18

58.9K 4.5K 884
                                    

As mãos ásperas de Bonga deslizam sobre minhas pernas, me ajeitando no banco de trás do carro do marido de Ana. Eu estava completamente acabada, o que lembro foi de ter visto Felipe beijar uma menina, chorei no ombro de Bonga sem ao menos ele saber o porquê, ótimo outro mico. Após meu show de chororô, Ana decidiu que era melhor irmos embora. E cá estou eu, deitada no banco do carro, mas eu me diverti.

- Ana, eu passei vergonha? - Pergunto quando o carro da partida.

- Vou mentir não, passou - Diz rindo.

- Seu irmão é um lixo - Digo embolado - Ele só me usou.

Novamente torno a chorar.

- Aí, Mariana um dia tu vai sair dessa de Felipe.

Ela diz e seu marido ri.

Fecho meus olhos para controlar as lágrimas e apago.

Quando recupero um pouco de minha consciência, Ana me da um copo de café e me manda deitar assim que eu terminasse. Depois que a mesma saiu, já não lembro o que houve.

Ouço uma voz, era de Felipe. Tento abrir meus olhos mas foi impossível.

Ret.

Termino meu banho e visto uma das minhas melhores roupas. Tô pegando uma patricinha da Barra, hoje ela vem comigo pro baile. Tá achando que é de um jeito, quando chegar é completamente diferente.

Entro no quarto de minha mãe e beijo sua testa. Tento ignorar a presença mais que forte de Mariana no local. Esse jeito orgulhoso dela acaba comigo, o papo é que eu não sou trouxa e não sou de perder a linha por mulher alguma e não vai ser agora que vou começar.

- Não vou vir pra casa hoje, não precisa deixar comida - Digo brevemente, ela apenas acena com a cabeça.

Vontade de tirar essa marra dela no tapa.

Saio de casa dando de cara com Ana ela passa direto sem nem falar comigo. Ótimo, sou otario mesmo, ninguém tem respeito.

Na casa da patricinha foi a mesma merda, comi com ela e comi ela. Enquanto ela se arrumava para o baile e ficava pensando o que Mariana estaria fazendo aquela hora. A retardada deve estar comendo, só sabe fazer isso.

Ultimamente minha cabeça tem ficado cheia de problemas, desde que mandei sumirem com Cristiane convivo com a culpa. Simplesmente achei que ela era a x9, mas mesmo depois de ela ter sido morta, o bagulho ainda está doido pro meu lado.

Hoje três moleques foram pegar um carregamento, isso irá da um levante legal na boca.

Olho para a cômoda rosa e vejo um retrato da patricinha junto a seu pai. Meu pensamento se direciona a Mariana, tão nova mas tem tanta responsabilidade sobre si.

- E então? - Clarice sai do banheiro vestida em seu short curto e seu top.

- O que? - Pergunto sem entender.

Ela bufa e rola os olhos, como Mariana faz.

- Como estou? Quero parecer o máximo com as meninas de lá - Diz convicta.

Apenas solto uma risada. Essas minas são maluca. Dentro do elevador recebo uma mensagem, era um dos moleques avisando que a mercadoria já estava no morro.

Que maravilha.

Chego na quadra e Clarice já chama atenção dos malandros. Quando entro a música da facção começa a tocar, um dos vapores me avisa que Ana estava lá junto ao seu marido e Mariana.

Mas que merda a esta fazendo aqui? Isso nem é lugar para ela. Deixo a patricinha no camarote e vou atrás de Ana. Quando finamente a encontro vejo Mariana agarrada com meu parceiro Bonga.

- Quem está com a minha mãe? - Pergunto ao ouvido de Ana que se assusta.

- Minha mãe está dormindo, Felipe. Ela não é nenhuma criança que precisa de babá pela madrugada - Diz debochada.

- Essa puta aí tá fodida comigo - Digo sobre Mariana.

- Eu quem deu a folga para ela, querido - Ana diz batendo em seu peito.

Faço um sinal de positivo e fito Mariana novamente. Volto Pará o camarote cheio de raiva no coração, nego perde a noção.

Não tenho porra nenhuma com a vida dessa mulher mas eu pago ela para uma coisa e não para outra. Decido beber alguma coisa apenas para me distrair.

- Dança comigo, delícia - A patricinha diz ao pé do meu ouvido.

Em seguida ela me beija, bastou para meu pau ficar duro em dois tempos.

Lá de cima eu observei ela abraçada com o maluco, na maior intimidade. Ignorei a existência dela por algum tempo e conversei, bebi, dancei com a mina que merecia minha atenção.

Tudo parecia tranquilo até eu não os ver mais lá em baixo. Luto contra a minha vontade de ser orgulhoso e desço para saber onde ela estava. Vejo o carro do vacilão do marido de Ana dar partida mas Mariana não estava com ele.

A vagabunda foi liberar para outro, normal. Volto para o camarote onde permaço por pouco tempo. Não deveria mas aquilo acabou com a minha noite, mas que porra tá acontecendo, irmão?

- Bora, vou te levar pra casa - Digo para a loira.

- Ah, não. Não quero ir - Diz tentando dançar.

Bufo sem paciência.

- Bora, cara. Tô sem paciência

- Eh vou ficar, já falei - Ela diz.

Clarice achou que eu fosse ficar após esse drama, porra nenhuma, meti meu pé firme. Só deixei avisado pará ficarem de olho e chamarem um taxi pra ela. Quero pai de patricinha fazendo protesto contra favela, não. Depois essas porra morrem e a culpa cai para nós.

Subo na moto ignorando totalmente as vozes que me chamavam. O bagulho é que eu só queria estar em casa.

Relaxar meu corpo e minha mente.

Quando chego no portão de casa vejo o carro do otario parado, o que significa que Ana estava na minha casa. Por um momento pensei que Mariana poderia estar junto a ela.

Deixo a moto no descanso, ali na calçada mesmo. Quando vou descendo da moto Ana sai acompanhada por seu marido.

- Ué, veio pra casa? - Pergunta debochada.

- Já tá passando dos limites, corto suas asas em dois tempos. - Digo autoritário, completamente sem paciência.

Seu marido molenga finge demência e vai para o carro.

Passo por Ana e abro o portão.

- Pega leve com ela. Ela tá muito ruim, dei um copo de café pra ela tomar - Explica.

Então Mariana não tinha saído com Bonga... Bom saber.

CDC - Concluída.Onde histórias criam vida. Descubra agora