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Mariana.

Dor.

Minha cabeça girava, posso dizer que em todos os sentidos. Obviamente eu não deveria ter exagerado na bebida, sou fraca. Nua, em cima da cama de Felipe, com o mesmo roncando ao meu lado.

Ao contrário dele, a bebida não me causa amnésia. Sei que não fizemos nada demais.

Pego seu relógio de pulso que estava repousado sob a cômoda branca ao lado de sua cama. Já se passava das dez da manhã. Me levanto rapidamente, sem me importar se o merda estava dormindo ao meu lado. Infelizmente minhas roupas não estavam ali. Busco no guarda roupas de Felipe algo que eu pudesse cobrir minha nudez, em busca disto, encontro o cartão de Eduardo, o fisioterapeuta. Abro um sorriso e pego o cartão para mim. Visto uma camiseta e um de seus shorts. Ao sair do quarto noto que havia alguém na cozinha, mas não era luzia. Caminho até o quarto de Gleyce e a mesma já não está lá. Pego minha escova de dentes, roupas, e meus matérias de limpeza do meu cabelo. Vou para um longo banho, lavando meus cabelos afim de aliviar a pressão que a ressaca fará.

Saio do quarto sentindo um cheiro de bolo recém assado. Vou até a o quarto de Felipe na intenção de devolver suas roupas, o mesmo já não estava na cama. Provavelmente tomando banho. Deixo as roupas e saio sem fazer barulho.

Na cozinha Ana estava mexendo em algumas panelas enquanto Gleyce estava sentada em sua cadeira de rodas.

— Que cheiro bom — Murmuro em busca de café.

Ana se vira para me encarar.

— Tá melhor?

Apenas aceno com a cabeça.

— Ainda não tem acredito que paguei mico ontem.

Dou um gole em meu café, hiper fraco, estava mais para um chá. Preferi não ficar dizer nada, não sou da família para criticar.

— Cara, o Bonga disse pro meu marido que tu chamou ele de Felipe. — Ela diz rindo.

Ponho a mão de sob a cabeça após senti-la latejar fortemente. Essa dor não poderia ser normal.

— Não é quero olhar para esse homem nunca mais.

— Impossível, gata. Hoje é aniversário do meu marido, vou fazer churrasco surpresa pra ele — Diz empolgada.

Eu poderia dizer que não queria ir mas Ana estava tentando uma amizade comigo, não que eu não goste disto.

O cheiro do bolo se mistura com o de desodorante aerosol quando Felipe entra na cozinha. Ele usava apenas um calção preto e em suas mãos estava sua chuteira vermelha.

Felipe não olhou para nenhuma de nós duas, sua prioridade foi Gleyce a quem ele deu um beijo na testa.

Ele larga a chuteira em cima do balcão onde estava o bolo, sem nenhuma preocupação, sem nenhuma educação.

— Felipe, tem como você conseguir alguma bebidas pra mim? Álcool e carvão? — Ana pede.

Era mais que obvio que Felipe iria negar, ele odeia o cunhado. Ana parecia querer levar um fora, logo pela manhã.

— Tu é muito otária mesmo. O cara de chifra e tu ainda faz festinha pra ele. Tem que tomar no cu mesmo.

Felipe joga tudo na cara da irmã, sem se importar.

— Beleza, Felipe. Precisa de nada não — Ana se vira e continua seus trabalhos. Ele a magoou.

— Mariana, lava minha camisa que tu vomitou ontem — Diz sem se quer me encarar.

Me sinto constrangida.

O homem ali presente jogou o café na pia, pareceu não gostar. Pegou sua chuteira e saiu.

— Mando os moleques levar na tua casa — Ele disse quando já estava na sala.

Mais uma demonstração de que aquele coração não era tão duro assim.

Naquele mesmo dia, mas após o banho de Gleyce, decidimos ir para casa de Ana, eu iria ajudá-la a organizar as coisas antes que seu marido chegasse.

A ajudei a carregar o bolo, a espalhar bexigas, fazer as comidas. É incrível o que uma mulher apaixonada é capaz de fazer, ela organizou tudo sozinha.

Aos nossos olhos estava quase tudo pronto mas precisávamos do carvão para começar o churrasco e logo o marido de Ana chegaria. Deixar a responsabilidade com Felipe não fora uma boa ideia. O futebol termina as 14h, segundo Ana, e já se passava das 15h.

Seu marido já havia mandado mensagem dizendo que está a chegando, os convidados já ocupavam o quintal.

— Ana, eu vou lá comprar o álcool e o carvão. Seu irmão não vai aparecer, cara — Digo com a única solução.

— Tá bom, não tem outro jeito. Pode passar na casa da minha mãe, se arruma e quando tu vier, traz tudo. E não esquece os fósforos.

Concordei, eu estava precisando de um outro banho. Estava suada e com roupas inapropriadas para festa.

Caminho rapidamente até a casa de Gleyce enquanto guardo o dinheiro que Ana havia me dado para comprar as coisas. Para poupar tempo, me arrumo bem simples, sem maquiagem.

No caminho para a mercearia vejo a moto de Felipe parada em frente a uma casa. Compro as coisas e vou embora mas no caminho algo me diz para ir até aquela casa. Maldita seja minha intuição, e eu mesma por obedecer.

A casa era simples, o quintal era grande mas não havia portão. Atrás da casa havia muito mato. Ignoro completamente os olhares dos fofoqueiros entro quintal. Penso em bater na porta e chamar, mas ele não iria vir me atender, claro que não.

Dou a volta por trás da casa, onde havia uma janela de madeira, quase toda a casa era feita assim. Ouço uma musica tocando baixinho e em seguida uma risada de mulher.

achei que gostasse de chupão

Ouço a voz da mulher dizer. Um ódio tremendo toma conta do meu ser. Talvez eu seja descontrolada porque não temos nada mas meus ciúmes falou mais alto. Olhei para o álcool em minha mão e para a moto de Felipe, mas tive outra ideia.

Ele deve estar achando que sou essas meninas que ele usa e faz o que quiser.

Jogo o álcool na janela de madeira, e risco o fósforo e o jogo. Corro de lá indo em direção a moto do cretino.

Faço o mesmo.

CDC - Concluída.Onde histórias criam vida. Descubra agora