Capítulo 47 parte 2

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Ao chegar à praia tinha um pequeno barco quase sendo levado pelas ondas que estavam cada vez maiores.

O palhaço boca do coringa correu na frente e evitou que o mesmo fosse levado, o segurando por uma corda.

O outro palhaço e eu continuamos caminhando lado a lado, em silêncio. Ele era alto e forte, um brutamonte assustador. Mesmos assim, em um rompante de coragem, que não sei de onde surgiu, decidi puxar conversa, a fim de encontrar alguma maneira que me permitisse sair daquela enrascada.

- Ei, por que disse lá atrás, que seu chefe tinha planos para o meu namorado, e que ele ia desejar a própria morte?

Ele para de andar, ajeita a peruca, acende um cigarro, parece pensar por alguns segundos antes de responder.

- Bom, não tem maneira mais fácil para falar, então não reclama depois. Ele vira-se na minha direção, da uma tragada forte e sopra a fumaça fetida no meu rosto, em seguida solta a bomba, como se fosse algo banal.

- Você vai morrer, vai sumir do mapa, simples assim gatinha.

Fico completamente em choque com a informação e estaco no lugar, meu coração acelera, minha respiração fica irregular, tudo parece girar a minha volta.

Não restava a menor dúvida que o sonho se tornaria real, a minha morte era questão tempo.

Percebendo o quanto aquela informação tinha me afetado, ele continua com um sorriso perverso nos lábios, mas parece querer contornar a situação e fala bem pausadamente.

- Pelo menos é o que chefe vai fazer toda sua família acreditar. Assustei você né gatinha?

Uma pequena luz se ascende buraco negro sem fundo, no qual sentia que estava caindo, talvez ainda não fosse esse o meu fim.

- Eles não vão acreditar, vão me procurar, e vocês serão presos, tenho certeza.

Meu intuito era gritar a pleno pulmões que minha família não aceitaria a minha morte assim, tão facilmente.

No entanto, minha voz saiu apenas como um sussurro quase inaudível, no fundo duvidava das minhas próprias palavras, e essas dúvidas se transformaram em lágrimas involuntárias escorrendo pelo meu rosto, despertando algo no palhaço horroroso a minha frente.

Ele me analisou por alguns segundos, e por um breve instante, sua postura mudou, ele se aproximou devagar e tentou secar uma lágrima que escorria pela minha face, mas consegui sair do meu estado de torpor e me desvencilhar a tempo, evitando que me tocasse.

- Olha só gatinha, é melhor não alimentar falsas esperanças, as pessoas desaparecidas só são procuradas até que um corpo seja encontrado e reconhecido pela família. O chefe tem tudo muito bem planejado. Sacou, qual é o lance?

Bem que tentei encontrar uma resposta à altura, mas não consegui, meu cérebro estava trabalhando a todo vapor para processar a informação recebida.

Quando enfim entendi o plano, achei melhor ficar calada, não conseguia acreditar em tamanha monstruosidade. Um corpo seria encontrado e minha família o reconheceria como sendo meu. O que me intrigava, era porque ele me revelaria tudo tão fácil?

Talvez pretendesse realmente me matar, e acabou ficando com pena ao ver o meu estado, e inventou essa história.

O lampejo de luz que achei ter visto, transformou novamente em escuridão.

Reviravoltas Do Destino ( Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora