Capítulo 17

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Sentiu gotas frias em seu rosto. Seria um sonho? Não sabia. Sentiu novamente as gotas frias e sua boca se abriu sofregamente para absorver um pouco delas. Quanta sede! Sua cabeça foi apoiada por alguém enquanto um recipiente com água limpa foi colocado em sua boca, e Iana bebeu o quanto pôde. Parte da água escorreu por seu rosto e pescoço, trazendo-lhe uma sensação agradável. Mas tão logo lhe deram água, lhe tiraram.

— Ela não deve beber tanto, está muito fraca — Iana ouviu alguém dizer. Será que reconhecia aquela voz firme de mulher? Achava que sim, mas mal conseguia pensar.

Um pano úmido foi colocado em sua testa, e a sensação foi maravilhosa. Parecia que estava há dias sem água.

— Ela comeu algo esta manhã? — perguntou a mesma voz.

— Acreditamos que ela não come nada desde ontem — disse a voz de Zene.

— É verdade. Não a vimos comer. Ela estava muito agitada — disse Makena. — Mas não posso dizer com certeza por que também cuidávamos de nossas senhoras.

— Entendo.

Iana estava ficando melhor, e já podia mexer alguns músculos da face. A língua, aparentemente grossa demais dentro de sua boca, parecia obedecer melhor a seus comandos.

— Sede...

Mais uma vez sua cabeça foi erguida e apoiada, enquanto um copo foi colocado em sua boca e o líquido precioso foi despejado nela.

— Acho que ela está se sentindo melhor... — disse uma voz masculina que fez todos os sentidos de Iana se acordarem.

— Moisés...? — disse ela com voz fraca.

Uma mão segurou a sua.

— Sim... Estou aqui. Você está na casa de minha mãe Yoquebed. Você ficou muito tempo sem comer nem beber, mas veio ao lugar certo.

Iana abriu os olhos e viu os olhos de Moisés. Foi para sua alma como água no deserto, exatamente a sensação que tivera em seu corpo quando bebera do copo que lhe fora servido.

— Então vocês conseguiram armazenar água... — disse Iana, sentindo-se bem melhor.

— Sim. Fizemos isso antes que os sacerdotes transformassem nossos poços em sangue.

Iana olhou para ele.

— O palácio inteiro está sem água, sem ter como cozinhar e sem muitas opções para comida e bebida. Temos de beber cerveja e vinho, mas isso nos faz sentir mais sede.

Moisés entendeu.

— Como está minha mãe egípcia?

Iana conseguiu sorrir, mas quem falou foi Makena.

— A maldição não a atingiu, senhor.

Moisés franziu o cenho.

— Como isto é possível?

— Quando a sirvo da água que tínhamos armazenada e que se transformou em sangue, e ela toca na taça, o sangue se torna em água e ela bebe normalmente.

— Estou impressionado!

— Acho que isto acontece por causa do que você disse a ela em sua visita — disse Iana pausadamente. — Você se lembra?

Moisés lembrou-se das palavras. Naquele momento, sentiu como se Deus falasse diretamente com ela, e não ele mesmo. Ela não era mais Cairoshel, mas agora era Filha dele. Bithyah.

— Você sabe dizer se há hebreus trabalhando no palácio, Iana?

— Conheço um deles. Chama-se Quenaz, e trabalha na cozinha.

A Princesa de CuxeOnde histórias criam vida. Descubra agora