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Os dias foram passando rapidamente, meu pai ligava para dizer que o aviso de despejo havia chego. Sim, eu poderia alugar um barraco para ele aqui na favela mas ele merece um castigo. A cama que Felipe havia me prometido chegou, era confortável. 

Termino de dobrar as roupas de Gleyce enquanto a mesma me observava atentamente, vez ou outra eu a lançava um sorriso. Sinto o cheiro do perfume dele invadir o quarto.

Perdia as contas de quantas vezes me toquei antes de dormir por conta de seu cheiro.

Não sei ao certo o que sinto por ele mas sem dúvidas o sexo com ele foi o melhor. Não estamos nos falando, eu por tudo o que ocorreu e ele por achar que estava certo. Ate hoje não sei o que houve naquele dia para ele chegar daquela forma. Observo quando o mesmo da um beijo na testa de sua mãe.

— Não vou vir pra casa hoje, não precisa deixar comida – Ele diz para mim.

Apenas aceno com a cabeça e ele sai falando algo que não pude ouvir. 

— Seu filho me deixa louca - Digo para Gleyce – mas quer saber? Minha vontade é de pular em cima dele toda a vez que o vejo. –Termino rindo. – Aiai, Gleyce, aquele ali só gosta de sexo mesmo.

Digo rindo e me viro para guardar as roupas em seu devido lugar.

— E de você também – Ouço alguém dizer e rapidamente me viro.

Me nego a acreditar que aquela voz era de Gleyce.

Vo-você...ta falando? – Pergunto perplexa.

— BUUUUUH – Ana sai de trás da parede rindo como nunca. Era ela tirando uma com a minha cara. – tu tinha que ver sua cara.

— Sem graça – Digo rolando os olhos. – você vai pro inferno, isso não se faz.

— Ah, e tu não vai, não? "Toda a vez que vejo ele sinto vontade de pular em seu colo" – Ela diz me imitando.

— Não acredito que você ouviu isso.

— Sai dessa Mariana, meu irmão é bicho solto. Vamo comigo pro baile? – Diz como se fosse natural eu ir para bailes.

— Isso aqui é meu trabalho mas aceito ir em uma folga. – Explico.

— Beleza, tá de folga hoje. Eu estou lhe dando – Diz vitoriosa.

Deslizo o vestido pelas minhas coxas e me equilibro sobre o salto. A música alta me fez lembrar o século que eu não saia para me divertir. 

Ana saiu do carro logo após a mim, junto ao seu marido. Segui o casal entrando naquela quadra lotada. Sendo a irmã de Felipe, Ana poderia ficar em qualquer lugar mas ela preferiu a pista. Falando no babava, ele não estava presente.

Não faz falta.

O problema de estar em um lugar cujo você não frequenta faz anos é que te dá sono, a bebida se torna sua inimiga se tomada de forma inadequada e você fica querendo ir embora.

— Toma, bebe aí – Ana grita em meu ouvido me oferecendo um líquido transparente, semelhante a urina.

— Nossa. – Murmuro ao tomar aquilo.

— O amigo do meu marido perguntou seu nome – Ela diz me obrigando a dançar.

Por mais que alguns problemas me perseguissem, eu havia tirado aquela noite para me divertir. Eu dancei, bebi como nunca antes.

Quando meu copo estava vazio o tal amigo do marido de Ana o enchia, vez ou outra ele me lançava um sorriso. Não era o homem mais lindo do lugar mas eu pegaria. Cheguei a um estado crítico rapidamente. Visão turva, pupila dilatada e vontade de vomitar. Ignoro todos os sintomas e volto a dançar até o chão junto à Ana, coisa que normalmente eu não faria.

Alguns pagodes me lembravam Felipe, então eu colocava o copo para o alto e cantava. Me viro vendo Ana filmar minha ilusória dor de cotovelo, o sorriso dela me lembrou o dele.

— Posso falar com você – Alguém diz ao pé do meu ouvido.

Me viro vendo o amigo do casal que eu acompanhará. O lanço um sorriso e aceno com a cabeça. A música muda para um proibidão cujo faziam apologia ao tráfico, até o nome "Ret" estava na música.

Dou espaço para alguns meninos passarem com seus armamentos apontados para o teto.

— Você é muito linda e dança muito bem – Ele torna a dizer em meu ouvido.

— Para de mentir, nem sei dançar. – Tento soar natural. Zero bêbada.

Ele ri, levo aquilo como um "realmente, você não sabe dançar."

— Meu nome é Edson, mas pode me chamar de Bonga.

Apenas abro um sorriso e ele me puxa para um beijo, sem ao menos me deixar dizer meu precioso nome. Beleza, ele não era muito bonito mas a bebida me deu um fogo tão grande que eu poderia gozar apenas com esse beijo.

Eu preciso foder.

Após o beijo fico dançando bem colada ao seu corpo, sentindo sua ereção contra a minha bunda. E a bebida não parava por um minuto.

Mesmo embriagada sinto o cheiro do perfume de Felipe.

Olho para o lado sem querer o vejo falando algo ao ouvido de Ana que bate no peito duas vezes e diz algo no ouvido dele. Ele faz um sinal de positivo e sai mas sem antes me olhar fixamente. Eu estava bêbada demais pará me importar se ele estava brigando com ela por eu ter vindo, e excitada demais para me reprovar por desejar se fodida por ele.

As mãos de Bonga apertam minha cintura me provocando êxtase imediato.

— Quero te comer – Ouço Bonga dizer ao meu ouvido.

Felipe... – sussurro sem querer e ele apenas ri.

Sei que fiz merda e passei vergonha.

CDC - Concluída.Onde histórias criam vida. Descubra agora