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Revisado

Felipe retirava as coisas de dentro da sacola e fazia questão de me mostrar uma de cada vez. Ele exagerou na quantidade de alguns itens, como por exemplo, nove frascos de shampoo Turma da Mônica. Mas de alguma forma aquilo me mostrou que ele realmente se importa com sua mãe.

Quando fiz meu estágio em uma casa de repouso, era triste. Os filhos simplesmente abandonavam os pais naquele lugar decadente. Havia idosos que morriam de desgosto. Agora veja, a dor de uma mãe que gera o filho em seu ventre, suporta a dor da baixa estima por ver seu corpo completamente transformado mas ainda sim ama seu filho acima de tudo, e quando chega a hora do ingrato retribuir todos os favores, ele a abandona. Só de lembrar meu coração aperta de saudades do meu pai.

- Você comprou tudo. Obrigada - Digo.

- Sabe se tem alguma coisa pra comer? - Felipe pergunta, largando as coisas em cima do sofá.

- Sim. Luzia disse que deixou a nossa janta no forno. - Me levanto - Pode me informar onde irei dormir? Preciso de um banho.

Ele passa a mão na nuca. Pensou por alguns segundos.

- Só tem dois quartos, esqueci de por uma cama pra tu no da minha velha. - Explica. - Pode dormir aqui no sofá.

- Sério? - Pergunto indignada.

Achei que seria mais cavalheiro, talvez me oferecer sua cama seria a ideia. Óbvio que eu não iria aceitar mas, minha nossa! Ele não tem nenhum pouco de senso ou vergonha.

- Ou dorme comigo - Soa naturalmente.

- É o que? - Me faço de desentendida.

- No chão do meu quarto. - Diz naturalmente.

Solto uma risada pelo nariz, passando a mão pela minha testa. Sem acreditar.

- Você é realmente inacreditável. Deixa, vou dormir com sua mãe. No chão.

Felipe não dá a mínima para meu comentário e se dirige até a cozinha. Volto para o quarto de sua mãe tomando o total cuidado para não acordá-la. Em seu guarda roupas pego alguns lençóis e edredons, monto uma cama nada confortável no chão.

Deixo para tomar banho após a janta. Não seria nada legal andar de pijama pela casa dos outros.

Entro na cozinha com meu celular em mãos, moto que Felipe tinha aquecido minha comida. Envio uma mensagem para meu pai, mas não foi entregue, aposto que está bebendo. Havia algumas mensagens de Cristiane mas não respondi ainda estava chateada pela forma que a mesma me tratou.

Guardo meu celular no bolso de trás de minha calça e paraliso pelo constrangimento. Nunca jantei na companhia de um homem, quer dizer, só na do meu pai.

Felipe ergue seu olhar até minha face e solta o garfo sobre o prato.

- Vai comer não? - Aponta para minha refeição. - Só está sem sal essa porra. - Reclama ele.

- Desculpa, foi eu quem pediu para Luzia fazer desta forma. Vocês não me disseram se sua mãe tem hipertensão.

Aproveito e me sento de frente para o homem. Inalo seu perfume pela milésima vez, nunca poderei me enjoar deste cheiro é simplesmente maravilhoso. Provo um pouco do arroz e concordo com Felipe, estava sem gosto.

- Da pra comer isso não. - Bufa.

- Desculpe.

- Vou lanchar, quer vir comigo? - Pergunta se levantando.

- Tá bem. Deixa eu só pegar minha bolsa.

Me levanto e saio da cozinha. Por mais que eu não quisesse sair com Felipe, aquela comida estava horrível e eu estava com fome.

CDC - Concluída.Onde histórias criam vida. Descubra agora