Luiz (Parte 2)

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Gabi P.O.V

- Chega! - falei com a voz firme. - Você não tem o direito de falar assim com o papai. Eu entendo que você está triste, mas não é culpa dele! Ás vezes a gente ganha e ás vezes perde, é a vida.

Nicolas olhou para o chão.

- Não chora, Nick. - disse Manu, enxugando as lágrimas do rosto do irmão.

- Pede desculpa pro papai. - falei. - O jeito que você falou com ele foi muito feio.

Ele enxugou o rosto mais uma vez, agora calmo. Em seguida abraçou David.

- Desculpa. - ele disse enquanto enterrava o rosto no ombro do pai.

- Tudo bem. - David disse com uma voz branda. - De vez em quando, até os campeões tem que perder. Mas isso não muda o fato que eles ainda são campeões.

Nicolas desvencilhou seu corpo de David.

- Eu te amo, tá? - David disse olhando em seus olhos e tirando seus cachos do rosto. - E eu estou muito orgulhoso de você. - ele deu um beijo em sua testa. - Mas chega de tristeza, que tal a gente ir dar um passeio pra esquecer esse jogo?

- Eba! - Manu se empolgou.

- Vamos? - David se levantou e estendeu a mão para Nicolas.

- Vamos. - ele respondeu, mas ao invés de pegar na mão de David, saiu correndo.

Aquele era meu garoto. Tristeza não combinava nem um pouco com o coração alegre que ele tinha, por isso a tristeza nunca permanecia por muito tempo.

- Ei, me espera! - Manu disse e saiu correndo atrás do irmão.

Benjamin viu os dois correndo e foi atrás também, no seu próprio ritmo, que nem se comparava com o dos irmãos.

- Não fica chateado, é só uma criança lidando com a frustração. - falei envolvendo meu braço pela cintura de David conforme saíamos da sala. - Se nós que somos adultos muitas vezes não sabemos controlar nossas emoções, imagina as crianças.

- Eu sei... - ele disse, em um tom meio triste.

- Não é sua culpa. Ele não quis dizer nada do que ele disse, só estava colocando a raiva pra fora. É difícil pra ele entender, mas vamos admitir que essa foi somente a primeira vez em que as pessoas vão cobrar dele só porque ele é seu filho. Isso ainda vai acontecer muitas vezes durante a vida dele, é fato. Então quanto mais cedo ele aprender a enfrentar isso, melhor.

- Você não está chateada por isso?

- Claro que não. - eu sorri. - Que culpa eu tenho se o pai dos meus filhos e homem da minha vida é o melhor zagueiro que existe?

Ele sorriu de lado.

- Esse seu poder de conseguir me acalmar nas piores situações só vai melhorando com o tempo. Foi assim que eu me apaixonei por você pela primeira vez, e é por isso que eu continuo me apaixonando todos os dias.

Um sorriso largo se formou em meu rosto, e eu não pude evitar a vontade de beijá-lo.  Ele, como sempre, não aceitou que aquele beijo fosse só um selinho e quando eu pensei em me afastar, ele colocou uma mão em minha cintura e me puxou para perto de seu corpo, prolongando o beijo. David era um romântico assumido, e apesar dos muitos anos, ele sempre dizia coisas que fazia meu coração bater mais forte.

Antes que aquilo virasse uma pegação em uma escola cheia de crianças, eu interrompi o beijo, afastando nossos corpos. Assim que nos afastamos demos de cara com Manu, que estava parada na nossa frente com os braços cruzados e cara fechada.

O meu meio irmão Onde histórias criam vida. Descubra agora