por Henggo
REGRAVAÇÃO DO CLÁSSICO DA BANDA "TEARS FOR FEARS", Gary Jules deu à "Mad World" (Mundo Louco) uma interpretação bem mais intimista e profunda, algo que intensificou o sentido do tema relativo ao modo de viver atual, cheio de controvérsias e propenso a isolar as pessoas. Diferente da original (mais dançante e com rifs eletrônicos), esta nova versão conta com o canto sutil e o acompanhamento do piano, elementos capazes de fortalecer a mensagem passada pela letra.
"[...] When people run in circles
It's a very, very mad world [...]"*Quando as pessoas correm em círculos / É um mundo muito, muito louco
Quando deparei-me a primeira vez com essa música (no filme cult "Donnie Darko") eu tinha 13 anos. Lembro-me de ficar hipnotizado pelo tom soturno dos acordes e, mais ainda, ao prestar atenção à letra. Em uma fase de transformações, com problemas acontecendo, angústias, lembranças e rebeldias, "Mad World" parecia espelhar as ideias da minha mente.
"[...] All around me are familiar faces
Worn out places
Worn out faces [...]"
*Tudo a minha volta são rostos familiares / Lugares desgastados / Rostos desgastados
A correria do dia a dia, os conhecidos pelas ruas sempre sem tempo de parar e conversar, as salas de aula cada vez mais impessoais (com alunos conduzidos à toque de caixa em busca de resultados melhores), pessoas em um ciclo infindável de trabalho-casa-trabalho....
Não é peculiar como uma canção escrita há 35 anos ainda ressoe tantas verdades?
No "mundo louco" de hoje, somos obrigados ao sucesso, à felicidade, à muitos amigos, à estarmos sempre informados sobre tudo e sobre todos. Criou-se um medo do estar sozinho, do olhar-se no espelho; do tirar um tempo para ouvir os próprios pensamentos. E o interessante de "Mad World" é que a letra traz um personagem rejeitado por ter essas características – algo recorrente àqueles incapazes de se encaixar nos padrões.
Afinal, quem nunca se sentiu perdido em nossa sociedade?
Quem nunca se sentiu angustiado pelas pressões da busca desenfreada pela grandiosidade quando, por vezes, o que queremos é apenas sentar no sofá e ser feliz?
Quem nunca se sentiu sozinho no meio da multidão?
Porém, uma coisa é certa: quanto mais envelheço, mais chego à uma conclusão de que ser o esquisito é muito, muito mais legal. 😊
***
TRECHO MARCANTE:
"[...] And I find it kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I'm dying
Are the best I've ever had [...]"*E eu acho meio engraçado / Eu acho meio triste / Os sonhos nos quais estou morrendo / São os melhores que já tive
*
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Projeto "Vamos Conversar" (1ª Temporada)
Non-FictionQuais questões te incomodam? Quais ideias podem ser aplaudidas? Por que? Como? Onde? Com quais propósitos? Quem é você? Quem somos nós? Para onde vamos? O que está acontecendo? Somos bilhões de vidas envoltas em perguntas; bilhões de mentes question...