Vejo a irritação nos olhos de Eduardo. O homem educado que conheci estava prestes a sumir, se eu não interviesse. Além do mais, seria uma discussão completamente idiota.
— Cala a boca, Felipe — Ordeno ainda encarando Eduardo.
— Ela fez uma ótima escolha em querer ficar com um bandido, alguém que se felicita com a tragédia alheia — O fisioterapeuta retruca e continua —, ela será muito feliz. Sem dúvidas.
Seu tom era pura ironia.
— Tua profissão não te faz porra nenhuma. — Diz Felipe calmamente. Isso foi estranho.
— Ah não? Bom, acho que qualquer mulher em sã consciência iria preferir um homem com no mínimo o estudo necessário.
Eduardo infla seu ego, chamando Felipe de ignorante sem estudo.
— Sorte que ela não é qualquer mulher. Faculdade de administração, curso de contabilidade... Meu patrimônio líquido é de 3 milhões. — Ele ri — e a merda da sua profissão, o que dá? Tu é um filho da puta que acha que qualquer favelado é burro.
— Não preciso achar nada, você já demonstra tudo. Pega seu dinheiro e tenta comprar dignidade. Aproveita e divide com sua marmitinha.
Meu coração acelerou quando ouvi aquilo sair de sua boca. Em poucos segundos Felipe o acerta um soco, fazendo Eduardo cambalear para a mesa. Logo se recompõe e voa em cima de Felipe, agarra em sua cintura o joga ao chão. Ele desferia socos no rosto de Felipe sem parar.
Eu estava assustada no meio de tudo aquilo.
— PARA! — Grito — SOLTA ELE, EDUARDO.
Puxo sua camisa social com tamanha força que a mesma rasga.
— Esse desgraçado está fazendo hora extra — Diz ele após socar Felipe.
Ao vê-lo a ponto de desmaiar entro em desespero. Ele iria morrer. Corro até sua cintura e busco por sua arma. Eduardo para de agredir o homem assim que vê a pistola em minha mão.
— Sai de cima dele. — Digo devagar — AGORA!
— Vai atirar em mim? — Pergunta sarcástico.
— Quer pagar pra ver? Sai de cima dele.
Eduardo se levanta e suspira. Ele encara meus olhos seriamente.
— Tudo bem — Diz — se acalma.
— Eu sei que errei feio com você, mas sair da razão agredindo ele não funciona em nada.
— Como ainda defende esse marginal? — indaga irritado. — Espero que ele destrua sua vida, Mariana. É isso o que mulheres como você merecem.
— CALA A MERDA DA B...
Não consigo terminar, Eduardo chuta minha mão fazendo a arma ir de encontro ao chão. Tento correr até a mesma mas ele me põe contra a parede apertando meu pescoço. Fico sem ar por alguns segundos, encarando seus olhos que me mostram pura decepção.
Céus, como me culpo.
Ele me solta e balança a cabeça algumas vezes em negação. Espero que ele diga algo mas não o fez, simplesmente vira as costas encara Felipe e sai.
Saio de meus pensamentos de culpa quando fito o homem tatuado o chão. Seu nariz sangrava, sua boca estava cortada.
Abaixo-me até o mesmo que parecia desacordado. Deus me livre do seu ego ferido quando despertar. Pensando bem, ele mereceu, por cada vez que me humilhou.
— Porra...— Ele resmunga — anotou a placa?
Ainda tem a capacidade de fazer piada. Não nego, foi engraçado.
— Você é uma figura. Vem, levanta.
Seguro em seu braço e ajudo a levantar. Felipe senta-se ao sofá, os dados a boca e os observa em seguida, verificando o sangue.
— Ele me paga — Murmura. Não sei se para mim ou para si mesmo. — Cadê esse desgraçado?
Pego sua pistola no chão e o entrego. O homem me encara sem entender absolutamente nada.
Me sento ao seu lado e suspiro levando minhas mãos aos meus cabelos. Sinto os olhos dele queimar sob mim.
— Que é?
— Acertou um tiro pelo menos? — Indaga, ainda achando graça da situação.
— Não tem graça, Ret. O cara estava quase te matando. Não cheguei a atirar — Explico.
Semiserrando os olhos ele sorri, mas logo desfaz o sorriso pela dor.
— Ret fica tão sexy em sua boca.
— Cara. Sua noção deve estar no rabo, não é possível. — Digo irritada.
Ele iria dizer algo mas meu pai chega com algumas escolas em mãos. Agradeço por ele não ter ido encher a cara ao invés de fazer o que disse Felipe.
Papai nos encara sem entender. Seus olhos se arregalam quando vê o estado em que o homem se encontrava.
— Eu não sabia que você tinha tanta força assim — Papai diz para mim.
— Não foi eu quem fiz isso, infelizmente.
— Sua filha está se envolvendo com quem não presta — Diz Felipe.
Sem paciência alguma eu o encaro levanto do sofá.
— Vai embora, Felipe. — Aponto para a porta. Ele não se move — anda!
— Para de palhaçada. Eu não tô legal, você deveria cuidar de mim.
Que absurdo!
— Mas você é muito abusado mesmo. Vai embora logo.
— Eu vou, mas isso não vai ficar assim.
O tatuado se levanta soltando fogo pelas narinas. Ao passar por mim, ele esbarra em meu ombro.
Felipe se despede de meu pai e sai.
Era muita coisa para minha cabeça. Esse homem aparece novamente em minha vida para desgraçar tudo. O pior é que tem algo dentro de mim gritando para da uma chance a essa ser.
Na manhã seguinte termino de embrulhar minhas balas para ir trabalhar. Vejo meu pai deixar o banheiro resmungando de algo. Pela madrugada pude ouvi-lo gemer de dor.
Eduardo havia deixado claro que iria me ajudar com o problema de meu pai, mas depois do que houve, é difícil.
Sou bruscamente retirada de meus devaneios quando ouço um barulho alto. Algo quebrando. Olho em direção ao meu pai e o vejo caído ao chão, ao seu lado um copo já em cacos. Jogo as balas que antes estavam em meu colo, no chão e corro até ao senhor desmaiado ao chão.
— Pai...pai, por favor acorda — Chamo desesperada. Ele não se mexe. Ponho minha mão em sua testa, estava com febre.
Vou em busca do meu celular e logo me prontifico de chamar uma ambulância... Ou tentar, já que eles atenderem uma emergência é raridade.
Aguenta firme, pai.

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CDC - Concluída.
Fiksi RemajaHomem rude, mente fechada, usuário de cocaína e com a mente dominada por demônios tão confusos quanto o mesmo. Coração na sola do pé - exerto por uma pessoa; sua mãe -, e por isso Felipe irá contratar uma cuidadora de idosos, Mariana Ribeiro. Sem t...