Entrevista @ferrugemverde

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Por RainbowLost

O nosso entrevistado é o @ferrugemverde , autor de O Cheiro da Rua, Nós Líricos e Cachorro que lê.

 

1) Fale um pouco sobre você (nome, idade, coisas que gosta...)

Meu nome completo é José Artur Castilho e eu vivo em Belém do Pará desde o dia em que nasci. Tenho 20 anos de idade e gosto de muitas coisas, mas nada supera a leitura e a escrita (isso engloba também o trabalho que desenvolvo na universidade com educação inclusiva e comunidades tradicionais).

 

2) Quando começou a escrever?

No dia seguinte à leitura do livro "Raul da Ferrugem Azul", da Ana Maria Machado, o primeiro que li na vida – aos oito anos de idade. Eu fiquei emocionado demais com a possibilidade de contar histórias. Foi terminar o livro dela e começar a escrever os meus. Tenho ainda hoje os caderninhos daquela época.

 

3) Alguém incentivou seu amor pela leitura? Se sim, quem?

Minha irmã, sem dúvidas. Passamos horas a fio conversando sobre livros, ideias, teorias...

 

4) Sobre o que falava a primeira história que você colocou no papel?

A primeira de todas foi aos oito anos. Uma fábula sobre um porquinho guloso que comia o bolo do próprio aniversário antes do "parabéns" e acabou engolindo a vela acesa. Resultado: ficou com queimação HAHAHAHA; Depois disso eu escrevi muita coisa nos caderninhos que ainda mantenho guardada e pretendo revisitar, mas em termos "oficiais" eu digo que O Cheiro da Rua é o meu primeiro livro.

 

5) O que te inspira a escrever?

Uma resolução interna de retratar as pessoas ao meu redor para além daquilo que se vê. Eu sempre observei demais, pensei demais, senti demais a presença das pessoas. Escrever é uma forma de compartilhar toda essa carga perceptiva que eu carrego dentro de mim, é uma forma de descarregar todo esse peso e liberar mais espaço. Ou seja: quanto mais eu escrevo, mais eu tenho o que escrever.

 

6) Ler ou escrever? Por quê?

Atualmente: ler, pois não consigo fazer os dois ao mesmo tempo. Quando estou lendo, não consigo escrever. Quando estou escrevendo, não consigo ler. Vai do momento. Já concluí a escrita de "O Cheiro da Rua" e atualmente estou numa fase leitora. Seguirei assim antes de mandar o texto para a revisão e voltar a trabalhar nele mais um pouco.

 

7) Como surgiu a ideia de escrever O cheiro da rua?

Vixi! Longa história. Mas vou tentar resumir: eu sempre fui um grande apaixonado pelas ruas. Sempre me interessou demais perceber o comportamento humano quando sai de casa e, sobretudo, quando volta a ela. Inspirado nisso, escrevi um conto sobre um garoto que não conseguia sair de casa de jeito nenhum e, quando o fez, enlouqueceu. O título do conto era "Edmundo sem mundo" e foi esse o título oficial da história durante um bom tempo. Entretanto, na hora de expandir essa ideia, uma coadjuvante-quase-figurante (a Odília) ganhou muito corpo e força. A Odília é fruto dessas longas sessões de observação que eu realizo todos os dias e, como não trabalho com roteiros, eu deixei a personagem livre para se desenvolver sozinha diante dos meus olhos. A história passou por muitas versões antes de se tornar o que é hoje. Das mais de 300 páginas, sobraram 78.

 

8) Quanto tempo, em média, você leva para desenvolver uma história completa? 

Como eu tenho apenas "O Cheiro da Rua" finalizado, minha média ainda está péssima: quatro anos.

 

9) Um livro.

A Hora da Estrela, Clarice Lispector.

 

10) Um autor nacional.

Clarice Lispector

 

11) Um autor estrangeiro. 

Victor Hugo

 

12) Defina literatura em um palavra e explique-a.

Honestidade.
Literatura, e eu posso aqui expandir o conceito pra todas as manifestações artísticas, só toca se for honesta. Acredito que, quando lemos um livro, nos tornamos amigos íntimos de quem o escreveu, pois tivemos acesso ao que de mais honesto e limpo habitava dentro do autor. Sem honestidade, não há toque, não há emoção, não há encantamento, não há confusão, não há crescimento.

 

13) Em sua opinião, qual o papel da literatura na sociedade?

Exerce um papel fundamental quando se revela um exercício poderoso de empatia. Viver outras vidas e sentir outras dores que não as nossas são experiências transformadoras.

 

14) Deixe um recado para seus leitores.

Eu só posso dizer que amo compartilhar um pouco do meu mundo com cada um de vocês. Um teórico da pedagogia diz que "um texto não existe fora do suporte que permita sua leitura" e eu endosso. Não existiria Odília e Edmundo se não existisse gente atenta e sensível do outro lado da tela. Cada capítulo publicado é um pouco de mim que se vai e passa a integrar a realidade de quem me lê, isso é incrível. É libertador.

 

15) Indique um livro imperdível (do Wattpad).

Meu preferido atualmente é Dias Vermelhos, da @erikasbat . Uma ficção histórica muito bem escrita e pesquisada que se passa em um período pouquíssimo explorado. O trabalho dela é sensacional.

Obrigada pela entrevista! Nós adoramos te conhecer melhor.


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