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A música alta ecoava, era garantia nego ouvir até do asfalto. A batida do funk agitava meu peito de uma maneira que não há comparação. Observo as minas dançando a minha frente, as bundas gigantes pareciam ter vida própria.

- Mano, tua irmã tá lá embaixo te chamando - Diz alguém ao pé do meu ouvido.

Não consegui identificar o sujeito por conta da iluminação fraca. Coloco a latinha de redbull em cima da pequena mesa de ferro, e encaro a escada e a mureta que não era tão alta. Opto por pular a mureta para não ter que descer aquela merda.

Caminho rapidamente entre as pessoas e olhares maliciosos. Entre olhares tive a impressão de ter visto o marido de Ana, deve ser por isso que a filha da puta está aqui. Quer pedir favor. Quando finalmente chego ao lado de fora avisto a mesma com o celular na mão, sua feição não era nada boa. Ao me ver ela corre até a mim.

- Felipe, minha mãe passou mal, cara - Diz desesperada.

Minha onda passou na hora.

- Cadê ela? - Digo rapidamente. - CADÊ ELA, PORRA?

Perco o controle, chamando atenção desnecessária para mim.

- ELA FOI PRO UPA, PORRA. TEM QUE AGRADECER QUE EU AINDA VIM TE AVISAR. TU NÃO ATENDE ESSA PORRA DE CELULAR - Grita na minha direção.

Não perco meu tempo dando a resposta que ela merece. Corro até meu carro vendo os seguranças atento. Faço um sinal para que eles ficassem.

Entro no carro e logo Ana corre de encontro ao mesmo. Abre a porta e entra sem autorização.

O local estava vazio, os poucos pacientes que tinham fingiram que eu nem existia. Ana foi perguntar onde estava minha mãe e a enfermeira nos levou até ela.

O quarto era gelado, ela estava coberta apenas com um lençol fino. Nem para trazer coberta, Ana presta.

- Ela está bem, só está fraca. - Disse a enfermeira.

- Tá dando comida a ela, não? - Desvio meu olhar para minha irmã.

- Ela não come, Felipe. Eu falei pra você arrumar outra cuidadora mas tu não da a mínima. - Dispara.

Cerro meus olhos a encarando.

- Não dou a mínima? Eu sou o que mais faz por ela enquanto tu só se preocupa com o merda do teu marido que te chifra - Rebato nervoso.

- Se ele me chifra ou não, isso é problema meu e dele.

Era sempre assim, ela começa mas não aguenta.

- Porra mãe, o que eu posso fazer pra te tirar desse martírio? - Digo chegando perto dela.

- Mariana... - Ana diz - mandei mensagem para ela e...

- Você não tem que envolver ninguém nisso. Para de empurrar a responsabilidade pra outro, caralho. - suspiro - essa aí foi embora sem pensar na minha mãe.

- Não, ela foi embora porque ninguém atura você, Felipe.

- Ah, vai tomar no cu.

Digo e saio daquela merda de lugar gelado.

Dentro de mim eu tinha convicção de que só aquela magrela faria minha mãe sentir vontade de viver novamente, mas como engolir o orgulho? Nem sei se ela vai querer voltar a trampar lá em casa.

Entro no carro pensando no que poderia fazer. O circo estava se fechando, eu deveria pensar rápido. Ligo para Mariana, chama algumas vezes até a mesma atender.

- Alô... Felipe? - Diz com a voz embargada.

- Não, é o Lula. - Digo sério.

- Os dois são ladrões. Dá no mesmo.

Ela desliga.

Filha da putinha...

Dou um soco no volante e respiro fundo. Retorno a ligação desta vez tento me acalmar.

- Não desliga - Digo rápido - cara, minha mãe piorou eu tô...

Sou interrompido por uma voz masculina ao celular de Mariana.

- Quem é? - Alguém pergunta ao outro lado da linha. - Felipe? Então, Mariana está muito cansada, recomendo que não ligue mais. Passar bem, meu caro.

O desgraçado desliga. De imediato reconheço a voz daquele doutorzinho de merda. Minha raiva só aumenta a cada segundo. Quem ela pensa que é pra fazer isso?

Cansada, essa piranha deve ter dado pra ele a noite toda. É uma vagabunda mesmo. Isso não vai ficar assim, não vai mesmo. Ela quis brincar com fogo mas esse aqui não apaga nunca.

- Ou - Ana chama ao lado da janela. - Que cara é essa? Tá vermelho Felipe.

Ela diz, parecia preocupada. Depois dessa merda de ligação eu realmente não estava me sentindo bem. Parecia que minha cabeça iria explodir, eu estava fora de mim.

- Fala logo, cara - Digo sem paciência.

- Me leva lá em casa pra eu pegar algumas coisas pra mamãe - Diz entrando no carro.

- Tu pega as coisas e eu trago. Pode ficar em casa, eu passo a noite aqui com ela - Digo em encará-la.

Dou partida e saio dali. Minha mente planeja mil e uma torturas para Mariana e o namoradinho, não sabia ao certo o que fazer mas viva ela não sairia. Parece que jogaram ácido dentro de mim porque a raiva estava me corroendo.

- Você tá bem mesmo? - Ana pergunta. Quebrando o silêncio.

Desvio meu olhar da rua para ela. Penso bem antes de falar aquilo mas se eu não dissesse para minha irmã que é sangue do meu sangue, para quem mais eu iria? Era a única que eu confiava.

- Acho que tô gostando da infeliz da cuidadora. - Digo rápido e desvio meu olhar.

- É nítido isso, Felipe mas ao invés de conquistar a mina, tu fazia ela correr

- Vai começar o julgamento agora? Se for, esquece!

Paro o carro em frente minha casa, jogo a chave no colo de Ana para que ela entre e pegue as coisas de minha mãe.

- É Felipe, esquece mesmo. Você não merece ela. - Ela diz e sai do carro. Me deixando pensativo.

Eu não mereço ela? A mina não espera nem um mês e já se joga para cima do doutorzinho, e sou eu quem não presta? Firmão então.

CDC - Concluída.Onde histórias criam vida. Descubra agora