Sete dias se passaram desde que Moisés estivera presente no salão do trono. A apreensão tomava conta de Amenhotep e Ramsés, filhos de Ramsés II. Todas as noites não conseguiam dormir, com medo da morte. Não era diferente com todos os primogênitos do Egito, que souberam rapidamente da notícia, propagada pelos hebreus que haviam descido a Avaris. Mas, até o momento, nada acontecera.
Durante este tempo, muitas coisas aconteceram. Iana Urbi chegou à capital no momento em que Aamas era enforcado na praça em frente ao palácio real. Os objetos de ouro e prata doados por egípcios aos hebreus se acumularam no largo, todos protegidos e cobertos por lã, vigiados dia e noite por Menik e seus aprendizes, os jovens que treinavam com ele todos os dias. Entre esses objetos, algumas espadas foram doadas, o que facilitou ainda mais o trabalho do ex-general núbio no treinamento desses jovens. O casamento entre Mered e Bithyah se realizou com festas e danças. E durante todo esse tempo, nenhum hebreu compareceu às feitorias ou aos postos de trabalho. Alguns soldados foram enviados para coagi-los a voltar, mas nenhum deles tinha coragem de enfrentar aqueles hebreus.
Agora era o momento de parar e refletir. Uma semana se passou, sem que colocassem na boca nenhum alimento fermentado. Ao décimo dia do mês de Abibe, três dias depois que iniciaram o jejum de fermento, cada chefe de família escolheu para si um cordeiro de um ano, sem defeito, e o levou para sua casa. E os dias foram se passando.
Os egípcios que souberam do anúncio da Décima Praga ficaram com medo. Mas o Faraó os acalmou. Nada aconteceria. Uma semana se passara sem que nenhum primogênito sequer ficasse doente, nem homem nem animal. Muitos no palácio realmente acreditaram que não haveria praga. Alguns deram crédito ao Faraó, por ter ele poder o suficiente para livrá-los daquele mal. Outros deram crédito a todos os egípcios que fizeram oferendas de ouro, prata e pedras preciosas aos hebreus, agradando o Deus Invisível. E ainda outros passaram a acreditar que os deuses egípcios combateram e venceram o Deus hebreu. Ninguém exatamente sabia ao certo o que estava acontecendo.
Naquele dia, um mensageiro fora enviado de Gósen ao palácio. Era uma mensagem de Moisés a Aksumai. Chegara o momento. Ao crepúsculo, sacrifícios de cordeiros iniciaram-se na vila dos hebreus. Era a hora da ceifa. E também da escolha.
***
Batidas nervosas na porta. A nova serva de Isisnefer foi atender. A esposa do rei estava diante de seu espelho, ornando-se com joias após seu banho no fim do dia. Seu quarto estava totalmente iluminado por inúmeras lamparinas e velas, dando um brilho especial aos seus colares de ouro e pedras preciosas, e aos enfeites de sua peruca, com cordões de ouro e gotas de rubi. Estava realmente deslumbrante.
— Mãe?
Isisnefer virou-se. Era seu filho Ramsés.
— O que quer? Não vê que estou ocupada?
Ele se aproximou.
— Mãe, preciso saber!
Ela suspirou, revirando os olhos e voltando-se novamente para o espelho, escolhendo anéis e braceletes.
— Eu já falei para você, Ramsés. Pare de se preocupar com isso. Seu pai está cuidando de tudo.
— Mas você não me disse nada do que lhe perguntei.
Isisnefer colocou o bracelete que tinha nas mãos em cima da mesa e virou-se para ficar de frente para seu filho.
— Que insistência! Eu já lhe disse a verdade! Você é o primogênito de seu pai! Amenhotep foi declarado sucessor apenas porque era filho de Nefertari, a preferida! Você é o verdadeiro primogênito.
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A Princesa de Cuxe
Historical FictionUm romance entre uma princesa sem reino acusada de assassinar a rainha do Egito e um príncipe filho de escravos, ambientada no Egito Antigo, no Reino de Cuxe e nos desertos cativantes de além Mar Vermelho. Esta história começou a ser publicada em 13...