Vitória
O Eduardo coloca-me na cama e pede para a enfermeira nos deixar a sós, e tranca a porta com chave.
Segundo ele para não sermos interrompidos.
Ele começa meio sem jeito, está visivelmente envergonhado e evita olhar-me nos olhos.
- Meu anjo eu nem sei por onde começar, mas preciso falar sabe. Colocar para fora tudo que senti quando você contou o que tinha acontecido, talvez possa compreender e perdoar a minha atitude.
- Não é necessário nada disso Eduardo. Já o perdoei, vamos passar uma borracha em tudo. Além do mais não..
- Shiii. Por favor, eu preciso.
Ele toca meus lábios impedindo que eu continue.
Não faz mais sentido algum ele remoer essa história depois que o Tiago confessou a verdade.
No entanto vê-lo vulnerável, disposto a abrir seu coração para que eu possa entender tudo que sentiu, me faz ama-lo ainda mais.
Concordo em ouvi-lo e peço que deite ao meu lado, ele atende prontamente e deita com a cabeça apoiada no meu tórax de uma maneira que posso fazer cafuné enquanto fala.
Nos minutos seguinte ele relata com riqueza de detalhes tudo que sentiu, a impotência, a dor, e principalmente a culpa por não ter me resgatado assim que soube onde estava.
E começou a chorar ao confessar que saiu do quarto com tanto ódio no coração, que seguiu diretamente até o CTI, disposto a acabar com a vida do Tiago.
- Já chega meu amor. Eu juro que entendi. Não precisa falar mais nada. Graças a Deus, voltou a razão a tempo e não cometeu uma loucura.
Ele levanta a cabeça, seus olhos estão vermelhos e o rosto todo molhado.
- Quase estraguei nossas vidas, por não conseguir controlar meus impulsos. O que seria de você e nosso filho?
- Tenho medo que algo assim aconteça novamente. Você mais que ninguém sabe como fico descontrolado e irracional.
Antes que eu fale algo, ouvimos baterem na porta.
O Eduardo levanta abre a mesma, em seguida vai para o banheiro.
A dona Diana e a vovó entram e pela expressão de ambas já sabem da confissão do Tiago, mas por alguma razão não falam nada e desconversam ao ver o Eduardo saindo do banheiro.
- Que flores lindas, foi você que comprou para a Vitória Dudu?
A dona Diana pergunta, só então lembro das flores.
- Não mamãe, na verdade foi uma senhora que conheci na Capela do hospital que mandou pra ela.
- Que coincidência, rosas amarelas são as minhas preferidas. Na verdade amo todas as flores amarelas.
- Eu fiquei um tempão lá na Capela esperando a senhora para devolver o celular, e quando retornou ela estava com essas flores e pediu que entregasse para a Vitória.
- Mas quando cheguei aqui o quarto estava vazio, e quase surtei.
- Aliás onde você estava Vitória?
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Reviravoltas Do Destino ( Concluído)
RomanceApós descobrir que herdou um Dom de seus antepassados índios e uma tragédia atingir sua familia , Vitória vai descobrir da maneira mais difícil como as pessoas reagem diante do desconhecido , que o preconceito pode vir de onde menos se espera. Na su...