Cadáver de Sangue I

Capítulo XLI - Mansidão Espontânea

" Vlad: Eu sinto tanta dor que só consigo distrair minha mente com a Luciana..."

.... Lucy narrando....

  Recuei mais um passo pra trás e fiquei encurralada pela cama, eu não queria morrer, estava morrendo de medo do lobo avançar em mim, e querer me rasgar com aqueles dentes enormes. Foi quando, não sei como, meu pé enrolou no lençol da cama, eu perdi o equilíbrio e cai sentada no chão, o lobo não estava rosnando, apenas observando meus atos, não entretido ou esperando pra atacar, apenas esperando. Ele andou um pouco, começou a se aproximar e eu fechei os olhos com medo, escutando atentamente a respiração dele e todos os seus passos. Eu estava sentada, um pouco desajeitada, foi quando senti um peso peludo ser depositado em minhas pernas. Abri os olhos e vi o lobo, deitado com a cabeça no meu colo, ele estava calmo, e chorava baixinho. Era como ter um cachorro enorme deitado em seu colo, o único problema é que esse "cachorro" é carnivoro. O lobo se aninhou mais e ficou chorando, eu fiquei com tanto dó naquele momento. Me lembrar dele ontem todo bravo e ver ele hoje tão inofencivo me causava estranheza. Passeei minhas mãos por seu pelo, era macio e quentinho. Ele continuou a chorar, estava com dor. E eu não sabia o que dar pra ele melhorar, sem contar que aqui não tinha remédio pra dor, só pra cólica, mas acho que isso não resolveria o problema dele. O lobo se ajeitou e virou a cabeça pra mim, seus olhos eram azuis, um azul cinzento e penetrante, que deixava qualquer um abismado e intrigado, tentando entender o que estava escondido por trás deles. Acariciei a cabeça do lobo e ele choramingou mais um pouco.
  Com alguns minutos que estávamos ali, o lobo se levantou, e começou a uivar de dor, ganindo por que seus ossos começaram a se contorcer e ele começou a voltar a forma humana. Vlad gemeu de dor e depois que tinha voltado sem por cento, fraquejou e quase caiu, tentando se sustentar com os braços apoiados no chão, ele estava na minha frente, sem roupa e com dor, me levantei rapidamente evitando olhar pra seu corpo, puxei o lençol da cama para cobri-lo e o ajudei a sentar-se na beirada do colchão, eu estava morrendo de vergonha! Depois que eu enrolei Vlad no lençol eu me sentei ao seu lado na cama. Ele estava todo suado e sua pele muito quente. Suor frio escorria por seu peito. E ele estava com febre alta. Vlad repousou a cabeça no meu colo e começou a tremer.
  - Eu não estou aguentando Luciana - Sussurrou com a voz rouca, era tão estranho ver ele tão indefeso, logo ele que sempre estava tão seguro de si e imponente. Agora estava no meu colo gemendo de dor. Com receio, eu passei minha mão por seus cabelos pretos, fazendo carinho na cabeça dele, para tentar confortá-lo já que eu não tinha remédio e ao sabia o que fazer. Vlad estava com os olhos fechados e batia os dentes por causa da tremedeira.
  - Calma Vlad, aguenta só mais um pouquinho. - Falei e ele pegou a minha mão e colocou perto da boca, sobre seu rosto. A pelo dele estava ainda mais pálida.
  - Eu estou com muita dor... - Choramingou e então bateram na porta, em seguida giraram a maçãneta e Jennifer e Zelo passaram pela porta. Agradeci a todos os deuses naquele momento.
  - O que aconteceu? - Perguntou Jennifer apontando para mim e Vlad.
  - Ele está com muita dor. - Respondi e foi então que me lembrei que eu estava só de roupão e Vlad com um lençol. Engoli em seco sentindo as bochechas queimarem e acrescentei - Eu posso explicar.
  Jennifer não esperou uma resposta melhor, veio até mim e tirou Vlad do meu colo pra ver como ele estava, depois de ver que estava com febre o arrumou na cama, o fazendo deitar mais confortávelmente. Enquanto Jennifer cuidava de Vlad, Zelo me encarou insinuando alguma coisa entre mim e o alpha e eu mostrei o dedo do meio pra ele, me levantando e indo pro banheiro me trocar. Até parece que eu vou me relacionar com o Vlad!! Ele é um canalha! É óbvio que não vou me envolver com ele. Já que a porta está quebrada em pedaços tive de pegar minhas roupas e me trocar num canto do banheiro. Me vesti e voltei pro quarto, Jennifer estava com um seringa na mão, um copo com sangue humano, e dois colares.
  - Você vai ter que por um desses e tomar um gole do sangue. - Falou se ferindo aos colares e eu franzi o cenho desentendida.
  - Por que eu tenho que colaborar com a macumba? - Indaguei e Jennifer veio até mim.
  - Não é macumba. - Explicou - É um feitiço de cura, mas pra ser realizado precisa de uma conexão.
  - E você ou o Zelo não podem usar? - Perguntei, eu não queria por colar nenhum.
  - Precisa ser híbrido, se Vlad fosse apenas um lobisomem eu ou o Zelo poderíamos usar, mas ele é híbrido. Só você é híbrida que nem ele, aliás pela mesma forma. - Disse Jennifer e repousou o copo com sangue e a seringa na mesinha ao lado.
  - Mas eu não quero usar isso, não tem outro jeito de curar ele sem que eu participe? - Perguntei e Zelo se levantou da poltrona alterado.
  - É óbvio que não tem, se tivesse outra maneira não precisariamos da sua ajuda. - Bradou ele e uma raiva absurda subiu por meu peito.
  - Não precisa falar assim! - Retruquei alterada e Jennifer segurou o meu pulso.
  - Zelo fique quieto - Ordenou ela e eu senti meu coração disparar - Ninguém vai te machucar Luciana, o colar não vai te dar choque nem nada do tipo, apenas te fará sentir o que Vlad está sentindo, não a dor, mas você sentirá o coração dele bater, as vibrações, sensações e talvez um pouco dos pensamentos. Não vai doer - Explicou ela e eu me rendi, com um pouco de receio puxei o cabelo para o lado, meu coração estava se acalmando, deixei ela colocar o colar em mim, estremeci quando o material frio do colar entrou em contato com a minha pele. - Muito obrigada. - Ela disse depois. Em seguida me fez beber um pouco do sangue que havia no copo, e então com a seringa o outro colar e o copo, voltou para perto de Vlad, que estava encolhido e batendo os dentes. Ela pegou o colar, e colocou no pescoço de Vlad. Depois disso, foi em questão de segundos que eu senti como se tivesse levado um puxão forte, desnorteada me firmei nos pés pra não cair, senti a mão de Zelo segurar meu ombro, deu um pouco de tontura e então meu coração acelerou muito, eu me senti estranha, talvez até violada. Eu podia sentir a respiração de Vlad, descompassada e dificultosa, o coração disparado, um leve desespero tomando meus pensamentos, eu não estava sentindo dor, eu estava com medo e estava com vontade de gritar, mas eu não estava com dor, era tão assustador. Me afastei de Zelo, era tão desconfortável. Eu estava longe mas parecia que Vlad estava colado no meu corpo, não abraçado, mas colado em mim, literalmente. Me aproximei da cama pra chegar perto de Vlad, incrédula e com as mãos tremendo de nervosismo. Meu coração ia explodir. Eu sentia como se Vlad fosse parte de mim, me sentia normalmente mas sentia ele também. Me sentia na cama ao lado de Vlad, ele estava de costas pra mim.
  - Vlad...