Capítulo 83

542 90 15
                                    

Fala galerinha!!!

Obrigado pelos 20k de views, vocês são incríveis e o que nos dão cada vez mais vontade de escrever!!!!

Espero que aproveitem o cap!

-Ice

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Encarava uma carta dançando em meus dedos, enquanto andava na recente escuridão que tomava conta de Londres.

Enquanto os ponteiros do relógio se arrastavam até às vinte e duas horas, as casas já começavam a cair em um silêncio assustador e apenas poucas almas ainda caminhavam pelas ruas de uma cidade fantasma.

Contudo, edifícios brancos continuavam a iluminar a noite, os hospitais permaneciam abertos e funcionais vinte e quatro horas por dia.

As portas automáticas abriram-se ao detectar de minha presença, rompendo o frágil silêncio do toque de recolher. Ao entrar também não fui percebido, a maioria dos pacientes olhava desolados para o chão lustrosamente branco da sala de atendimento.

Aproximei-me vagarosamente do balcão de recepção onde peguei as informações das quais eram me necessárias, o número do quarto de Melicent Von Bihen.

Esperei de forma paciente que as portas do elevador abrissem para mim, de certa forma tudo em um elevador me incomodava, desde as paredes metálicas que delimitavam o espaço apertado até o espelho que lembrava as pessoas de que elas estavam doentes.

Durante o trajeto uma senhora carregando um bebê entrou no elevador, ela nem me notou, mas a criança sim.

Acredito que tenha achado minha máscara engraçada pois logo abriu um sorriso desdentado e colocou sua minúscula mão em meu bico, e com esse gesto abri um pequeno sorriso e senti minhas bochechas enrubescerem.

É, apesar de tudo que fiz, continuo sendo um ser humano.



Em não muito tempo cheguei aos temporários aposentos da senhorita Von Bihen, bato na porta sem um ritmo específico e abro-a logo em seguida.

Noah Campbell encontrava-se largado em uma poltrona, os olhos fechados e a respiração profunda, provavelmente sonhando com um mundo melhor, por outro lado Melicent estava bem acordada, com o jornal do dia em suas mãos.

— Bem fotogênico você. —Ela disparou mostrando-me minha foto na capa do jornal. — Acho que seria mais sem a máscara.

— Talvez não da forma que você gostaria que eu fosse. — Digo girando a carta em meus dedos e me aproximando de Noah.

— Ei, dá um tempo, sem tentativas de assassinato no meu quarto. —A garota continuou enquanto eu deixava a carta ao alcance de Noah.

— Não acho que você poderia fazer muito contra mim no momento. — Respondo respirando fundo. — Sorte a sua de não ter vindo com tal objetivo.

— Qual objetivo então? — Ela questionou abaixando o jornal e levantando uma sobrancelha. — Cadê as minhas flores de melhoras ?

— Eu não desejaria minhas flores se fosse você, elas são para a cura de outra doença. — Digo voltando meu olhar para ela. — Vim terminar os preparativos para nosso próximo jogo.

— Qual a sua ligação com a Alice? — Ela perguntou após alguns segundos quando eu me dirigia até a porta.

— Não sei se fico magoado pela sua falta de interesse nos meus assuntos com seu namorado ou se fico impressionado com sua curiosidade. — Respondo-a abrindo a porta.

— Ele não é meu namorado, mas não precisa ficar com ciúmes, você pode ser. — A garota disse com o ar arrogante de sempre. — Mas o coração da Alice ia quebrar, ela fala muito de você.

— É realmente uma pena. — Digo abaixando a cabeça. — Ver todo esse potencial desperdiçado ainda tentando ser igual a morte.

— Não quero ser igual à ninguém, quero ser melhor. — Melicent respondeu depois de raciocinar um pouco. — Sou transparente, não me escondo atrás de uma máscara ou uma tela.

— Todos nos escondemos atrás de algo, Meli. — Encaro a porta esperando sua próxima resposta.

— Sabe o que é o pior? —  Ela perguntou dando uma risada e levantando o jornal, me olhando por cima dele.  — Eu realmente simpatizo com você, não quero acertar uma bala na sua testa. Então por favor, não me dê motivos para isso.

— Acredite. — Digo passando pela porta. — Mesmo se eu te der algum motivo, você não vai precisar se preocupar com isso.

Já era o final do dia e as últimas cartas estavam entrando na mesa.

O último jogo estava prestes a começar e a primeira jogada era minha.

Peão para B3.

Ouroboros - A Nova OrdemOnde histórias criam vida. Descubra agora