Luiz

2.8K 139 13
                                    

 

Gabi P.O.V

- Manu, quantas vezes eu vou ter que te falar que seu irmão não é uma boneca? - falei depois de estranhar o silêncio dela e a achar maquiando Benjamin.

- Eu só estava brincando. - ela se justificou.

- Maquiagem não é pra brincar. - peguei Benjamin. - Imagina o trabalho que vai ser limpar o rosto dele agora.

Estava indo em direção ao banheiro quando me esbarrei com Nicolas, que chegava da escola.

- Ei, sem correr na escada! - o adverti.

- Toma. - ele me entregou um bilhete.

- O que é isso? - coloquei Benjamin no chão e abri o bilhete.

- É um convite pro papai.

- Pro papai? - fiquei curiosa e comecei a ler.

"Senhores pais ou responsáveis, venho por meio deste bilhete comunicar que seu filho, Nicolas Calebe Emboaba Marinho, apresentou problemas de comportamento hoje e por isso ficou sem ir para o intervalo. Ele se envolveu em uma briga com um colega de classe, comportamento que não é tolerado dentro de sala de aula. Por favor, tomar providencias para que o mesmo não venha acontecer novamente. Esperamos contar com sua compreensão. Atenciosamente, Coordenação."

Quando terminei de ler, Nicolas já tinha subido as escadas, provavelmente já sabendo o conteúdo daquele bilhete. Respirei fundo e cocei a cabeça. Eu reconhecia que Nicolas era um menino levado, mas se envolver em uma briga? Ele nunca foi uma criança agressiva, mas vindo dele, achei melhor dar atenção para aquilo. Afinal, muitas vezes aquele garotinho já tinha me surpreendido com coisas que eu achei que ele não seria capaz de fazer.

Percebi que Benjamin também já não estava mais ali, e já tinha ido correndo atrás do irmão para brincar. Então subi as escadas novamente para tirar aquela história a limpo.

- O que você disse que era esse bilhete mesmo? - perguntei ao entrar na sala de jogos, um espaço feito especialmente para as crianças, onde ficavam todos os seus brinquedos e onde eles passavam a maior parte do tempo.

- Um convite pro papai. - ele respondeu sem tirar os olhos do castelo de lego que ele e os irmãos montavam para depois destruir com uma batida de carrinho de controle remoto.

- Engraçado, porque aqui diz que você se envolveu em uma briga com seus colegas e ficou sem intervalo.

Ao ouvir isso, ele imediatamente virou pra mim com uma expressão surpresa no rosto, como de quem tinha sido pego. Depois de 3 segundos sem reação, ele deu um sorriso forçado sem mostrar os dentes, coisa que ele fazia sempre que tinha que assumir que estava errado.

- Eu entreguei o bilhete errado. - ele disse com o sorriso no rosto.

- Vem aqui. - falei.

- Ah não, mamãe. - ele resmungou.

- Eu disse pra você vir aqui. - repeti com a voz firme.

Nicolas se levantou e veio até mim. Peguei em sua mão e o levei para fora do quarto. Sempre que era preciso repreender uma das crianças, eu achava melhor fazer isso á sós, longe dos irmãos. Assim as chances deles serem sinceros era maior, pois não tinha o que temer já que estava só eu e ele.

Me abaixei para ficar na altura de seus olhos.

- Eu vou te dar uma chance de me contar o que aconteceu, mas você sabe que a mamãe percebe quando você está mentindo, então se mentir vai ficar de castigo. Eu já sei o que aconteceu, mas quero ouvir de você a história toda. Me promete que vai contar a verdade? - ele assentiu. - Então eu confio em você. Pode começar, o que aconteceu na escola?

O meu meio irmão Onde histórias criam vida. Descubra agora