Livros que viraram filme.

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A culpa é das estrelas - John das Green.

Não sou formada em matemática, mas sei de uma coisa: existe uma quantidade infinita de números entre 0 e 1. Tem o 0,1 e o 0,12 e o 0,112 e uma infinidade de outros. Obviamente, existe um conjunto ainda maior entre o 0 e o 2, ou entre o 0 e o 1 milhão. Alguns infinitos são maiores que outros... Há dias, muitos deles, em que fico zangada com o tamanho do meu conjunto ilimitado. Eu queria mais números do que provavelmente vou ter.

"Wagner, quero ler esse livro, o que devo fazer?"

Você quer ler "A culpa é das estrelas"? Bom, reserve lenços de papel e prepare-se para rir, chorar e torcer do primeiro ao último capítulo.

Bom, caro amigo leitor, poderia escrever o texto de hoje apenas munindo-me de frases deste maravilhoso livro de John Green. Frases sábias, profundas, marcantes, inspiradoras! (Põem aí mais uns dois adjetivos, amo eles).

"A culpa é das estrelas" é um daqueles livros impossíveis de serem lidos apenas uma vez. Há como não apaixonar-se por Hazel e Gus? Há como não rir, suspirar e torcer para que o amor entre eles sobreviva (ou que ao menos o casal sobreviva)?

Meu coração, só por reavivar as lembranças desta história magnifica já se despedaça, e os cacos são moídos e reduzidos a pó que uma tempestade de sentimentos carrega para longe de meu peito dolorido. Confesso que muito relutei a ler esta obra de John Green, mas logo na primeira pagina devorada não consegui mais largá-lo de lado. Precisei mergulhar de cabeça; necessitei urgentemente rir com a forma irônica como a personagem narra sua lastimada existência.

Há quem repudie a obra de Green, considerando-a uma insensível zombaria àqueles que sofrem e agonizam, vitimas do mal chamado câncer. Porém, caro leitor semanal, longe de mim dizer oque é certo e oque é errado, mas não devemos misturar o conteúdo de um livro com a personalidade do seu escritor. Se "A culpa é das estrelas" tem uma narrativa bem-humorada, para não dizer "zombadora", isto reflete a forma como a personagem Hazel Grace vê o mundo. Assim como J. Green conferiu à sua criação o dom de ver sempre o copo meio cheio, a poderia ter feito como uma menina deprimida, sem vontade de viver, ou uma patricinha vaidosa que não aceita estar morrendo... sim, Hazel estava morrendo... Mesmo assim o bom-humor continuou lhe sendo característica. Nós que fechamos a cara e praguejamos a vida com um mero pisão no pé ou quando nos servem uma coxinha fria devemos aprender com Hazel e sorrir mais, agradecer mais, viver mais...

"Mas Wagner, você não vai falar do filme?"

Vou sim, meu amigo. É comum que venhamos a criticar adaptações cinematográficas por estas não manterem-se fieis ao que seus criadores lançaram às paginas dos bons livros, contudo, tentando ser breve e sucinto, o filme atendeu às minhas espectativas. Recomendo-o, mas apenas depois que vossa senhoria tenha salgado as paginas do livro com boas lágrimas.

Senhor, dê-me serenidade para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar as que posso modificar, sabedoria para reconhecer a diferença entre elas. (Pg 16, ed. Intrínseca, 2012).

Amigo(a), vamos refletir além das páginas do livro. Quantas crianças e adolescentes vivem diariamente a dor dos personagens deste livro? Já paramos para pensar naqueles pequenos guerreiros e suas famílias? Sim, em suas famílias, pois como escola Hazel "só tem uma coisa pior que bater as botas a bater os dezesseis anos: ter um filho que bate as botas por causa de um câncer" (Pg 14 e 15, ed. Intrínseca, 2012).

Em uma analise desta obra podemos chegar muitas vezes à conclusão que a vida é cruel, má e ceifeira. De fato, como alui a personagem, um dos efeitos colaterais de se estar morrendo é a depressão. Me diga, companheiro(a), que guerreiro no auge da peleja contra a morte não olha para o lado e não chora com a ideia de poder ao final da existência ser uma "granada"? Eu choraria. Todos temos amores nesta vida. Pessoas que não queremos ver tristes. O que seriam destes queridos companheiros de vida se tivessem de nos ver partir? Que filho não chora com a perda de uma mãe; e que mãe não priva-se de um pedaço de si com o descer de um filho à sepultura? Mas se há algo importante em todo o livro de John Green é a apresentação de um remédio capaz de combater os efeitos colaterais de se estar morrendo; a apresentação de um prazeroso motivador para que nossos impávidos guerreiros continuem a avançar rumo à vitória, rumo à vida!

Conselho: se tem vergonha de chorar em publico não leia o capítulo VINTE E CINCO em tais ambientes... Ele é garantia de lágrimas certas; um furacão capaz de desolar o mais duro dos corações. Enfim, "Eu aceito, Augustus. Eu aceito".

"Amiguinho que escreve para o Livros que viraram filme, vamos conversar hoje?"

Claro, amigo leitor, vamos conversar: John Green nos apresente em "A culpa é das estrelas" diversos ensinamentos e reflexões, mas a que cravou mais fundo em meu peito está nas primeiras páginas do livro. Por mais que neguemos, temos medos. Nas primeiras páginas da obra analisada, dentro do coração de Jesus, após uma pergunta de Patrick, Gus assume que seu medo é "ser esquecido".
E você, leitor, tem algum medo? E se tem, qual é?

Vamos conversar?

Projeto "Vamos Conversar" (1ª Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora