Então galera, novo cap.
Só isso mesmo.
-Ice
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Não sabia que o vazio podia ser tão sufocante, a sensação de mover-se e não ir a lugar algum era enlouquecedora. Lutava utilizando de todas as minhas forças para subir, mas algo continuava me puxando para baixo.
10 minutos.
10 minutos é o tempo médio para alguém morrer debaixo d'água, mas antes de perder a consciência eu tinha no máximo dois. Estiquei os braços e tentei alcançar alguma coisa, o lugar era estreito, as paredes que me rodeavam eram encrustadas de pedras. Eu conhecia o lugar, era o poço dos desejos, Chalice Whell.
Tento fincar meus dedos nas frestas que se encontravam entre as rochas, mas o desespero começa a me preencher ao mesmo tempo que a água preenchia meus pulmões. Numa tentativa inútil arranho desesperadamente as unhas contra a parede, ao notar que não vai dar em nada começo a bater nas paredes até minhas mãos sangrarem e sangram, mas no meio de um dos golpes imagens começam a preencher minha mente.
Quando se está prestes a morrer dizem que você vê sua vida passando pelos seus olhos, isso era meu cérebro em um momento de desespero me mostrando motivos para continuar vivo. Mas ver Alisha e saber que seria a última vez que eu a veria não me dava forças, me tirava. A sensação era de completa agonia, me afasto da parede e olho para cima, a luz vai sumindo aos poucos e mais uma vez a escuridão toma conta.~
Acordo em pânico, mas ao olhar o meu redor logo me acalmo, estava novamente em meu quarto no Edifício Central, tento pensar na última coisa que eu me lembrasse e começo a tremer ao lembrar do poço. Aperto o meu cobertor e cubro minha cabeça tentando me estabilizar.
Respiro fundo e tiro o cobertor da cabeça ao ouvir a porta abrindo, Zack e Alisha estram no quarto. Alisha corre até a borda da cama e segura minha mão enquanto Zack vira para trás e anuncia animadamente que eu havia acordado.
Faço sinal para Alisha chegar mais perto.
— Que bom. — Sussurro em seu ouvido.
— Por que? — Ela me olha meio confusa, mas não se afastou
—Que eu pude te ver de novo. — Vejo-a corar um pouco, talvez não estivesse esperando por isso, ela se afasta logo quando Zack volta pela porta, junto com Ivan e um homem de jaleco que eu demoro um pouco para entender que é o médico do edifício.
—Está se sentindo bem? — Ele perguntou puxando uma prancheta e uma caneta.
—Estou... o que aconteceu? — Consigo me sentar com as costas apoiadas no final da cama.
— Você foi jogado num poço com uma pedra amarrada no pé. — Ivan respondeu da forma mais cautelosa possível. — Coisa do Príncipe, mas conseguimos te salvar. — Ao terminar a frase ele levou uma cotovelada de leve de Zack. — A Alisha conseguiu te salvar.
Olho para Alisha mas ela estava se escondendo atrás de Zack, me distraio um pouco com a cor marfim das paredes, o marrom da escrivaninha de madeira, o castanho dos cabelos de Alisha.
— Entendeu? — O médico parecia estar concluindo um raciocínio do qual eu não tinha ouvido absolutamente nada, deve ser a falta de oxigênio no cérebro.
— Perdão, pode repetir, por favor? — Peço para o médico que fica ligeiramente ofendido, mas logo relaxa sua expressão facial.
— Bem, você ficou desacordado por 36 horas e ....
— Trinta e seis horas?! O que aconteceu? Algum vídeo do Príncipe? Alguma notícia sobre o baile?
— Sim, muita coisa, não, mas ele andou aprontado, foi adiado devido as travessuras do Príncipe. — Ivan respondeu pergunta por pergunta, acho que é a primeira vez que ele presta tanta atenção em uma conversa. — Mais alguma pergunta?
— Não no momento. — Respondo tentando assimilar as respostas.
— Bem, basicamente você deve ficar um tempo de repouso. — O médico me encarou por um tempo. — Tem certeza que está se sentindo bem? É raro alguém passar pelo que você passou e não ter sequelas.
— Estou bem, qualquer coisa eu entro em contato. — Isso soou um pouco mais rude que o esperado.
— Está bem então, mas não hesite em me contar nada. — Ele saiu do quarto e logo Ivan puxou uma cadeira e Zack começou a falar.
— Então, sobre o Príncipe, você perdeu algumas coisas...
Zacarias, Ivan e Alisha começaram a contar sobre os assassinatos e as pistas que tinham a ver com contos mitológicos, a polícia que associou eles a comparsas do príncipe e mostraram as diversas reportagens que passaram no tempo que eu havia sumido. Após algumas horas Ivan e Zack se retiraram.
Quando estávamos sozinhos Alisha se levantou e chegou perto de mim, nós nos olhamos por um tempo até que eu levei um tapa no rosto.
— Nunca mais me dê um susto desses! — O tapa foi acompanhado de um abraço e de lágrimas. — Eu achei que você tinha morrido, tipo assim, umas três vezes.
Consigo dar umas risadas.
— Me desculp... — Sou interrompido, dessa vez não por um tapa, mas por um beijo, por um momento eu pude jurar que meu coração batia mais rápido que quando eu estava me afogando.
Depois de alguns segundos, quando ela afastou o rosto, nós ficámos nos olhando por um tempo e começamos a rir, até que paramos e fizemos novamente. Minha mente ficara completamente em branco e a única coisa que parecia real eram seus lábios tocando os meus, sua mão tocando minha nuca e quando parávamos para respirar, sua testa tocando a minha.
Quando a lua preencheu o quarto eu estava suado, minhas roupas estavam espalhadas pelo quarto, Alisha estava dormindo na minha cama e eu encarava perdidamente a cidade de Londres pela janela do quarto. O rio Tâmisa serpenteava a paisagem que mesclava o moderno com o antigo, tanta coisa havia acontecido, tantas pessoas haviam morrido, tanto havia mudado, mas a paisagem continuava a mesma, imponente, inalterada, o palco das maiores histórias do mundo e a minha havia começado.
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Ouroboros - A Nova Ordem
Science-FictionHumanidade. O que isso significa? Guerra resume a história da humanidade. Destruição resume o seu avanço. E humanidade resume o fim de tudo. Começada em 2047, a Terceira Guerra Mundial não começou com religião, como muitos acreditavam que s...