Moisés guiou o povo a partir da condução da nuvem que os protegia, e logo pararam para acampar próximo a um lago. O acampamento foi organizado, e logo as mulheres desceram para apanhar água e dar água aos animais. Estavam sedentos pela longa marcha. Caminharam três dias pelo deserto de Sur, em busca de água, e só encontraram aquele lago. Não demorou muito para que as reclamações chegassem.
As águas eram amargas, e ninguém podia beber delas, do contrário, seriam envenenados. Alguns hebreus lhe deram o nome de Mara, por causa do sabor das águas. A confusão começou, e logo ficou grande demais para ser contida. A fúria do povo contra Moisés era grande, e a maioria blasfemava, e gritava para voltarem ao Egito, onde poderiam ter melhores condições do que no deserto.
Todos esperavam que Moisés tomasse uma decisão. Em silêncio, em seu coração, Moisés estava desesperado. O que faria para dar de beber a todas aquelas pessoas? Clamou a Deus e, tão depressa quanto falara com Ele, pôde ver uma árvore ali perto.
Menik também estava sedento, e pensou se não deveria ter levado Makena de volta para Cuxe, e firmado residência em Kerma, próximo ao Rei Zaki, ao invés de ter seguido o povo hebreu para um lugar desconhecido. Observou o líder hebreu, e pensou se ele sabia o que estava fazendo. Primeiro, não tomaram o caminho mais curto até Kadesh Barnea. Depois, retrocederam e foram encurralados diante do Mar Vermelho. E agora, depois de andarem por três dias sem beber um gole de água e sem encontrarem nenhum regato ou oásis no deserto de Sur, pararam num lago de águas amargas. Aquela parecia uma liderança fadada ao fracasso.
Observou quando Moisés subiu até a árvore, retirou dela um grande galho e desceu ao lago, jogando-o nas águas.
— Bebam agora! — Bradou Moisés. — As águas estão doces!
E se retirou, sem olhar para trás, sem ver o povo que se lançava no lago e bebia dele as águas mais doces que já haviam provado até o momento. Menik foi um deles, e ficou estupefato com o que havia acabado de acontecer.
Talvez Moisés não fosse um líder ruim. Talvez o Deus de Moisés fosse um Deus que quisesse mostrar ao seu povo que deveria confiar plenamente nele, e usasse dessas situações para provar isso.
Do alto, Moisés voltou-se e viu o povo sedento matar sua sede nas águas de Mara, antes amargas, agora doces.
— Se ouvirem atentos a voz do Senhor, teu Deus, e fizerem o que é certo diante dos olhos dEle, e derem ouvidos aos seus mandamentos, nenhuma doença ou enfermidade virá sobre vocês, das que enviei sobre os egípcios. Pois eu sou o Senhor, que te sara!
A voz de Moisés foi clara, e todos pararam para ouvi-la. Ficaram assim, parados, na forma em que estavam, alguns com as mãos em concha cheias de água no caminho até a boca, e os olhos vidrados no líder. Assistiram ele virar as costas e seguir seu caminho de volta ao acampamento, e só então voltaram ao que faziam.
***
Naquele mesmo momento, em Avaris, no Egito, Ramsés saiu de seus aposentos pela primeira vez desde que voltara sozinho do Mar Vermelho. Retomou suas atividades no salão do trono, e delegou responsabilidades administrativas a Jay.
Entre as pendências que estava a resolver, alguns jovens egípcios se alistaram, antes da idade permitida, para serem militares e serem treinados como soldados, para integrarem o exército egípcio. Ramsés, aconselhado por seus conselheiros e também por Jay, organizou um contingente de treinamento, elevando de cargo os guardas que ficaram em Avaris protegendo a cidade e o palácio e não morreram no Mar Vermelho, para que pudessem organizar um novo exército.
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A Princesa de Cuxe
Historical FictionUm romance entre uma princesa sem reino acusada de assassinar a rainha do Egito e um príncipe filho de escravos, ambientada no Egito Antigo, no Reino de Cuxe e nos desertos cativantes de além Mar Vermelho. Esta história começou a ser publicada em 13...