Capítulo 68

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Ao amanhecer, a grande nuvem se ergueu, e era o sinal para partirem. Os hebreus levantaram acampamento e seguiram em direção ao Deserto do Sinai. Moisés seguia com sua família e também ao lado de Iana. Miriam olhava-a de lado, mas nada disse. Marcharam dia e noite, parando apenas para recolher o Manah ao amanhecer e para fazer as refeições, voltando a marchar imediatamente depois. A viagem durou um dia, uma noite e metade de um dia, e então, finalmente, assentaram-se próximo ao monte.

Iana estava eufórica e ansiosa. Havia chegado ao local onde ela e Moisés se casariam. Agora, era só aguardar a chegada de seus pais. Estava morrendo de saudades deles, ainda mais agora, após a morte de seus irmãos e a realização de que, depois de seu casamento, não mais os veria.

Já se fazia três meses desde que saíram da terra do Egito, mas para Iana parecia muito mais tempo. Os preparativos para o casamento começaram, e ela e Makena se juntaram para deixar tudo pronto. No mesmo dia de seu casamento, Makena e Menik também se casariam. As duas estavam radiantes.

As duas estavam organizando o enxoval quando Zípora entrou na tenda.

— Iana, podemos conversar?

Iana olhou para a recém-chegada, e depois para Makena, que nada disse, apenas se levantou e deixou as duas sozinhas.

— Sente-se — disse Iana, apontando a um banquinho de madeira diante dela.

Zípora se aproximou e se sentou diante da mulher.

— E então? — disse Iana, nervosa.

Zípora suspirou.

— Gostaria de oferecer minha ajuda para os preparativos de seu casamento. Sei que tem muita coisa para fazer, e quero muito ajudá-la.

Iana sorriu.

— Você está sendo sincera?

Zípora também sorriu.

— Claro! Olha, gostaria que você me desculpasse pela forma com a qual falei com você em Refidim. Não vou mentir. Eu não sabia sobre o arranjo entre sua família e Moisés, e fiquei irritada quando o soube de última hora, daquela forma. Fiquei com ciúmes, pois eu e Moisés fôramos só nós dois durante alguns anos, e depois eu dei dois filhos a ele. A possibilidade de vê-lo com outra esposa, de ver outra mulher lhe dar filhos... — Zípora fechou os olhos e respirou fundo. — Mas agora está tudo bem, e quero muito que sejamos boas amigas. Afinal, dividiremos o mesmo lar, as tarefas domésticas, a convivência. Seremos uma única família.

Iana assentiu.

— Fico muito feliz por ter vindo até aqui — disse ela. — Espero que não pense que tirarei seu marido de você. Como você disse, seremos uma única família. E é claro que aceito sua ajuda. Na verdade, vou precisar muito de você. Você já se casou, sabe melhor do que eu os costumes hebreus de um casamento.

Zípora riu.

— Na verdade, não. Eu me casei nos costumes midianitas, lembra? E, além disso, Moisés era uma mistura de egípcio e midianita na época, e não tinha nada de hebreu. Nem mesmo ele sabia direito como eram os costumes hebreus.

— Isso é verdade...

Ao som da voz masculina, as duas se voltaram para a entrada da tenda e viram Moisés ali, parado, sorrindo.

— Moisés! — disseram as duas em uníssono.

— Fico feliz que estejam já se entendendo.

Zípora e Iana se olharam.

— Estamos preparando o casamento —disse Zípora. — Iana é muito jovem, e resolvi dar algumas dicas a ela.

— Isso é muito bom — disse Moisés.

A Princesa de CuxeOnde histórias criam vida. Descubra agora