O dia

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                                                             *Narrado por David*

Quinta-feira, 12 de Junho de 2014. Primeiro jogo da Copa, Brasil x Croácia. O dia chegou.

Acordamos e fomos tomar café. Assim que terminei, me levantei e voltei para o quarto sem comunicar a ninguém. Fechei a porta, dobrei os joelhos e fiz uma oração, mas não como todas as outras, essa foi especial. Entreguei o jogo nas mãos daquEle que tudo pode, pois Ele não erra. Porém meu lado humano permanecia um pouco inseguro. Sim, nós havíamos nos preparado e fechamos a Copa das Confederações do melhor jeito possível, o Brasil derrotou a Espanha na final por 3–0 e conquistou seu quarto título da Copa das Confederações, sendo o terceiro consecutivo, após vencer as edições de 1997, 2005 e 2009; e claro, sem NENHUMAderrota. Ou seja, é uma ótima fase para a seleção. Mas assim como o personagem bíblico Davi, eu também aprendi a sempre entregar tudo nas mãos de Deus e depender 100% dEle. Ele nunca me decepcionou. Aliás, não importa quão forte você ou seu time seja, não devemos nos gloriar nas nossas forças e sim nEle (Jeremias 9.23-24). Então orei assim:

"Senhor, meu Deus, meu Pai. Eis-me aqui perante Ti mais uma vez, Te peço perdão pelas minhas falhas e pelos meus pecados. Eu fui ensinado a nunca depender de mim mesmo, mas de Ti, e Tu nunca falhaste em nada. Então venho aqui Te pedir que hoje, quando entrarmos em campo, que o Senhor esteja com cada um de nós. Desde já Te agradeço pois sei que Tu és maravilhoso e tens um plano pra tudo. Se for da Tua vontade que não ganhemos esse jogo, nos ajude a entender e a aprender com isso. É isso que eu Te peço, em nome do Teu Filho Jesus, amém!"

Ao abrir os olhos vi Bernard, que antes não estava ali, ajoelhado ao meu lado. Eu sabia que ele não tinha o costume de orar, então provavelmente estava ali só me acompanhando. Abri um sorriso e o abracei de lado, ainda ajoelhado, dando um beijo em seu rosto.

- Eaí pequeno. - baguncei o cabelo dele pra ele perceber que eu havia terminado a oração.

- Ah, oi. - abriu os olhos. - Você saiu sem falar nada, aí a gente veio te procurar e te viu orando.

- Você tava orando também? - perguntei.

- Não, eu não oro. Mas eu achei meio falta de reverência né, sei lá. Você tava falando com Deus e eu ia ficar só de longe olhando... Igual aquele filisteu ali. - ele apontou para a porta, mostrando Oscar que estava encostado na ombreira com os braços cruzados e sorrindo.

Nos levantamos e eu fui falar com ele.

- Eaí filisteu. - sorri e dei um beijo em sua cabeça.

- Tava todo mundo te procurando, mas eu sabia que ia te encontrar aqui. - falou ele e saímos do quarto.

- David, vem ver o que o Fred vai fazer! - Marcelo apareceu gargalhando como sempre e me puxou para uma sala onde Fred dava cantadas ridículas em uma camareira e tentava faze-la deixar ele a beijar, enquanto os meninos riam a deixando sem graça. Realmente a situação era engraçada, e eu não pude deixar de rir junto.

- Fred não perdoa ninguém. - comentei para Oscar, que estava ao meu lado.

- Perdoa sim. Tipo, eu sei que é brincadeira e tudo mas sempre tem aquelas mulheres que não são pra brincar assim. Minhas irmãs por exemplo, ele nunca tentou nada com elas porque elas não são assim... - começamos a conversar baixinho, enquanto os meninos riam e zoavam entre eles.

- Você que pensa. - era pra ser um pensamento, mas acabei falando em voz alta, sem medir as consequências daquilo.

- Como assim? Eu que penso que elas não são assim, ou eu que penso que ele não perdoaria elas? - ele perguntou olhando em meus olhos.

O meu meio irmão Onde histórias criam vida. Descubra agora