49

38.2K 2.9K 899
                                    

O suor escorria em minha testa, vir de calça jeans foi minha desgraça, mas isso não me impediu de dançar. A cerveja em si não me tirou a lucidez mas a vodka com energético, essa sim. Meu corpo estará leve, eu já vi Karol em duas. Até com Rayssa eu estava a falar.

Paro de dançar quando vejo Felipe adentrar o local, havia alguns homens com ele, todos armados até o pescoço. Ele cumprimenta algumas pessoas e logo sua atenção se volta para seu amigo Diguinho, após desejar feliz aniversário, seu amigo aponta para minha direção. Disfarço e viro meu rosto, acho que foi um pouco tarde, ele já havia notado meus olhos grudados nele. Com seu sorriso sacana ele se aproxima — ouço Rayssa murmurar algo mas ignoro —. Céus, como esse homem estará impecável.

Ao se aproximar ele tenta me dá um selinho, eu viro o rosto. Sua feição muda rapidamente, estava impaciente.

— Que foi? — Indaga

— Você manda eu vir pra cá e não aparece por horas. Pirou, foi?

— Estava resolvendo uma parada, Mariana. Tô aqui agora, não estou?

Abro um sorriso irônico.

— Não faz diferença mais.

Digo e saio andando, em direção a mesa onde estará Betinho. Ana que estava sentada em meu lugar, se levanta e se aproxima de mim.

Acho que ele te quer.

Ela sussurra em meu ouvido. Provavelmente falando de Felipe. Foda-se, eu não ligo.

Me sento e volto a puxar assunto com Betinho. Algumas vezes pego Felipe me encarando, era nítido que o mesmo estará se mordendo de raiva. Ele não iria causar uma confusão, não hoje, não comigo.

Assim foi praticamente a festa inteira. Ele me encarando transbordando ódio, enquanto eu bebia, dançava e realmente não me importava. Quando sinto meu corpo pesar novamente, — devido ao cansaço — me sento junto aos demais.

— Bora pra casa.

Ouço Ret dizer atrás de mim.

— Não tô muito afim. — Provoco enquanto termino minha cerveja.

Ele passa a língua entre seus lábios e respira fundo. Seus pensamentos não são nada bons, certeza.

— Tenho que levantar cedo, vambora, cara. — Explica sem paciência.

Permaneço sentada sem demonstrar qualquer reação. Vejo que sua paciência se vai quando ele abaixa, levando seus lábios próximos ao meu ouvido.

Se você não levantar agora, eu vou te levar pelos cabelos. Decide. — Sussurra ao meu ouvido.

— Gente, estou indo. — Digo a todos na mesa. — Betinho, foi um prazer.

Adalberto apenas acena com a cabeça. Medroso do caralho. Após me levantar vejo o motivo de seu receio, Felipe não tirava seus olhos puxados de cima do homem.

— Tô partindo, Diguinho. Tranquilidade aí — Felipe alerta ao parceiro. — bora.

Sinto sua mão em minha cintura mas retiro caminhando a sua frente.

Quando chego a sua casa vejo Luzia cochilando no sofá, pobre mulher. Opto por não interromper seu sono, vou até o quarto de Gleyce checar se está tudo bem, a mesma estará acordada assistindo televisão. Observo a cama de solteiro ao seu lado e tenho a brilhante ideia de dormir ali. Hoje eu realmente não quero nenhum contato com Felipe.

Sua mãe estará tão entretida com a televisão que não me viu. Volto para a sala tentando não fazer barulho, para que Luzia não acordasse mas infelizmente a peste do Felipe deixa algo cair na cozinha, provocando um barulho chato. Vou até o mesmo afim de saber o motivo do barulho.

— Tá fazendo o que? — Pergunto curiosa.

Ele permanece de costas para mim, mexendo em algo.

— Resolveu falar comigo? — Pergunta, rude. Não respondo — tô com fome, não comi porra nenhuma lá.

— Se não estivesse preocupado em ficar de olho em mim. — Espeto.

— Se eu ficando você já estava se atirando pro cara lá, imagine se eu me fizesse de pão.

— Sua irmã me apresentou ele.

Finalmente Felipe se vira. Em sua mão havia uma lasanha congelada.

— Não quero você indo nas ideia dela. Se liga na tua responsa.

Diz levando a lasanha ao microondas.

— Se você não confia na própria irmã...que sou eu, não é mesmo.

— Falando em confiança, preciso de uma conta sua. Se não tiver, preciso que abra uma.

— Pra que?

— Vão depositar um dinheiro alto. Não pode ser em nenhuma das contas que tenho. — Explica — tudo monitorada.

— Vai me fazer de laranja? Ganho o que com isso?

Ele me encara divertido.

— Tá passando muito tempo comigo, filha da puta. Ficando malandra.

Me aproximo dele.

— Aprendi com o melhor.

Sua mão vai a minha nuca, me puxando para um selinho. Ponho minha mão em seu peito e o empurro. Ele franze o cenho em confusão.

— Eu te dou dinheiro pra você fazer o que quiser. Pode fazer sua faculdade.

Reviro meus olhos e me afasto.

— Não. Eu não quero dinheiro. — desvio meu olhar do seu por breve segundos — vou pensar em algo.

— Não entendo esse teu orgulho. Eu sou teu namorado, cara. Acha que me sinto como vendo tu morar em um barraco, trabalhar vendendo balas? Porra Mariana — Ele leva a mão ao cabelo — quero te dá uma vida boa.

— Eu tenho uma vida boa, Felipe.

— Não tem. Você só está acostumada a se foder sempre, acha que não ter comida na geladeira é normal? — Indaga me deixando sem jeito.

A bebida em meu organismo me deixa tonta. Aquela discussão era completamente desnecessária.

— Sei que não é, mas isso vai melhorar.

Felipe se aproxima, ele pega minha mão.

— Deixa eu melhorar pra você, neguinha. Eu te dou até o sol, é só você pedir. — seu polegar acaricia minha bochecha — eu faço qualquer coisa por você, Mariana. Sou paradão na tua. Se soubesse o quanto, não teria metade dos surtos que tem.

Por um momento sinto que nada me faria mal por estar ao lado desse homem — exerto o próprio — ele me passa uma segurança estonteante com suas palavras firmes.

— O que você quer?

Me pedi doce e subitamente em seus olhos.

— Vem morar comigo. Deixa eu cuidar de você. Não sabe como é desgastante acordar e não te ver lá, ter que comer com um bando de macho porque não tenho sua companhia. Fecha comigo?

CDC - Concluída.Onde histórias criam vida. Descubra agora