O meu meio irmão

Boys Will Be Boys

Primeiros dias são sempre assustadores, pelo menos pra mim.  Eu estava nervosa por começar a faculdade em um país completamente diferente, onde eu não conhecia ninguém. Tomei um banho e troquei de roupas várias vezes até acertar. Coloquei uma maquiagem simples, arrumei minha bolsa e chequei o relógio, estava um pouco atrasada então apressei.

Como se todo aquele nervosismo já não fosse ruim o bastante, tive o azar de não conseguir um táxi assim tão fácil. Era engraçado pois se via um táxi a todo momento nas ruas de Paris, mas parece que hoje o mundo resolveu conspirar contra mim. Opa, olha que legal, a Gabi vai começar a faculdade em um país que ela não conhece ninguém, vamos ferrar com ela!

Depois de tanto tentar, consegui. Dei o endereço para o motorista e ele me levou até lá. Era mais longe do que eu esperava, e isso ajudou a me atrasar ainda mais. Finalmente chegamos, eu o paguei e desci. Olhei para aquele prédio imenso, respirei fundo e entrei. Fiz a identificação na portaria e uma moça me levou até a secretaria. Lá eles checaram meus dados e uma senhora me lembrou que eu estava atrasada. Jura?

Em seguida a moça me levou até minha sala. Uma professora explicava matéria quando eu abri a porta, e todos me olharam em silêncio. Por um momento lembrei de quando comecei o Ensino Médio. Era a mesma sensação ...

Pedi licença e procurei um lugar. Aquela sala lotada ficou em silêncio e me encarando até eu me sentar, o que me deixou morrendo de vergonha. Ótimo jeito de começar hein, Gabi?

                                                                      [...]

O primeiro dia na faculdade não poderia ter sido pior. Parecia que todo mundo já tinha seu próprio grupo de amigos, onde não entrava ninguém, e por isso eu ficava sozinha o tempo todo, sem ter ninguém nem pra perguntar. Imaginei como no Brasil seria diferente. Então comecei a entender o que era moda ... Um mundo onde é cada um por si. Como se isso já não fosse o suficiente, as matérias não eram nem um pouco fáceis.

Cheguei no hotel e me joguei na cama, estava exausta. Minha cabeça estava quase explodindo e meu estomago roncava de fome, mas resolvi primeiro tomar outro banho bem quente e demorado para aliviar aquela tensão. Quando terminei  coloquei uma roupa quente e confortável. Ainda estava me vestindo quando a campainha tocou, era David. Ele estava usando aquela faixa larga, que eu aprendi a gostar, pois dava pra ver seu rosto melhor.

- Oi. - ele me deu um beijo. - Imaginei que estivesse com fome e trouxe isso. - disse ele mostrando uma sacola.

- Você é um anjo. - peguei a sacola e ele entrou. - Eu tô morrendo de fome.

Nos sentamos no sofá e eu olhei dentro da sacola. Era um hambúrguer, um dos meus favoritos, e eu imediatamente dei uma mordida enorme.

- Como foi o primeiro dia na faculdade? - perguntou ele.

- Não poderia ter sido pior. Vai ser mais difícil do que eu pensava...

- Moda é assim tão difícil?

- Não é a matéria, é o ambiente lá que é complicado. Eu não conheço ninguém e todo mundo é muito frio, fica quase impossível ter amigos lá.

- Calma, é seu primeiro dia. Pra que essa negatividade toda? - ele riu. - Já já você se acostuma.

- Sei não... A vida é mais difícil quando você não é o David Luiz.

- Qualquer coisa eu apareço lá pra te ajudar. - ele sorriu e beijou o topo da minha cabeça. - Já arrumou as malas?

- Ai, meu Deus! Ainda tem isso ... - falei quase chorando.