O oásis das terras vermelhas

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Olá! Bem vindos ao primeiro capítulo!

Alguns esclarecimentos importantes:

* muitos dos nomes dos deuses egípcios conhecidos hoje em dia na verdade são os nomes gregos que eles ganharam depois de alguns anos de contato com os gregos. Para se situarem melhor, usarei a versão do nome mais conhecida (que é a grega na maioria das vezes).

* tento tratar aqui nessa fic vários momentos históricos e fatos da mitologia egípcia, no entanto, algumas dessas coisas não possuem consenso ou possuem mais de uma versão válida mas que não se encaixam (por exemplo, existem versões que Anúbis é filho de Osíris e outras em que ele é filho de Set). Logo, vou usar a versão que eu achar melhor pra fic ou a mais famosa.

* a aparência da maioria dos deuses (incluindo o Anúbis) não foi criada por mim e sim usada a em Crônica dos Kane, do Rick Riordan.

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"Quanto às coisas que os deuses odeiam, são atos de engano e mentirosos. Quem passa pelo lugar da purificação dentro da câmara Mesqet é Anpu (Anúbis), que é endurecido pelo cofre que contém as partes interiores de Osíris."

~ Fragmento do Livro dos Mortos

Muito se fala sobre as conquistas e mistérios da civilização egípcia, um Império milenar que floresceu nas margens do Rio Nilo e construiu monumentos que permaneceram a maravilhar e intrigar as pessoas por séculos e séculos, enquanto eram lentamente devorados pelas areias do deserto e do tempo. Ambas afetaram o grande império egípcio levando ao esquecimento muito mais do que somente as cores que adornavam seus monumentos e o idioma que falavam. O império egípcio e seu povo eram profundamente afetados e fascinados pelos seus deuses, centenas de deuses de diversas cores ou até mesmo com partes do corpo de diferentes animais que protegiam, regiam ou condenavam o Egito.

Há muito tempo, antes de o mundo ver duas guerras mundiais, antes de novos continentes serem descobertos, antes de o Império Romano existir, antes das pirâmides serem construídas, as areias do Saara, as águas do Nilo e suas margens pertenciam aos deuses. Os deuses ali viviam cumprindo suas funções na natureza, reinando, lutando ou simplesmente existindo. Dentre eles, existiam quatro irmãos, todos descendentes daquele que havia sido o primeiro governante, o primeiro faraó dos deuses. Tendo assim tanta importância mesmo dentre tais seres imortais, os irmãos viviam em dois palácios, um para cada casal, pois eles praticavam uma relação incestuosa entre si. Esses irmãos eram Osíris, que era casado com Isis, e Set, que era casado com Néftis.

No entanto, só por serem irmãos, não se podia dizer que os quatro se entendiam. Osíris e Ísis de fato se amavam. Osíris era afetuoso com Ísis e também com Néftis, mas tinha muitos atritos com Set. Alguns deuses justificavam que talvez seja porque Osíris era visivelmente o favorito de Geb, o atual faraó dos deuses. Sendo assim, era muito provável que Osíris fosse o sucessor do trono quando Geb o abandonasse. O que, sendo um deus, podia demorar mais centenas e centenas de anos. O motivo, no entanto, ia mais além disso, embora de fato o desejo de Set pelo trono fosse algo a ser incluído. Set era o oposto de tudo aquilo que Osíris representava. Osíris era um deus adorado por todos os outros enquanto Set não. Set era mal, era o caos, a seca, a guerra, o senhor das terras avermelhadas do deserto. Alguém pode usar em defesa de Set o fato de que ele conseguiu casar com a irmã, Néftis. Isso dificilmente seria um argumento. Apesar de as mulheres no Egito Antigo terem total liberdade de pedirem um divórcio, Néftis não o fazia. E não, Set não era um bom marido ou irmão para Néftis. Néftis temia o irmão-marido.

Certo dia, quando o sol queimava forte sobre as areias do Saara, Set havia partido para cumprir seus deveres e resolver eventuais problemas ao lado de Rá, o deus sol. Logo, Néftis se viu sozinha no palácio e ela usou essa oportunidade para correr até o palácio próximo onde a irmã morava. A roupa longa de linho branco da mulher esvoaçava pelo chão de pedra calcária branca enquanto deixava para trás o elegante palácio ricamente pintado com várias cores e cenas que contavam as histórias dos deuses e sustentado e adornado por várias colunas ao atravessar pelo seu enorme portal de entrada de mais de 3 metros, mas que não era nada grande ao se comparar com a grandiosidade total do conjunto.

A Morte Das Areias do SaaraOnde histórias criam vida. Descubra agora