A chegada da família real cuxita foi uma comoção. Muitos dos hebreus não conheciam o rei e a rainha, que também vieram com outros nobres e príncipes da Núbia e acamparam fora do arraial dos ex-escravos do Egito. Assim que soube da chegada dos pais, Iana correu para falar com eles. E os cuxitas que acompanharam os hebreus também foram, entre eles, Menik e Makena.
— Papai! Mamãe!
O abraço entre Iana e seus pais foi longo. Sorrisos e lágrimas estiveram juntos como amigos naquele momento em que, mesmo no meio de tanta gente, pareciam estar sozinhos. Os acompanhantes na comitiva do rei Zaki e os hebreus presentes apenas observavam. Foi quando Menik percebeu que havia algo errado. Makena estava agitada e segurava sua mão com força.
— Makena?
Ela não respondia. Seu olhar estava vidrado, e o medo em seu semblante era evidente.
— Makena, o que está acontecendo?
— Por favor, Menik, vamos voltar ao acampamento... à nossa tenda... agora, por favor!
Menik normalmente questionaria para saber o que estava acontecendo. Mas a reação de Makena acendeu algo de urgente dentro de si, e imediatamente ele levou-a de volta ao acampamento hebreu. Ao chegarem à tenda, Makena estava extremamente assustada.
— Não pode ser... Como isso foi acontecer? Preciso ir embora... Preciso ir embora!
Makena correu para suas coisas, pegou algumas poucas roupas e começou a juntá-las para fazer uma trouxa. Menik, vendo seu desespero, segurou suas mãos e a forçou a olhar para ele.
— Makena! O que está acontecendo? Fale comigo!
A mulher olhou para seu noivo, respirando fundo e em silêncio. Seus olhos demonstravam medo, e imediatamente marejaram. Logo em seguida, começou a chorar, sem nenhum som. Apenas as lágrimas desciam por seu rosto, sem que ela, em nenhum momento, emitisse qualquer barulho.
Menik abraçou-a e esperou seu próprio tempo. Quando, finalmente, ela se acalmou, os dois se sentaram.
— Ele me encontrou...
— Quem é ele? — perguntou Menik.
Makena fechou os olhos e revisitou tempos há muito esquecidos.
— Meu passado, Menik. Voltou a me perseguir...
— Me conte... O que aconteceu exatamente?
— Um dos nobres que acompanha o rei Zaki em sua comitiva...
Menik nada disse. Ele já compreendeu o que viria a seguir.
— É Betir! — Makena respirou fundo para se acalmar. — Ele me reconheceu... Me reconheceu da Casa de Taracus! Agora, estou perdida. Todos saberão!
Deixou seu semblante descair e escondeu o rosto entre as mãos. Menik novamente abraçou Makena.
— Ele vai falar... Ele vai tentar alguma coisa! Eu vi seu olhar para mim!
Makena fechou os olhos e se lembrou do olhar do nobre cuxita. Ele a olhava com lascívia, e seus olhos pareciam mãos sobre seu corpo. Makena estava horrorizada e só pensava em fugir. E Betir sorria.
— Não posso mais ficar aqui, Menik. Preciso ir embora!
Ela voltou-se para a trouxa meio feita e tornou a amarrá-la, sendo impedida novamente por Menik.
— Espere, Makena!
— Não posso!
— Pare! Pare e me escute!
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A Princesa de Cuxe
Historical FictionUm romance entre uma princesa sem reino acusada de assassinar a rainha do Egito e um príncipe filho de escravos, ambientada no Egito Antigo, no Reino de Cuxe e nos desertos cativantes de além Mar Vermelho. Esta história começou a ser publicada em 13...