08h00
O frio percorre meu ser, tento me cobrir mas apenas com o tato sinto que o edredom não estava lá. Abro meus olhos assustada só bastou isto para eu processar o que aconteceu noite passada.
Levanto-me da pequena cama improvisada e noto que minha paciente já não estava.
Droga, hoje é dia de fisioterapia.
Sem tempo para me xingar sobre o ocorrido noite passada me ajeito sem ao menos escovar os dentes. Ao sair do quarto vejo Eduardo o fisioterapeuta, ajudando Gleyce. Ana estava parada ao lado do pequeno rádio de onde saia uma música não reconhecida por mim.
Me sinto constrangida quando os olhos atentos de Eduardo repousam sobre mim me forçando um breve sorriso.
- Boa tarde. - Ana diz entusiasmada.
- Boa tarde. Me desculpe, dormi demais - Tento me redimir.
Ana apenas solta uma risada abafada.
Eduardo era um excelente profissional, todos os seus movimentos com Gleyce eram minuciosos.
- Bom, acho que ela se animaria mais se vocês dançassem também - Diz Eduardo.
- Ah não, nem pensar. - Digo me esquivando
- Vai sim, pode vir
Ana diz me puxando pelo braço. Não demorou muito para estarmos dançando no tapete da sala, feito duas palhaças para Gleyce. Se os músculos de sua face não estivessem paralisados ela estaria dando algumas gargalhadas.
Não demorou muito para ouvirmos o som de uma moto e em seguida a porta ser aberta. Felipe encarou aquela cena de forma nada compreensiva.
- Que isso? - Pergunta ele. Em sua mão havia uma sacola com pães.
- Minha mãe precisa se divertir. Dica do fisioterapeuta. Não enche. - Ana retruca desligando a música.
O clima estava pesado.
- Eu te pago pra ficar rebolando pra médico? - Felipe me indaga.
Constrangida e sem saber o que responder eu apenas abro e fecho minha boca sem emitir qualquer som.
- Foi eu quem pedi para que elas dançassem. Achei que não haveria problema. - Eduardo diz.
A feição de Felipe mudou, ele estava com um sorriso sorrateiro. Definitivamente não presta.
- Não pago uma nota pra vocês ficarem dançando. Pode meter o pé - Diz normalmente
Ele foi longe demais.
- Como assim o doente, ele é o melhor fisioterapeuta - Ana reclama.
- Ana tem razão, Felipe - Digo
- É melhor ouvir elas, rapaz. - Eduardo encara o homem a sua frente.
Seu tom era carregado de ironia, o que me fez achar que ele não tinha amor a vida.
- É mermo, irmão?! - Felipe se aproxima ainda mais de Eduardo. Encaro Ana que estava tão espantada quanto eu.
Ele não faria nada com sua mãe presente, não é mesmo?
- É mesmo, irmão - Confirma Eduardo.
Me ponho ao meio dos dois antes que algo de pior viesse a acontecer. Felipe me encara de cima a baixo mas logo fixa seu olhar em Eduardo.
- Era tudo o que você queria, né não? - Diz Felipe me deixando confusa.
Ouço a risada baixa de Eduardo e me viro para o mesmo.

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CDC - Concluída.
Teen FictionHomem rude, mente fechada, usuário de cocaína e com a mente dominada por demônios tão confusos quanto o mesmo. Coração na sola do pé - exerto por uma pessoa; sua mãe -, e por isso Felipe irá contratar uma cuidadora de idosos, Mariana Ribeiro. Sem t...