Laços

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A semana de férias no Brasil foi incrível! Como eu sentia saudade da nossa pátria. Mas infelizmente tinha acabado e era hora de voltar pra casa. A despedida era ainda pior quando eu lembrava que essa provavelmente seria a última vez que minha mãe ia me ver grávida, pois devido á gravidez ser de risco, eu não poderia mais viajar de avião nos próximos estágios da gestação pelo fato dela estar mais avançada e eu precisar de um cuidado maior.

Com o coração partido, nos despedimos de todos a agradecemos pela ótima recepção, incluindo o chá de bebê surpresa e todos os presentes. Parte de mim queria ficar ali com todos eles, mas infelizmente nem sempre podemos fazer o que nosso coração quer.

Depois da dolorosa despedida, fomos para o aeroporto e passamos por toda a parte burocrática.

- Já tô com saudade deles ... - comentei enquanto observava pela janela o avião decolar.

- Eu faço isso há anos e sinto a mesma coisa toda vez. - disse David, dando um beijo na minha cabeça que estava em seu ombro. - Com o tempo você só se acostuma com o aperto no peito, mas a dor não diminui.

- Minha mãe disse uma coisa que eu achei interessante. - olhei pra ele. - Como vamos fazer para o bebê estar sempre em contato com as avós? Ele vai ter que crescer longe delas?

- A gente leva as duas pra morar lá em Paris. - ele brincou.

- Amor, é sério. Fiquei com tanta dó quando minha mãe disse que já era difícil ficar longe da primeira neta, agora serão dois netos e mesmo assim ela não terá a chance de vê-los crescer de perto.

- Eu sei, eu também queria que minha mãe estivesse por perto vendo cada fase dele. Mas infelizmente não tem nada que a gente possa fazer. O meu contrato com o PSG é de 5 anos, então nesses próximos 5 anos teremos que morar lá. Mesmo assim elas podem ir passar alguns dias conosco e vice-versa. Não é a mesma coisa, mas pelo menos elas terão algum contato com ele né.

- Ah mas isso seria umas 3 vezes por ano. Cada vez que elas o ver ele estará maior.

- Que nada, a gente pode fazer chamada de vídeo uma vez por mês pelo skype pra elas acompanharem o crescimento dele.

- Não sei se vai ser o suficiente. Sem contar que as viagens ao Brasil serão raras devido á sua agenda de jogos.

- Se eu não puder ir sempre, você pode ir sozinha com ele só pra ele criar esse laço com elas. É importante a criança ter laços com o resto da família, mesmo que ele more em outro continente.

- Se depender dessas duas vovós babonas ele terá um laço fortíssimo com as duas, e será muito mimado também. - falei.

- Verdade. Já consigo imaginar as duas brigando no berçário pra ver quem vai segurar ele.

- No berçário?

- Sim. Estava pensando em pagar a passagem pra elas virem quando estiver pertinho dele nascer, assim elas podem te ajudar nas primeiras semanas e durante a fase de resguarda. Eu li que as mulheres ficam aproximadamente 1 mês sem poder fazer muito esforço e precisam de ajuda. Principalmente as mães de primeira viagem.

- Tá sabendo direitinho hein?

- Andei fazendo o dever de casa. - ele piscou e eu ri.

- Amor, você disse que vamos morar pelo menos durante os próximos 5 anos em Paris,  ele já vai estar grandinho quando  a gente sair de lá. Então o primeiro contato que ele vai ter é com a cultura francesa, certo? - David assentiu. - Ele vai aprender a falar em francês então? Já que ele vai crescer em um país onde essa é a língua oficial.

O meu meio irmão Onde histórias criam vida. Descubra agora