Futuro incerto

2.6K 126 16
                                    

David P.O.V

Por quanto tempo o fantasma dos seus erros pode te perseguir? Durante o dia depois da noite de traição? Em todas as vezes que você diz "eu te amo" e sua consciência te acusa? Durante 5 anos?

Eu estraguei tudo. Minha mãe sempre dizia que a verdade sempre vinha á tona. Eu havia colocado meu amor em jogo por uma noite, e agora corria o risco de perdê-la. Não havia sensação pior do que a de vê-la chorando e saber que eu era o motivo. De estar debaixo do mesmo teto mas tão distantes.

Um atentado. Talvez era assim que eu poderia chamar o que fiz. Sem saber, naquela noite eu havia cometido um atentado contra o futuro do meu casamento e família. Agora a mulher que eu mais amava e desejava por perto sentia nojo de mim.

Eu resolvi dar espaço á ela, e quase uma hora depois daquela conversa ela saiu. Não disse pra onde ia, mas levou as crianças. Talvez tivesse ido se encontrar com Belle para que pudesse desabafar.

Cada minuto depois disso eu era torturado pelos meus pensamentos. A culpa me fazia entender a vontade que tem os suícidas.

Eu encarava um porta-retratos com nossa foto quando ela entrou no quarto. Estava com uma aparência horrível, não havia vida em seus olhos, e parecia caminhar com as ultimas forças que tinha. Assim como quem se machuca gravemente e não sente a dor imediatamente, a dor da traição parecia tê-la anestesiado.

Ela parou ao me ver sentado na cama, mas depois veio em minha direção e se sentou ao meu lado. Ficamos calados nos primeiros segundos, e aquilo era ensurdecedor.

- Você namorou com ela em Londres... - ela disse fracamente enquanto encarava a parede na sua frente, como se tentasse entender.

- Sim.

- E porque a criança só tem 5 anos? Você tinha um caso com ela todo esse tempo?

- Não, foi só uma noite. Ela estava em Paris e...

- Quando exatamente? - ela me interrompeu.

- Você estava em Londres com o Nicolas, trabalhando na semana de moda. Nós não conseguíamos conversar sem brigar.

Ela ficou calada por um instante enquanto encarava o chão, depois olhou pra mim.

- Porque? - ela perguntou quase em um sussurro e  com lágrimas se formando em seus olhos. - Porque você fez isso? Você sempre me fez sentir como se tudo o que você precisava estivesse em mim. Porque fez tanta questão de lutar por nós quando na nossa primeira crise você fraquejou e passou por cima de tudo que somos?

- Todos nós fazemos besteira quando estamos de cabeça quente. Algumas maiores que outras. Você foi embora, e eu fui burro o suficiente pra me deixar levar pela emoção.

- Porque ela? Eu sempre me senti ameaçada pela Sara, mas porque ela?

- Eu não sei.

Mais uma vez o silêncio tomou conta, mas por pouco tempo.

- Como você conseguiu viver esse tempo todo escondendo isso? Porque não me contou antes?

- A verdade é que eu nem me lembro direito o que tinha acontecido naquela noite. Eu havia bebido, e como não sou acostumado não é preciso muita coisa pra me deixar inconsciente. Eu acordei e ela já não estava lá, então eu optei por acreditar que nada havia acontecido.

- Mas aconteceu. E agora?

- Hoje pela manhã eu fui fazer o exame de DNA. Nossas amostras já estão no laboratório, e o resultado sai em 5 dias.

O meu meio irmão Onde histórias criam vida. Descubra agora