Duas semanas depois.
Deixo o copo de cerveja em cima do balcão e caminho em direção ao rádio que tocará um rap qualquer, mudo para um pago de vejo Felipe finalmente retirar sua atenção do celular e deposita-la em mim. Me jogo no sofá, levando meus pés ao seu colo sinalizando para o mesmo fazer uma massagem.
Após o dia inteiro andando vendendo balas, meus pés estavam gritando por descanso. Aí de mim se reclamasse ao meu namorado, ele detesta a ideia de saber que trabalho vendendo balas no sinal. Na verdade, ele detesta a ideia de eu trabalhar. A vida do mesmo também está corrida, ele quase não fica em casa, quando venho para cá ele cancela tudo para ficar comigo.
— Parou a massagem por que?
Pergunto abrindo os olhos.
— Vou ali rapidinho
Reviro meus olhos retirando meus pés de cima dele. Eu já sabia o que ele iria fazer.
Cheirar.
Segundo o mesmo, se ele usufruir de três carteirinhas, não fica tão ruim e a onde dura uns quarenta minutos no máximo. Esse foi o jeito que ele deu de controlar o vício... Usando menos.
Ele deixa o celular em cima do sofá e sai. Acho incrível a confiança que o mesmo tem em mim, já revirei seu celular mil vezes e vi que não tem nada relacionado a mulheres.
Me ajeito no sofá mas logo ouço seu celular tocar, pelo visor vi que era Ana. Atendi sem demoras.
— Oi, é a Mariana. Seu ir...
— Mariana, por favor vem buscar minha mãe.
Ela chorava
— O que está acontecendo?
— Mario está surtando, por favor, vem.
Deixo o celular em cima do sofá e corro para fora de casa, sem me importar com a roupa que eu estará a usar. Olho em todas as direções e não vejo Felipe mas logo vejo Diguinho ao outro lado, montado em sua moto. Corro até o mesmo sentindo o chão machucar meus pés descalços.
— Tá sabendo já? Tô partindo pra lá.
Diguinho diz. Provavelmente era em relação a Ana.
— Ela ligou, mandou Felipe ir.
— Ele já tá lá. O maluco lá, bateu nela pô.
— Vou com você. — Digo subindo na moto.
Noto o desconforto de Diguinho, provavelmente medo do que seu patrão irá pensar. Sem dizer nada ele arranca do local.
O portão de Ana estará com um número razoável de curiosos, isso me deixa com raiva, será que ninguém pode ajudar? Desço da moto e atropelo aquelas pessoas, quando adentro o quintal vejo Felipe com sua pistola na mão, a porta de Ana fechada e Gleyce ao lado de fora.
Felipe me encara, não o reconheço havia apenas ódio em seus olhos. Sua face estará vermelha, ele seria capaz de matar.
— Amor, o que tá havendo? — Tento soar pacífica
— ESSE ARROBADO TA COM A ANA LA DENTRO. EU VOU MATAR ESSE FILHO DA PUTA!
Ele destila seu ódio.
Tento abrir a porta mas não consigo. Trancada.
— ANA, VOCÊ TA BEM? — Grito.
— Ela não responde, gênio. — Diz rude.
— Então arrombada essa porcaria? — pergunto sem paciência.
Bastou ele dizer isso para ouvirmos os gritos de Ana, ela o mandava parar.
Felipe se transforma em um monstro, chuta a porta por diversas vezes. Junto minhas forças e o ajudo, chutando também. Logo a porta não resiste e vai ao chão.
Sinto um ardor em um dos meus dedos do pé nas ignoro.
Meus olhos caçam sua irmã por todos os cantos.
— Desgraçado.
Ouço Felipe murmurar. Me viro e avisto meu namorado em cima de Mário, destruindo fortes socos em seu rosto. Eu poderia retirar Felipe de cima daquele homem, mas algo dentro de mim desejava que ele se fodesse.
Minha mente me alerta sobre Ana. Corro um pouco até o quarto cujo a porta estará trancada, bato algumas vezes sabendo que ela estaria ali dentro.
— Ana, abre. Sou eu, Mariana.
Não demora muito para a porta se abrir, revelando seu rosto machucado e seus olhos vermelhos pelo choro.
Sinto meu corpo ser puxado para trás e me dou conta que Felipe havia me empurrado, abrindo caminho até o quarto. Ele agarra sua irmã pela nuca, a mesma solta um grito assustada. Opto por não contestar a atitude dele, o mesmo ainda segurava sua pistola em uma das mãos.
Felipe arrasta sua irmã até Mário que estará deitado ao chão, com dificuldade para respirar, devido a surra que acabará de levar.
— OLHA PRA ELE, SUA VAGABUNDA! — Ordena Felipe a Ana, que por sua vez só sabia chorar. — quantas vezes eu te falei que isso não era homem pra tu, hein porra? — Indaga.
— Eu sei — sussurra ela.
— Olha o que ele fez contigo, caralho. Tu ainda quer ficar com ele Ana Cláudia?
— Não.
— Já chega, Felipe — Interfiro ao notar que Ana estará desolada.
— O papo não é com você. Pega minha mãe e rala — Ele diz rude.
— Fala...— Mario balbucia — fala pra ele quem tu é, sua piranha.— completa.
Felipe chuta seu rosto, fazendo com que o homem apagasse. Será que morreu? Céus.
Ele solta sua irmã e sai da casa, completamente transtornado.
— Ei, calma — Digo abraçando Ana.
— Eu só quis dar um fim. Ele me traiu, Mari. As meninas viram ele com outra.
Sua voz estava trêmula, assim como seu corpo.
— Está tudo bem agora.
Felipe entra na casa, desta vez acompanhado por Diguinho e mais dois. Eles fitam o homem jogado ao chão por alguns segundos.
— Vai lá tirar esse povo fofoqueiro do portão. — Diguinho diz a um deles, que sai rapidamente.
— Vai levar lá pra cima, Ret? — O outro pergunta.
Não pude deixar de notar o revólver em sua mão.
— Já mandei ajeitar tudo. — Felipe diz — Vai queimar.
— Esse aí já estava na vez.
— Espero que essa filha da puta não fique de mimimi
Ret diz, referindo-se a sua irmã.
Encaro Gleyce que por sua vez estará a observar tudo, como se já tivesse visto isso antes. Tudo parecia tão natural aos seus olhos, sabe lá o que essa mulher já passou..
— Amor, pede pra alguém nos levar. Ana e sua mãe precisam descansar.
Ele apenas acena com a cabeça. Na verdade, eu queria poupar sua irmã de ouvir certas coisas, principalmente do que viria a seguir.

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CDC - Concluída.
Novela JuvenilHomem rude, mente fechada, usuário de cocaína e com a mente dominada por demônios tão confusos quanto o mesmo. Coração na sola do pé - exerto por uma pessoa; sua mãe -, e por isso Felipe irá contratar uma cuidadora de idosos, Mariana Ribeiro. Sem t...