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Notas da Autora

Pelo nome do capítulo vocês já sabem que vai ser sofrido né? Desculpa gente, se fosse possível eu apagaria esse dia da minha memória, e creio que vocês também fariam isso, mas tive que escrever. Foi doloroso, e se eu quisesse podia ter pulado essa parte ou mudado o resultado do jogo, mas no próximo capítulo vocês vão entender o porque eu não fiz isso ;)
Boa leitura, espero que gostem :*

                                                        *Narrado por David*

Dia 08 de Julho de 2014, semi-final, Brasil x Alemanha.

Estávamos em fila, esperando o momento de entrar em campo para um jogo que seria no mínimo complicado. Durante cinco jogos, a seleção brasileira fez seu papel - com futebol bonito ou não, alcançou as semifinais. Porém, no jogo anterior fomos surpreendidos com uma lesão sofrida por Neymar. Não só nós mas o Brasil inteiro ficou em choque com a gravidade da lesão, e o pior, as consequências de ter que enfrentar a parte mais difícil do Mundial sem o nosso melhor jogador. Os corações verde-amarelo agora se dividiam entre tristeza e aflição, mas eu posso afirmar com toda a certeza do mundo que ninguém sofreu mais que o Neymar ao ter seu sonho interrompido. Então decidimos entrar em campo com a camisa 10, mostrando que jogaríamos por ele.

Entramos em campo, um á um, e a torcida vibrava. Cantamos o hino nacional mas dessa vez foi diferente. Por um minuto aquela voz ensurdecedora da torcida se transformou em um som abafado, e eu só conseguia ouvir meu próprio coração, que batia mais forte que nunca. Eu olhava para aquela arquibancada lotada com pessoas que depositavam toda a sua fé em nós, em mim, e percebi que esse seria o dia mais difícil de toda a minha carreira. Eu seria o capitão, o responsável por uma seleção sem seu melhor jogador e emocionalmente abalada. O responsável pelo sonho de toda uma nação. Preparado ou não, eu seria o responsável.

O jogo começou, com todos em campo muito apreensivos. Mas o Brasil conseguiu permanecer no gramado do Mineirão e dominou o jogo durante os primeiros 3 minutos, e ficamos por exatos 9 minutos sem levar um gol. Então a primeira bomba explodiu, gol da Alemanha! Todos ficaram surpresos pela rapidez do time, mas tentamos levar aquilo na maior normalidade possível, aliás, uma vez ou outra isso acontece. Porém não fazíamos ideia que a partir daquele instante, se iniciaria o maior vexame da história do futebol brasileiro.

Treze minutos depois, quando Klose pegou rebote de seu próprio chute, e nenhum defensor brasileiro esboçou reação, começava a maior goleada sofrida pelo Brasil na história, e os seis minutos mais desesperadores do futebol brasileiro em todos os tempos. Daquele gol de Klose ao de Khedira, aos 29 minutos, por quatro vezes a Alemanha conseguiu entrar na área brasileira e tocar para o gol de Júlio César sem dificuldade alguma. Toni Kroos fez os outros dois, para pela primeira vez em Copas o Brasil levar cinco gols no primeiro tempo de um jogo.

Torcedores brasileiros que pagaram até R$ 1.320 (preço do melhor setor do estádio) para acompanhar a semifinal entre Brasil e Alemanha começaram a deixar o Mineirão logo após o 3° gol alemão, feito por Toni Kroos, aos 24 minutos de jogo, e pouco á pouco era notável o número de pessoas deixando o estádio.

No segundo tempo, mais dois gols, como se brincasse, com Schürrle. Sem dificuldades, a Alemanha desperdiçou chances como se não quisesse marcar. Aos 45 minutos, Oscar fez o que chama de "gol de honra". Talvez a única palavra que não possa ser usada para descrever o que o Brasil teve neste dia.

A maior goleada sofrida pelo Brasil em qualquer jogo era, até então, um 6 a 0 sofrido para o Uruguai na Copa América de 1920, disputado no Chile. A última derrota em casa do Brasil em jogo oficial havia sido também no Mineirão, em 1975, para o Peru: 3 a 1 na Copa América.

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