Capítulo XL - Contato Súbito

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  " Lucy: Talvez eu precisasse chorar um pouco, isso tirou um pouco do meu estresse..."

  - Está tentando se vingar? - Indagou ele na defensiva e eu engoli em seco - Já não bastou quebrar meu pescoço? - Disse e eu recuei um passo pra trás com medo sentindo meus olhos se encheram de lágrimas, será que ele desligou a humanidade de novo? Será que vai me bater? Foi então que Vlad percebeu o que fez e ficou imóvel.
  - Vai me bater Vlad? - Perguntei com a voz amarga e angustiado ele acariciou meu rosto com a mão.
  - Eu não quis dizer isso, eu não vou tocar em você pra te bater, já falei que o que aconteceu ontem foi... Foi uma perda de controle. - Ele disse e um nó se formou em minha garganta, então Vlad saiu da sacada voltando pro quarto. Deslizei as costas na parede e me sentei no chão, aos poucos comecei a chorar, chorar silenciosamente, olhando pra paisagem da sacada, eu não sabia o que eu estava sentindo, estava tão confusa, sentindo medo, raiva, insegurança, ódio, mágoa, eu queria abraçar Vlad naquele momento e chorar abraçada nele, chorar até me acabar e depois cair no sono, mas me contive, eu não ia me render assim tão fácil. Vlad é um canalha! Enxuguei as minhas lágrimas e me levantei do chão, eu preciso ser forte, uma mulher forte não se rende. Ajeitei a roupa e voltei pro quarto.
  - Vlad - Chamei e ele que estava deitado se sentou na cama, estava mais pálido que o normal, e suava ainda mais, a ponto de sua regata estar colada ao peito, e ela ainda estava cheia de sangue.
  - Estou aqui. - Respondeu e eu fui até o guarda roupa.
  - Eu vou tomar um banho, - Comecei a explicar - Se você passar mal ou precisar vomitar, dá um grito que eu venho te ajudar. - Falei e ele ficou pensativo por um instante.
  - Isso quer dizer que, se eu te chamar você vai sair pelada do banheiro e com o corpo todo molhado só pra me socorrer? - Perguntou arqueando uma sobrancelha e abrindo um sorriso malicioso. Corei no mesmo instante ao tentar imaginar a cena.
  - É óbvio que não! - Retruquei pegando toalha e roupas - Eu vou por um roupão ou uma toalha! - Falei enrubescendo ainda mais e Vlad se levantou da cama e veio em minha direção. Não é por maldade mas, ele estava tão sexi que eu não resisti em morder meu lábio. Dava vontade de bater nele de tanto que eu me sentia atraída. Ele pegou algo no guarda roupas e entregou na minha mão. Olhei pra baixo e vi o roupão.
  - Não esquece o roupão então. - Disse provocativo, e minha pele arrepiou com sua voz grossa.
  - Para com isso! - Falei e ele me encarou desentendido abrindo um sorriso.
  - Parar com o que? - Perguntou e eu sai de perto dele indo pro banheiro.
  - De ser canalha - Falei e então acrescentei - Nem parece que você está com um veneno mortal correndo por suas veias! - Logo após minhas palavras Vlad ficou sério.
  - Como assim veneno mortal? - Perguntou sério.
  - Calma, vão achar um antídoto ou sei lá o que e você não vai morrer.... - Falei e vi o rosto de Vlad ficar menos rígido então só de maldade acrescentei - Eu acho... - E entrei no banheiro trancando a porta.
  Tirei a roupa, coloquei minhas coisas num canto e entrei no box, liguei o chuveiro, a água quente descia pelo meu corpo com suavidade me fazendo relaxar, depois de tudo, nada melhor que um bom banho.
  Depois de cerca de dez minutos, alguém bateu na porta.
  - Luciana abre essa porta, eu acho que vou vomitar as vísceras! - Gritou Vlad apreensivo e eu desliguei o chuveiro e vesti o roupão o mais rápido que pude e abri a porta, Vlad passou por mim cambaleando e foi pra privada vomitar, me aproximei pra ajudá-lo, mas eu realmente não fazia idéia do que fazer. Me ajoelhei ao seu lado e Vlad soluçou, ele estava chorando de dor...
  - Vlad... - Chamei seu nome colocando minha mão em suas costas, tinha sangue pra todo lado, a boca dele estava suja e ele estava vomitando sem parar, seus olhos estavam com cores fora do normal, de repente ele parou de vomitar e se afastando da privada, se sentou no chão, apoiando as costas na parede, abraçou as pernas e começou a bater os dentes tremendo. O que eu faço pra ajudar?!!
  - Luciana sai daqui e tranca a porta! - Gemeu de dor abraçando as pernas com mais força - Acho que vou me transformar...! - Gritou e soltou as pernas socando o chão com força, me levantei assustada, então ele começou a gritar de dor, enquanto seus ossos se quebravam e contorciam dentro de sua pele. Sai do banheiro e tranquei a porta por fora, fiquei encostada na porta, escutei alguns barulhos, gritos de dor e então tudo ficou um silêncio agoniante, só a minha respiração era auditivel em todo o quarto. Até que de repente algo tremendamente forte deu uma pancada na porta, quase cai pra trás e um grito escapou dos meus lábios com o susto. A coisa bateu de novo, de novo e de novo, cada vez com mais força, ia quebrar a porta! Recuei um passo pra trás, será que ele vai quebrar a porta?!! Meu coração não parava quieto, batendo forte e insistentemente. O silêncio predominou o quarto pela segunda vez. Eu dei mais um passo pra trás, temendo o que estivesse por vir, e um estrondo me fez fechar os olhos com força, quando abri tinha um lobo cinzento na minha frente, a porta estava partida no meio e eu estava prestes a desmaiar de susto e medo e mais um turbilhão de sensações que me tomou naquele momento. Será que é hoje que eu vou morrer?!!

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