Um mês depois.
Ele não resistiu. Uma semana atrás recebi a notícia que fez meu mundo parar, meu chão sumir. Meu pai não resistiu a cirurgia. Estava claro o tamanho de sua fraqueza e que não seria nada fácil.
Trabalhar está sendo um sacrifício, a vontade de ficar em casa deitada era imensa. Me faltava ânimo.
Eduardo estará a fazer de tudo para me animar, mas as vezes sinto que o mesmo está se cansando. Ninguém é obrigado a ficar com alguém que não para de chorar um segundo se quer. Hoje é trinta de dezembro, vejo todos super animados a fazer compras.
Enquanto caminho de volta para casa, com meu saquinho de balas em mãos, observo as casas perfeitamente iluminadas com enfeites de natal. Natal... O meu foi péssimo. Eduardo me levou para sua casa e ficamos em um enorme silêncio, tudo o que se ouvia era meu choro. Estraguei por completo o natal dele. O mesmo fez a proposta de que eu fosse morar com ele, dizia que eu vivo em situação precária. Eu não concordo, quer dizer, para alguém que está acostumado com dinheiro a situação que vivo é complicada. Obviamente declinei, o conheço a pouco tempo, curto ficar com o mesmo mas não quero nada sério. Tudo o que anseio é minha vida estruturada por mim mesma.
Entro em casa tentando segurar o choro, tudo nesse lugar me faz lembrar ele, até mesmo seu sofá. Eu nunca iria retirar o plástico. Quando dou por mim já estou em lágrimas.
Meu celular vibra, mensagem no WhatsApp. Ana dizendo que mudou de número... novamente.
Após o choque de realidade sofrido por Felipe, ele se foi e não voltou. Confesso que pensei em repensei mas cheguei a conclusão que ele não é o melhor para mim. Ana me mandou mensagem algumas vezes, dizendo que sua mãe estava mostrando melhoras, isso me animou. A mesma me manda uma mensagem.
— Desculpa não ter falado com você antes. Meus pêsames, Mari. Não consigo imaginar sua dor.
Leio e choro ainda mais.
— Sem problemas, obrigada e feliz ano novo.
Envio o áudio, logo ela responde.
— Onde vai passar o ano novo?
— Em casa. Não tenho muito ânimo.
Ela visualiza e não responde. Eu também não estava com paciência para conversar.
Limpo meu rosto com as palmas das mãos e vou até o armário.
Merda
Não havia muitos alimentos, apenas um saco de feijão pela metade, um quilo de arroz fechado e um saco de fubá. Nas panelas havia macarrão com salsicha e feijão da janta. Estava tudo intocável, eu não havia feito nenhuma de minhas refeições durante dois dias.
Jogo a tampa em cima da panela novamente, me perguntando o porque fiz a comida. Iria estragar, com certeza. Levo tudo a geladeira que também não estava cheia, apenas água e alguns legumes.
Caminho até meu quarto, deito em minha cama e choro, consequentemente o sono me atinge.
Desperto um pouco sentindo o lado vazio de minha cama afundar. Abro os olhos lentamente e noto que a luz do poste que normalmente entrará por minha janela estava apagada.
Já era tarde.
Me viro após sentir uma mão em minha cintura, a mesma aperta com força o local. Abro um sorriso involuntário ao sentir.
Ele estava ali... Felipe estava ali.
Sua mão sobe até meu rosto, retira alguns fios de cabelo que atrapalham minha visão. A linda visão de seu rosto. Sinto o pingente gélido de seu cordão, tocar meu pescoço, me causando arrepios.
— Tá fazendo o que aqui? — sussurro — como entrou?
Ele abre um sorriso, mostrando-me seus dentes alinhados.
— Pensou mesmo que eu iria te deixar? Você é muito inocente, Mari — Ele sussurra em meu ouvido.
Sua mão desce até a barra de minha blusa a levantando em questão de segundos. Sinto seus dedos quentes contornando meu umbigo e descendo vagarosamente. Minha barriga se contraí naturalmente, aquilo era bom e provocava-me cócegas.
Fecho meus olhos tentando capturar o máximo de seu toque. Não quero esquecer disto.
Eu se quer sei o porquê de estar gostando tanto de suas carícias, quando na verdade foi eu quem não quis nada. Eu o afastei grosseiramente. Talvez isto seja arrependimento, ou apenas me sinto carente. Esse homem é o retrato da tentação, deixando qualquer mulher a beira de perder a sanidade mental. Quando estou ao seu lado sinto a minha se esvair aos poucos.
Quando dou por mim seus dedos abrem o botão de minha calça com uma facilidade incrível. Ele tem mestrado nisto.
— Felipe... — Murmuro quando sinto seus dedos tocarem minha intimidade.
Sensação indecifrável. Nossa primeira vez foi rápida, não podíamos nos liberar por conta de sua mãe, mas agora era somente nós dois. Sem restrições.
É como se algo dentro de mim esperasse por isto a bastante tempo.
— Abre os olhos — Ele pede, eu faço — quero você para mim.
Ao ouvir isto meu coração dispara e finalmente seu dedo chega ao ponto.
Desperto assustada. Algumas gotas de suor rolam pelo meu rosto, minha respiração estava pesada, foi difícil raciocinar.
Foi um sonho.
Foi tudo um maldito sonho. Me sinto frustrada e surpresa comigo mesma. Nunca imaginei que minha reação seria essa, gostar de sentir os toques de alguém que não quero por perto.
Poderia ser a tal síndrome de estocolmo, que nada! Não irei por a culpa na síndrome, isto é vontade de tê-lo novamente. Nunca vou entender o efeito que Felipe tem sobre mim, sobre as pessoas. Será que era isto o que Cristiane sentirá? O que a fazia ignorar todos os defeitos desse homem.
Me sento em minha cama, sentindo um pouco de tontura. Minha visão ficou turva. Preciso comer.
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CDC - Concluída.
Подростковая литератураHomem rude, mente fechada, usuário de cocaína e com a mente dominada por demônios tão confusos quanto o mesmo. Coração na sola do pé - exerto por uma pessoa; sua mãe -, e por isso Felipe irá contratar uma cuidadora de idosos, Mariana Ribeiro. Sem t...