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Levanto da cama sentindo meu corpo inteiro tremer, me sento novamente ouvindo Felipe rir. Junto minhas forças e levanto de vez, sentindo seu liquido escorrer entre minhas penas. Pedi tanto para que ele não gozasse dentro. Era como se um ônibus tivesse me atropelado, mas eu faria tudo novamente. De todas as nossas transas, essa sem dúvida foi a mais insana a melhor.

Quando próxima a banheiro, sinto suas mãos em minha cintura. Seu membro ainda com algum sinal, toca minhas costas, me provoca arrepios de qualquer forma, não abro as pernas novamente para ele, hoje não.

— Você é perfeita, na moral. —Diz ao pé do meu ouvido. — para quem não gosta de arma.

Isto gerou um gatilho dentro de mim. Lembre de minha mãe e uma pontada de nojo surgiu. Me senti suja por permitir algo como aquele dentro de mim. Quer dizer, nosso corpo é um templo e eu deixei algo tão repulsivo invadir o meu. Não que eu queira bancar a samaritana — longe disto —, mas alguma coisa dentro de mim me culpa.

— Ou, tô falando com você. Que foi?

Felipe se põe em minha frente. Fito o chão sem saber o que dizer.

— Eu...eu...vou tomar um banho. — Digo o empurrando para o lado.

Adentro ao banheiro antes que ele diga mais alguma coisa. Incrível como minhas partes íntimas estavam sensíveis ao meu simples toque. Ainda não acredito no que fiz.

Dois meses depois.

Aniversário do Diguinho rolando, o churrasco está acontecendo desde cedo. Assim que parei de vender minhas balas fui para a comunidade, — estava faminta—. Chego ao local e avisto Karol sambando ao lado de algumas meninas — uma delas, Rayssa —. Corro meus olhos em busca de Felipe, que a pouco havia dito que estaria me esperando aqui, mas pelo visto não está.

Pego meu celular e ligo para o mesmo, chama algumas vezes mas ele não atende. A desconfiança cresce dentro de mim. Odeio esse sentimento. Bufo guardando meu celular no bolso de minha calça jeans. Observo as mulheres ali arrumadas, eu era a única mais simples. Ah, eu estava trabalhando, da um tempo. Certo, isto não é desculpa, ultimamente não tenho ânimo para se quer pentear meus cabelos. Nada mudou nesses meses, as paranóias de Felipe continuam, tal como as minhas. Gleyce já levanta de sua cadeira a dar alguns passos, antes era com a ajuda da fisioterapeuta, agora sozinha. Sua fala não está tão ruim. Vejo seus filhos extremamente felizes por isto.

— Chegou agora, Mari?

Saio de meus pensamentos e vejo Ana ao meu lado. Parecia feliz, — ultimamente é o que ela mais parece — após se livrar do cafajeste, ela finalmente estará a viver.

— Cheguei. Onde está sua mãe?

— Santa Luzia — Ela brinca.

— Viu seu irmão? —  nega — ele é doente, cara. Manda eu vir e some. Vontade de ir pra casa descansar.

— Nem pensar! Chega aí.

Sua mão vai de encontro a minha. Ela me puxa até uma mesa onde havia alguns homens sentados há uma menina sentada ao colo de Diguinho. Me sinto constrangida quando a atenção dessas pessoas repousa em mim. Abro um sorriso tímido.

— Feliz aniversário, Diguinho. — Digo um pouco alto, devido ao pagode que acabará de voltar a tocar.

— Valeu, aproveita aí. — Diz animado.

Ana lança um olhar para um dos homens que ali estava, ele se levanta me dando a visão perfeita do mesmo. Sua pele parda, olhos castanhos e cabelo disfarçado... Não havia barba. Sua bermuda estava apertada o suficiente para marcar. Sua camiseta deixará seus poucos musculosos a mostra. Seu corpo era um pouco mais avantajado que o de Felipe.

— Oi, sou o Adalberto, mas pode me chamar de Betinho.

O homem gentilmente estende sua mão para um cumprimento. Óbvio que retribuo. Mas o fato de somente ele se levantar para me cumprimentar, me chamará bastante atenção, não só a minha mas a de Diguinho que analisava tudo atentamente.

— Prazer, Mariana. — Digo.

— Mulher do Ret, pô. — Diguinho se pronuncia. Ele da um gole em sua cerveja e me encara.

Ana fuzila Diguinho com os olhos, talvez pelo clima chato que sua observação causou. Betinho estará constrangido, tal como eu.

— Senta aí, Mari.

Ana logo puxa a cadeira. Não nego, estava bastante cansada e meus pés doem.

— Você não bebe? — Indaga Betinho.

— Um pouco

— Pouco nada, essa entorna. — Diz Ana — vou buscar uma cerveja pra você.

— Duas, Ana. — Um dos homens ali presente diz.

— Fala pra ela, Beto, que você é enfermeiro. — Ana dispara e sai.

Definitivamente constrangedor tudo aquilo. Eu não o conhecia.

— Eu sou cuidadora de idosos... — Digo afim de puxar assunto.

— Eu não sou enfermeiro. — ele ri — sou maqueiro. Ana é noiada.

— Nossa, duas coisas completamente diferentes.

Assim nós dois continuamos a conversa, até Ana trazer a cerveja. Eu estava me sentindo a vontade, assim como já estava no meu segundo latão e nada de Felipe aparecer. Na verdade, lembrei dele só agora.

Betinho era engraçado, dizia coisas engraçadas e fazia piada com absolutamente tudo. Era legal conversar com o mesmo.

— Qual foi — Ouço a voz de Diguinho próximo a mim. Eu nem vi quando ele se levantou — deixa eu levar um leto contigo.

Apenas assinto e me levanto.

— Aconteceu alguma coisa?

Pergunto preocupada.

— Não, mas se tu continuar perto desse cara assim, vai acontecer, pô. — Diguinho diz — patrão tá vindo. Postura aí, mina. Tá geral na espreita vendo cês rindo aí

— Seu patrão me deixou aqui plantada não sei quanto tempo. Ele não tem direito de me cobrar nada.

Ele leva a mão a nuca e suspira. Pude sentir o cheiro de seu perfume. Era bom.

— Vai pegar pra mim, pô..

— É seu aniversário, Diguinho. — levo minha mão ao seu ombro. — curte aí e para de querer por coleira em cadela não domesticada.

Digo e dou uma piscadela. Talvez fosse impressão minha mas o vi dando um sorriso travesso. Antes que eu pudesse voltar ao meu lugar vejo Karol me chamar.

Só agora ela me viu?

Peço para Betinho me aguardar e vou de encontro a Karol. Seu short mostrará toda a polpa de sua bunda, sua blusa marcava a curva se sua cintura. Seu corpo era um manja dos deuses.

— Nem veio falar comigo, raxa. — reclama ela. — que roupa é essa?

Me fita de cima a baixo.

— Garota, vim direto do trabalho.

— Sério que Ret ainda deixa a raxa trabalhar? Estamos evoluindo.

Ela gesticula mostrando suas enormes unhas.

— Sabe onde ele está?

Ela nega. O samba toca mais um vez

— Vem sambar.

Abro um sorriso e pego o copo que estará em sua mão. Levo a boca ingerindo todo o líquido. Vodka com energético. Me junto a mesma sambando enquanto as outras meninas vem até a nós — até mesmo Rayssa —, vergonha na cara é o que falta a esse mulher.

CDC - Concluída.Onde histórias criam vida. Descubra agora