Eu quero você de volta, eu quero nós.

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David P.O.V

A Copa América caminhava para o fim, e a seleção brasileira até agora tinha dado seu jeito pra permanecer na disputa. Entre altos e baixos, esse era mais um jogo na tentativa de amenizar o desgosto da Copa do Mundo. Dunga decidiu não me escalar como titular, e eu fiquei acompanhando o jogo no banco. Não sei se isso era uma desvantagem, já que entrar em campo com a camisa brasileira tinha um peso enorme desde 2014. Afinal, era por causa desse peso que eu vinha enfrentando um estresse sem tamanhos desde que a Copa América começou. Entre o jogador que o Dunga queria que eu fosse fora de campo e as críticas que eu recebia da mídia por um jogo de quase 1 ano atrás, tinha a única pessoa que era afetada por isso, o zagueiro maluco cabeludo.

Sobrou paciência para o Brasil no primeiro tempo. Os primeiros 15 minutos foram de bom toque de bola e tranquilidade. O Paraguai chamou o time de Dunga para o seu campo, e os brasileiros foram. O gol marcado por Robinho mostrou isso. Sem pressa, a Seleção abriu o placar a partir de uma bonita troca de passes. Daniel Alves, com mais um bom cruzamento na Copa América, deixou o santista em condições de marcar. Só que o gol fez o time diminuir o ritmo. E diminuiu demais. O Paraguai gostou e se assanhou, mas a vantagem foi mantida até a chegada do intervalo. Os problemas do Brasil aumentaram no segundo tempo. Como fizera contra a Argentina na fase de grupos, o Paraguai mudou o jeito de jogar. Passou a ser agressivo, cansou de jogar bolas na área brasileira e aí virou drama. Foi num lance assim que Thiago vacilou, confundiu futebol com vôlei, basquete ou qualquer coisa que se jogue com as mãos, e deu um tapa na bola. Aí já era: pênalti e empate paraguaio. Eu levei as mãos na cabeça e pensei "de novo não", lembrando que ele repetiu o mesmo erro que cometeu no  PSG, diante do Chelsea, pelas oitavas de final da Liga dos Campeões da Europa. Mas nesse mesmo jogo ele marcou um pênalti como se estivesse corrigindo o erro que cometeu, e eu tinha a esperança que ele fizesse o mesmo contra o Paraguai. Houve um momento em que parecia que a vaga seria deles no tempo normal, mas por sorte o tempo passou rápido.

O jogo foi para os penaltis. Fernandinho abriu para o Brasil e fez. Osvaldo Martínez empatou. Everton Ribeiro mandou para fora de um jeito inacreditável. Victor Cáceres, do Flamengo, colocou o Paraguai na frente. O capitão Miranda foi lá e marcou o dele. Bobadilla não vacilou e manteve os 100% do Paraguai. Douglas Costa foi lá e isolou, lembrando aquela turma de 2011 que deu vexame também contra os paraguaios. Roque Santa Cruz tinha a chance de decidir, mas foi outro que jogou por cima do travessão. Frio, Philippe Coutinho marcou o dele e deixou o Brasil respirar por aparelhos. Só que Derlis González desligou tudo. Brasil eliminado.

Não foi tão silencioso quanto num jogo de tênis, mas o clima no estádio Ester Roa Rebolledo bem que lembrou o jogo da bolinha amarela. Foram quase 29.276 pessoas nas cadeiras, quase todo mundo chileno. Em vários momentos o público ficou caladinho. Nem o “Chi-chi-chi-le-le-le...Viva Chile!” empolgou. Mas a coisa mudou na segunda etapa. Com a disposição e o empate do Paraguai, eles decidiram apoiar a equipe de Ramón Díaz. Após a decisão por pênaltis, gritos de "fuera" para a Seleção de Dunga.

A seleção brasileira saiu de campo mais uma vez humilhada. Não era um 7-1, mas toda derrota tinha um gostinho de Alemanha desde então.

- Cara, não bateu na minha mão, eu não senti! - Thiago dizia no vestiário. - Me diz se você viu alguma coisa. Se você disser que viu eu acredito em você, mas eu não senti eu juro!

- Calma, isso não interessa mais. O que eu vi foi um monte de cara pulando pra tirar a bola da área, mas o juiz deu penalti e já era. Acabou pro Brasil.

- Muito bem, Thiago! - Dunga colocou a mão em seu ombro com um sorriso ironico. - Ótimo jogo!

- No jogo contra a Honduras o culpado foi o David, contra a Colombia foi o Neymar por ter ficado nervoso, hoje sou eu. Porque você não para de procurar alguém pra apontar o dedo e culpar, e tenta treinar seu time como uma equipe? - Thiago falou alterado.

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