra salvar a própria vida...? - Perguntou para Lucy e meus olhos se arregalaram, sério isso?? Ele só pode estar testando minha paciência desse jeito!
  - Vai sonhando seu imbecil! Sei que você não vai atirar. - Debochei impaciente e Taehyung olhou pra mim e de repente disparou outra vez mirando no meu peito, mas nenhuma bala saiu. Meu coração acelerou mais.
  - Vocês estão limitando minhas opções de jogo... - Ponderou Taehyung baixando a arma, e então olhou para Vlad novamente.
  - Eu vou soltar você, e você vai beijar ela, e se eu achar que o beijo não foi sincero... Eu vou atirar mais uma vez. - Explicou Taehyung e então se levantou da cadeira no centro das outras onde estávamos acorrentados, nos olhando um por um com divertimento - Se qualquer um dos três tentar uma gracinha, eu vou quebrar as pernas de cada um, bem devagar. - Alertou ele e então foi até Vlad, o libertou, e assim que Vlad se levantou, totalmente desconfortável e tenso eu engoli em seco. A Lucy estava quieta, e tão tensa quanto eu, o pior é que ela gosta do Vlad, e eu o odeio, então não sei o que vai ser pior. Receber o beijo ou a Lucy ter que assistir.
  Taehyung está fazendo isso de propósito, sei que não vai deixar a Lucy virar o rosto, ele vai fazer questão de faze-la ver.
  Meu coração estava acelerando cada vez mais, conforme Vlad se aproximava, analisando se havia alguma possibilidade dele reagir. Não que um beijo fosse me matar, mas eu odiava ele, o odiava com todas as forças, não sinto nada por ele, então beijar o Vlad vai ser estranho e horrível, nojento...
  Vlad sem ter visto possibilidades de impedir, veio até a minha cadeira, suas pernas estavam libertas, mas seus pulsos permaneciam acorrentados. Quando ele chegou perto o suficiente de mim, e começou a se abaixar para me dar o beijo, engolindo em seco de embaraço, ele se aproximou devagar e tenso. Até me alcançar e quando seus lábios quase tocaram nos meus, Taehyung gritou.
  - Não! - E Vlad se afastou alarmado, quando voltamos nossos olhares para Taehyung e Lucy, percebi que ela estava com lágrimas nos olhos, o que me deixou ainda mais desconfortável do que eu já estava.
  - Estão vendo isso? - Taehyung falou segurando o queixo de Lucy e a obrigando a manter a cabeça erguida para que vêssemos sua tristeza, não sei o que está rolando com o Vlad e a Lucy, mas eu não estou afim de beijar o Vlad com todas as certezas da vida.
  - Você quem provocou isso! - Acusei Taehyung e ele abriu um sorriso.
  - Eu vou resolver o problema então. Vlad por favor, volte ao seu lugar. - Pediu ele e Vlad foi para a cadeira novamente, e Taehyung o prendeu, todos estavam começando a ficar desconfiados com a real ao dele.
  - O que você pretende? - Perguntei direta quando já estava ficando impaciente com a enrolação de Taehyung e ele veio até mim, colocou a arma no meu peito sem dizer nada e desmanchou seu sorriso.
  - Esse jogo perdeu a graça. - Reclamou Taehyung, o cano frio da arma contra minha pele me fez arrepiar e logo em seguida estremecer, e então fiquei esperando ele atirar tudo de uma vez. E ele o fez, atirou uma vez e não saiu bala, e depois outra, e então fez uma pausa para me olhar nos olhos, e quando pensei em chinga-lo, ele atirou outra vez, e desta vez eu gritei e pude sentir a bala de prata atravessar o meu peito, gelada e apressada rasgando os tecidos da minha pele, direto no coração.