Moisés partiu de Avaris em comitiva, com alguns dos anciãos e um grupo de mensageiros, direto para o Alto Egito. Ele sabia que ainda não viria nenhuma praga por aqueles dias, pois YHW já lhe dera instruções sobre o assunto. Deixara seu irmão Arão encarregado de avisar, dali a dois dias, aos filhos de Israel sobre o que deveriam fazer durante os próximos dias para se protegerem. Precisava encontrar Iana Urbi o quanto antes, e trazê-la de volta a Avaris em segurança.
A viagem seria feita da forma mais rápida possível. Alugara camelos de um comerciante midianita, amigo de seu cunhado Hobabe, e seguira à frente da comitiva, logo se distanciando destes últimos. Não queria ficar mais tempo que o necessário fora da capital. Além disso, os anciãos e mensageiros seguiriam por dentro do Egito, para dar as notícias e também informar que os hebreus deveriam se concentrar em Avaris durante a próxima semana, trazendo tudo o que tinham, suas famílias, e principalmente seus rebanhos e cordeiros. Enquanto ele viajaria por fora do Egito, pelo Deserto Oriental e Deserto da Núbia, para cortar caminho e chegar mais rapidamente a Cuxe.
Apesar de esse trajeto ser mais curto, não havia oásis onde pudesse fazer paradas. Não que Moisés tivesse algum interesse em parar. Mas talvez seu condutor precisasse fazer alguma parada no caminho para refrescar os animais. De qualquer modo, tivera o cuidado de chamar um viajante estrangeiro para que não tivessem problema algum de viajar à noite. Assim, chegaria ainda mais rápido à Núbia.
***
Iana estava com pressa. Saíra de Kerma ao amanhecer, e já se encontrava bem longe da cidade, no Deserto da Núbia, descendo em direção ao amor de sua existência. Fizeram uma pequena parada para se alimentarem, e já se encontravam novamente em marcha rumo a Avaris. Estava confiante e feliz. Apesar da tristeza de deixar seus pais para trás, pensava no que lhe esperava à sua frente. Estava com saudades de Makena e Zene, da princesa Bithyah, de Yoquebed, Miriam, e principalmente, de Moisés. Queria reencontrar a todos e partir ao lado deles para o desconhecido.
Ao longe podia divisar um homem que viajava sozinho em um camelo. Não era incomum esse tipo de viagem, visto que muitos mensageiros viajavam sozinhos. Mas nunca ouvira falar de mensageiros que viajassem sozinhos pelo deserto, nem mesmo pelo lado oriental. Geralmente viajavam por dentro do Egito, utilizavam barcos para seguirem mais depressa, ou iriam pelo lado ocidental do Nilo, onde havia vários oásis e hospedarias nas quais pudessem se abrigar durante a noite. Aquilo a intrigou sobremaneira. Quem viria ali? Seria perigoso?
Avisou ao líder de sua comitiva, um grande mercador núbio, e a dois soldados núbios que a acompanhavam, presente de seu pai para sua viagem, dispondo de dois homens de sua força particular que não haviam viajado com Aksumai e Taú para Avaris na convocação do Faraó.
Os soldados ficaram em alerta, juntamente com a comitiva, e continuaram a viagem, sempre observando. Não demorou muito ao viajante encontrá-los, e qual não foi a surpresa de Iana, se tratava de um mensageiro trazendo uma mensagem diretamente de Gósen para ela mesma.
— Do que se trata? — perguntou a princesa.
O homem entregou a ela um papiro enrolado. Ela reconheceu a escrita demótica.
— Uma mensagem de Moisés.
O coração de Iana palpitou. Sem demora, leu a mensagem. Era muito clara: Moisés estava vindo, naquele mesmo dia, para Kerma. Ela deveria voltar para junto de seus pais e aguardar sua chegada, pois ele viria para acertar seu casamento com a princesa de Cuxe, e levá-la de volta a Avaris, como tudo deveria ser. Ele não demoraria a chegar, pois viria diretamente pelo deserto, assim como ela estava fazendo.
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A Princesa de Cuxe
Historical FictionUm romance entre uma princesa sem reino acusada de assassinar a rainha do Egito e um príncipe filho de escravos, ambientada no Egito Antigo, no Reino de Cuxe e nos desertos cativantes de além Mar Vermelho. Esta história começou a ser publicada em 13...