Capítulo 77

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Fala galerinha, 

Capítulo do meu lindo Príncipe <3 

Espero que vocês aproveitem!!

-Ice

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Escuridão, seria clichê dizer que estou acostumado com ela, todos estamos, todos temos que conviver diariamente com a escuridão dentro de nós e nela eu o esperava.Ouvia seus passos se aproximando da sala escura, loucos e desengonçados como o próprio, parecia dançar no ritmo da própria mente, tão sã e tão perturbada.O ranger da porta denunciava sua chegada, e a luz, enfim, proporcionava a penumbra pela sala que logo deixou de ser escura e era possível ver uma fina camada de fumaça pelo lugar.


O som alto de um tiro percorreu rapidamente a sala, o cheiro da pólvora queimada preencheu o lugar e a fumaça que saia da arma antiga se dissipou rapidamente.

— Você errou. — Afirmei imóvel ainda sentado na poltrona vermelha de que tantas vezes sentei para reuniões no submundo que chamavam de país das maravilhas. – Imaginei boas vindas mais receptivas, e admitamos, seria muito chato se tudo acabasse assim, só não sabia que estava tão desesperado.

Pude ouvi-lo resmungar e decidi espera-lo tomar a decisão que ele, obviamente, tomaria.

— Está atrasado pro chá, Chapeleiro.

Ele se sentou à minha frente e colocou a pistola sobre a mesa, ela era uma interessante mistura de madeira e metal, devia ter cerca de centenas de anos.

— Aprecio seu gosto por coisas antigas. — Comecei. — Elas são realmente, como posso dizer, intrigantes, são os alicerces da sociedade, contudo, diante desta afirmação complemento que certas coisas devem se manter no passado.

— Imagino onde você quer chegar com isso. — Responde o Chapeleiro.

— Shhhhh. — Reclamei pondo um dedo na frente do bico da máscara. — Se sabe onde chegaremos porque a pressa? Não é melhor apenas aproveitar o momento?

Ajeitava minha coroa lembrando de todos os sentimentos que supria por aquele homem, ou seja, nenhum, não se pode sentir algo por alguém que você não conhece e eu não o conheci, ninguém o conhecia.

Levanto-me da cadeira para continuar meu monólogo para o Chapeleiro.

— Vocês foram sim muito importantes para o mundo, a sociedade atual é apenas um reflexo dos seus Fundadores, suja, amargurada, insegura, completamente insana. — Digo sorrindo por baixo da máscara para ele.

Ouço-o segurar novamente sua arma, mas antes saco minha pistola e acerto sua mão.

— Eu não faria isso se fosse você. — Digo balançando a cabeça em negativa enquanto ouço seus gritos de dor. 2 balas. — Logo, logo essa dor vai passar, não se preocupe.

Suas narinas dilatavam e seus olhos me fuzilavam de ira enquanto ele segurava a mão enrolada em suas roupas pomposas.

— Afinal, esse é um dos efeitos do ópio, ele bloqueia alguns sensores nervosos impedindo o sentimento de dor. — Sua expressão mudou rapidamente da raiva para a surpresa. — Você casou muito sofrimento, Chapeleiro, e apesar de não ser a favor da tortura acredito que justiça deve ser feita, apenas morrer não seria o suficiente para você, seria? Colocar uma bala por esse seu chapéu ridículo seria um alívio para você, ir para a escuridão que você tanto ama.

Aproximei-me dele, vendo em seus olhos que a droga já estava começando a surtir efeito, seu rosto relaxava começando a surgir um sorriso.

Seus gritos começaram a se transformar em uma risada anasalada, uma simples sensação de felicidade.

Sento na mesa ao seu lado e puxo seu rosto para cima pelo queixo, para que ele me encarasse.

— Quando seu subconsciente começar a implorar, enquanto seu lado de fora sucumbirá à uma risada infinita, a uma insuportável felicidade, apesar da fome e da dor, só quando você não aguentar mais a agonia de ver seu corpo morrendo enquanto você sorri, só então você morrera e será a pior sensação da sua vida.

Encarei seus olhos uma vez mais, ele ainda não tinha perdido sua consciência, ainda estava ali, podia me ver e me entender, e apesar de tudo, era prazeroso ver que ele lembraria até seu último momento de que ele havia perdido sua coroa para O Príncipe.

Larguei seu rosto e o mesmo pesou para baixo, seu olhar havia se perdido completamente pela mesa e seus lábios eram puxados para cima em pequenas risadas acompanhadas pelo movimento dos ombros.

Sai de cima da mesa e me dirigi até a porta, a grande porta dos fundadores, dei uma última olhada para seus entalhes, para a árvore da vida e como aquela imagem que já me significou tantas coisas agora não significava nada.

Abria-a junto com as gargalhadas do Chapeleiro que se perdiam pela sala e que sumiram completamente com o fechar da porta.

E assim ele morreria, do mesmo jeito que viveu, completamente louco e sozinho.

Ouroboros - A Nova OrdemOnde histórias criam vida. Descubra agora