Reviravoltas Do Destino ( Concluído)

Capítulo Bônus

Tales

Se têm uma pessoa que possa dizer que teve os melhores pais do mundo essa pessoa sou eu, fui um filho esperado, desejado e acima de tudo amado o fruto do amor de Glória Medeiros Dias e Jamal Asad Dias papai foi batizado com o  nome africano do seu bisavô que era filho de rei na África de onde foi tirado ainda criança e trazido para o Brasil em um navio negreiro.

Tive uma infância feliz cresci em um lar simples sem luxo, morávamos em uma cabana pequena, dentro não tinha paredes, os ambientes eram divididos por biombos feito artesanalmente com bambu.

Um lugar modesto, mas era cheio de amor e felicidade, até os meus oito anos vivia em um mundo perfeito e não sabia o que a mamãe e o papai tiveram que enfrentaram para viverem o seu amor.

Morávamos em uma pequena vila de pescadores na Bahia a cidade mais próxima era Arraial D'Ajuda boa parte do dia podíamos dizer que morávamos em uma ilha, quando a maré estava alta só era possível sair ou chegar lá em um barco.

Cerca de 20 famílias moravam no local e éramos literalmente uma grande família vivíamos basicamente do que o mar nos oferecia, depois de dividir o que conseguia com a pesca em partes iguais, o restante era vendido e o dinheiro também era dividido, aquele era o meu paraíso particular até que uma tragédia nos obrigou a sair de lá.

Depois da morte do papai e mais alguns pescadores, permanecemos lá por mais um longo e doloroso ano cheguei a pensar que mamãe estivesse perdendo a razão ela passava praticamente todo o tempo na praia esperando o papai debaixo de chuva, de sol e do orvalho durante a noite, acabou ficando muito doente e quando melhorou nos mudamos para o Estado do Amapá.

Sabia que mamãe estava saindo de lá por minha causa ela queria o melhor pra mim, sempre ouvia ela conversando sozinha abraçada a uma camisa do papai dizia que eu precisava frequentar uma escola normal e ser alguém na vida.

Mamãe dava aula para os filhos dos ribeirinhos e eu é claro também assistia todas as aulas e já tinha aprendido mais coisas que se estivesse em uma escola normal, mas segundo ela isso não era válido que poderia até ter problemas já que a escolinha na Vila não era reconhecida aquelas pessoas estavam esquecidas a própria sorte nenhum órgão público fazia nada para ajudá-los.

Antes de partimos mamãe ajoelhou na areia tinha seu olhar perdido na imensidão do mar pediu perdão para o papai por estar indo embora, falou que ia se esforçar para me transformar em um homem de bem e me preparar para enfrentar a sociedade, fiquei pensativo sobre o que ela falará por que me preparar? O que não sabia que em breve teria minhas respostas.

A minha mamãe disse que conhecia uma pessoa que nos ajudaria, mas que antes tínhamos que ir a outro lugar, pegamos vários ônibus tudo  era novidade pra mim, notava os olhares estranho quando entrávamos nos ônibus, mas não importava até que e um guichê enquanto a mamãe comprava as passagem o vendedor perguntou se eu era realmente filho dela.

Quando a questionei seus olhos se encheram de lágrimas ela me abraçou forte e falou.

- Meu desejo era que nunca tivesse que ter essa conversa com você meu filho, nunca imaginei que sairíamos do nosso cantinho, mas a verdade é que as pessoas não são todas como os nossos amigos da Vila, fazem distinções umas das outras se acham melhores por ter a cor da pele ou classe social diferente.