Capítulo 220

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Minha conversa com Rodrigo me deixou mais leve. Voltei para casa e pra variar minha mãe estava me esperando.

- Tudo bem Juliana?

- Tudo bem mãezinha.

- Falou com o Rodrigo afinal?

- Falei sim, aliás falamos. Eu e Ana matamos as saudades do nosso Rod.

- E como ele está?

- Está bem, com muitas saudades de todos.

- E o personagem está fluindo?

- Ele disse que está sim, que está mergulhando na cultura indígena e trazendo o Piatã para a luz.

- Que coisa linda filha, Rodrigo é um homem encantador.

- E eu não sei disso mãe?

- Juliana, é difícil entender porque você e Rodrigo demoraram tanto tempo para se descobrirem se vocês foram feitos um para o outro.

- Isso é algo que eu e o Rod também nos questionamos e não achamos uma resposta a não ser que na época não era pra ser, o tempo certo é hoje, agora.

- Você está muito apaixonada né filha?

- Perdidamente mãe, Rod se tornou essencial pra mim.

- E tenho certeza que você também é essencial para ele.

- Sim e juntos fizemos nossa melhor essência, como Rod mesmo diz nosso presente pro universo.

- Presente pro universo.

- É Dona Cris, é o que o seu genro diz que é o nosso Terceiro Elemento.

- Meu Deus pra vocês essa criança tem cada nome: Terceiro Elemento, Presente para o Universo. Essa criança no futuro pode ter problema de identidade, vocês já pensaram nisso?

- Pode ficar tranquila que essa pessoinha aqui não vai ter nenhum problema de identidade não.

- Vocês é que sabem.

- Sim nós sabemos.

- Juliana você percebeu que se tornou muito dependente do Rod?

- Percebi mãe, principalmente agora com a preparação eu estou surtando de saudades dele.

- Filha no dia que você foi ao aeroporto eu notei que você estava muito angustiada, o que aconteceu?

- Eu me despedi do Rod mãe, como você esperava que eu me sentisse?

- Juliana, sou mãe e sei que não foi só a partida do Rod que te angustiou naquele dia.

- Mãe você tá vendo coisas.

- Estou sim, estou vendo angústia, ansiedade da sua parte que não se devem apenas a saudades do Rod.

- Não adianta querer enganar você.

- Não mesmo, me diga o que houve naquele aeroporto.

- As Judriguetes foram se despedir do Rod, a Clarinha, a Sofia e um grupo de meninas eu já te disse.

- Certo e o que você ainda não me contou sobre aquele dia?

- Não tem mais nada a falar sobre aquele dia.

- Por que será que eu não acredito.

- A senhora não acredita porque é muito fantasiosa.

- Juliana vamos falar sério ok. O que tanto te abalou naquela despedida e não venha me dizer que é a saudade do Rod, não zombe da minha inteligência.

- Tá bom mãe, percebi que minha relação com as Judriguetes vai sempre contar com um fantasma.

- Que fantasma?

- Um fantasma que parece que se tornou eterno: Ju-Ju.

- Juliana tanto tempo já se passou, são as meninas que não esqueceram esse episódio ou é você que não consegue esquecê-lo?

- Não é isso mãe, as vezes eu acho que isso jamais vai ser esquecido, é uma mancha que está lá presente no meu passado.

- Filha quanto mais importância você der para a mágoa das Judriguetes em relação à Ju-Ju mais você vai sofrer. Me diz adianta você se angustiar com isso, não adianta minha filha esqueça, se isso é uma mancha no seu passado cabe a você não deixar que ela aumente, pronto. Vida que segue.

- Mamãe eu...

- Juliana você está muito nervosa, eu vou na cozinha pegar um copo d'água com açúcar pra você.

Minha mãe foi até a cozinha e meu telefone pra variar deu toque de mensagem, apaguei a mensagem sem sequer ler, uma vez que já sabia de cor o que estava escrito. Até quando esse inferno meu Deus.

- Aqui está sua água Juliana, beba tudo.

- Mãe eu não sou mais criança.

- Não, mas você carrega uma criança com você, esqueceu? E você é a principal responsável pelo bem estar dessa criança.

- Mãe eu sei que eu estou nervosa, mas...

- Mas o que Juliana, você vai me contar que você recebeu uma mensagem que pelo visto você já sabia do que se tratava, tanto que você apagou ela sem sequer ler e ficou tão ou mais angustiada do que quando eu saí daqui para buscar esse copo d'água pra você.

- Mãe você viu...

- É claro que eu vi minha filha e agora eu exijo uma explicação: que mensagens são essas que você recebe, porque nós duas sabemos que não é a primeira vez que você as recebe e sempre que elas chegam você fica angustiada, tensa. O que está acontecendo realmente Juliana?

- Mãe, você está vendo...

- Nem ouse terminar essa frase, eu estou vendo sim e pra mim chega Juliana você vai ter de me dizer de uma vez por todas o que está acontecendo. Problema com o Rodrigo acredito que não seja, o que está acontecendo com você Juliana, qual o motivo dessa angústia toda?

- Não mãe, não é problema com o Rodrigo.

- Então o que está afligindo tanto você?

- Já vi que não vou escapar de você não é mesmo?

- Não vai não pode ter certeza.

- Tudo bem Dona Cris eu vou falar, mas já adianto que a conversa vai ser longa.

- Tenho todo o tempo do mundo.

- Certo, então tudo começou...

Minha mãe estava me pondo contra a parede e eu sabia que não teria como escapar dessa conversa, acho que já era hora de desabafar com alguém aquele segredo que regeu minha vida por algum tempo e que agora no presente voltava pra me assombrar.

(Re) Encontros e Descobertas Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora