O meu meio irmão

Eu guardei o melhor de nós

Notas do Autor

Volteeeeei!
Mil perdões por ter demorado tanto, mas acreditem, fiz o meu melhor
Como pedido de desculpas, trouxe um capítulo enorme e que particularmente, eu amei escrever esse capítulo

David P.O.V

Naquele culto o pastor Nelson conversou comigo e me deu alguns conselhos sobre o que eu estava passando. Falou o que já era de praxe: “vocês são muito jovens”, “começaram uma família muito cedo”, “estão aprendendo a conviver em um casamento” e etc. Mas além disso ele falou outras coisas que me edificaram bastante, e também me fizeram perder o sono, pra variar.

Voltamos pra casa bem tarde. Thiago ficou acordado esperando Belle chegar e eu fui para o quarto. Ele me fez prometer que não ficaria me “matando por dentro” pensando em tudo o que aconteceu, e ao invés disso, tentaria dormir e deixar pra pensar nisso com calma no dia seguinte. Eu o prometi, pois ele já estava preocupado demais com essa situação, mas a verdade é que o sono passou longe de mim naquela noite...

Nem lembro como foi exatamente quando me peguei tão envolvido nela. Sei que foi rápido, de um jeito que nunca havia sido antes. E isso me assustou, óbvio. Lidar com os meus sentimentos nunca foi um problema, até ela aparecer. Com os cabelos loiros e corpo cheio de curvas, com aquele sorriso irritantemente perfeito que vinha seguido de uma risada doce toda vez que eu terminava uma frase. Era bem óbvio que aquilo podia ser perigoso. Eu acho que ainda tenho medo do que o efeito que ela tem em mim causa. E precavido como sou, as vezes tinha aquela vontade de fugir como um covarde, só pra não entrar tanto na dela que depois não saberia voltar mais pra minha. É que eu sempre soube como me achar e sempre me conheci muito bem. Mas aí ela mudou tudo, até nesses detalhes. Eu achava que sabia exatamente quem era, do que precisava e do que queria. Até que me achei completamente perdido nela, e de repente nada mais fazia certeza. Ela me encontrou de uma forma que nem eu sabia que era possível. Eu que sempre fui o cara que ia atrás e fazia acontecer, que sempre trabalhava pelo que queria, me apaixonei pela garota mais mimada que eu já conheci. A garota que era acostumada a ter uma muralha em sua volta, construída por pessoas que a amam demais para vê-la sofrendo. A garota que era acostumada a ser protegida de tudo, e com um um sorriso e um jeito doce que só ela sabia falar, conseguia fazer com que todos fizessem a sua vontade.  Ela era de longe a mulher que eu imaginava me apaixonar perdidamente um dia. Mas ao mesmo tempo, era a única que me fazia querer abrir mão de tudo pra tê-la ao meu lado, e a única capaz de me deixar em um estado de completa rendição. Ela ainda me confunde e isso é o que me assusta mais. Ela tem trocentos defeitos e quer saber a pior parte? Eu não consigo lembrar de nenhum deles agora. Sei que ela oscila e dá pra trás graças a sua instabilidade constante, e mesmo que suas mãos não sejam grandes, elas parecem gigantes quando ela teima em deixar elas longe das minhas.

FLASHBACK ON

Ao entrar no quarto, senti o cheiro do perfume que Gabi usava. Ela provavelmente havia dormido ali. Aquilo de certa forma me fazia sentir bem, como se ela ainda tivesse lá, mas ao mesmo tempo fazia meu coração apertar mais ainda pela ausência dela. Tomei um banho bem quente e demorado, e desejei que aquilo pudesse lavar minha alma também, levando toda tristeza e culpa ralo á baixo.

Depois do banho mais demorado da minha vida, onde passei mais tempo pensando do que realmente tomando banho, vesti uma calça moletom e fiquei sem camisa. Me joguei na cama e fiquei ali, encarando o teto por alguns instantes, enquanto meu celular não parava de vibrar. Olhei para a mesinha ao lado, onde o celular estava, e decidi não olhar para nada nas redes sociais tão cedo. Ao invés disso o desliguei, e era isso que eu desejava fazer comigo, me desligar do mundo por alguns dias. Voltei a encarar o teto, e tive os pensamentos interrompidos quando alguém bateu na porta. Ignorei a primeira vez, mas a pessoa tornou a bater e eu resolvi abrir.