Um copo de cerveja atrás do outro, gosto disto. Há quem diga que cerveja não nos deixe bêbado entregando, eu estava no mínimo alta. Já sambava — ou tentava — coisa que normalmente eu nunca faria, sobre hipótese alguma. Felipe antes estará ao meu lado, mas logo foi de encontro ao quintal, onde estava uma quantidade maior de pessoas. Gosta de chamar uma atenção.
Não vejo Gleyce desde que cheguei, Ana havia dito que a mesma estará ao quarto de cima, descansando porque não havia dormido em momento algum e queria ingerir bebidas alcoólicas, — óbvio que ela não deixou — e isto frustrou sua mãe.
Karol nos apresentou uma amiga, Rayssa. Não era extremamente educada, mas uma ótima pessoa para se beber, se solta e faz questão de preparar o ambiente para nós, da maneira extravagante dela, é claro. Mesmo não me conhecendo ela foi super acessível e descontraída. Dança, fala, xinga, sem se incomodar com nada e ninguém. Essa sim, vive um dia de cada vez.
Observo Karol se aproximar de mim com três garrafas de Ousadia em mãos. Ela abre um sorriso para mim e Ana, que estava agarrada no pescoço de seu marido, este que por um tempo parou de me encarar me causando um certo alívio.
— Agora começa a festa, raxas — Diz alegremente.
Seco minhas mãos que antes estavam nas louças e pego uma pequena garrafa daquela.
— Isso é o demônio — Diz Ana. — quem vai gostar é a Rayssa... Falando nisso, cadê ela? — completa.
— Verdade, ela havia dito que iria ir ao banheiro. — Comuniquei.
Faz meia hora ou mais que a mulher havia saído.
— Esquece ela, bi. Vamos beber — Diz Karol.
Ela estava desconversando.
— Karol, vem cá. Rapidinho — Ana chama pela mulher que suspira.
Aquilo estava estranho demais. Me encosto na pia, deixando a garrafa em cima da mesma. Levo minhas mãos aos cabelos e novamente sinto os olhos daquele homem, me fuzilar. Desta vez tomo uma dose de coragem e o encaro.
— Da pra parar? — Digo maneirando o tom de forma que só ele ouvisse.
O babaca apenas ri e da um gole em sua cerveja.
— Muito inocente você. Se for ficar com ele, vai ter que ser mais esperta. — Diz sorrindo, sem me encarar.
— Tá querendo dizer o que? — Indago.
— Cê nem é tão burra assim, mina.
Ergo minhas sobrancelhas e antes que eu possa dizer algo, os pontos se ligam. Então era esse o motivo da fofoca entre Karol e Ana, e o motivo deste homem estar me dizendo isso.
Eu. Vou. Mata. Esse. Filho. Da. Puta.
Não respondo, apenas ando rapidamente até o quarto de Ana, no caminho esbarro na mesma que provavelmente já se ligou no que estará acontecendo. No quarto só havia sua mãe, corro para o quintal passando no meio daquelas pessoas que sorriam e dançavam sem parar.
Meu Deus, meu coração doía só de pensar na hipótese...
Quando dei por mim meus olhos já denunciavam a dor, estavam cheios de lágrimas.
Entro dentro da casa novamente e me direciono ao banheiro, tenho abrir a porta mas a mesma estava fechada.
Ouço um "tem gente" seguido de uma risada. Não me seguro e chuto a porta, três vezes. Meu ódio era palpável, descomunal.
— Ai, Jesus — Ouço Karol dizer atrás de mim.
A porta não abre mas o plástico de cima se quebra, me dando a visão perfeita de quem estará lá dentro. Rayssa de pé e Felipe sentado sobre a tampa da privada, com uma nota enrolada e cocaína em cima da capa de um celular.
— ABRE ESSA PORRA — Grito enfurecida. Rayssa abre a porta com toda tranquilidade do mundo.
Em pensar que eu estava elogiando essa biscate.
Felipe se levanta e abre um sorriso tosco, tenta me abraçar mas eu dou um tapa em seu rosto com toda a minha força. Agora sim, ao menos os que presenciavam a cena, estavam surpresos. Após cambalear um pouco ele agarra meu pescoço, me joga contra a parede batendo minha cabeça na mesma.
Antes que eu pudesse ficar sem ar, Karol o tira de cima de mim e o arrasta para fora do banheiro. Felipe estará em um nível tão ruim que dizia coisas sem nexo e ria. Rayssa estava com suas mãos a boca, surpresa. Seus olhos vermelhos e o cheiro denunciará o uso de Canabis. Eu poderia facilmente quebrar os ossos delas, mas isso não me faria uma pessoa melhor, muito pelo contrário.
Karol arrasta o homem para fora da casa enquanto os demais ali presente observam atentamente. Caminho em direção a Ana me sentindo um pouco envergonhada pelo que fiz.
— Ana, me desculpe — Suspiro — pela porta. Eu posso comprar outra.
— Não precisa, só...poupe minha casa da próxima vez. — ela ria — desculpa você, por ele. Felipe merece sofrer e espero que você faça isto.
Suas palavras me surpreendem como nunca.
— Certo.
— E você — Ela aponta para Rayssa — fora da minha casa, ou eu te quebro.
— Eu não fiz nada. Nós não fizemos nada. — Defende ela. — ele só estava na abstinência.
Sua voz torna-se insuportável aos meus ouvidos. Rolo os olhos e levo minhas mãos aos cabelos, completamente irritada.
— Vou pedir para Mario te levar para casa — Ana diz. — Karol foi pedir para alguém levá-lo para casa.
Nego algumas vezes com a cabeça.
— Não mesmo. Desta vez eu não vou fugir, vou para casa do seu irmão. Tenho muito o que dizer.
Ana apenas encara seu marido. Aquela troca de olhares foi estranha.
— Eu te levo. — Mario se pronuncia.
Minha vontade era de negar, mas Ana poderia desconfiar de algo. Apenas aceno com a cabeça saindo do local junto ao rapaz. Não me importo se Rayssa ficará ou não naquele lugar, no momento meu ódio por Ret arde muito mais.
Ela havia dito que não fizeram nada, coisa que é praticamente impossível de se acreditar. Ele havia ficado três dias sem usar nada, por mim e hoje ele caiu em tentação. Eu simplesmente não sei lidar com isso, com uma pessoa viciada. Também não entendo o motivo de Rayssa estar com ele naquele banheiro.
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CDC - Concluída.
Ficção AdolescenteHomem rude, mente fechada, usuário de cocaína e com a mente dominada por demônios tão confusos quanto o mesmo. Coração na sola do pé - exerto por uma pessoa; sua mãe -, e por isso Felipe irá contratar uma cuidadora de idosos, Mariana Ribeiro. Sem t...