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Luzia não trocou muitas palavras comigo, talvez não tenha gostado de ter que ficar com Gleyce. Não me importo, cansei de fazer tarefa dela sem reclamar.

Vou até o quarto da mãe de Felipe para verificar se estava tudo certo mas algo me dizia que ela não estava bem. Ouço a voz grave de Felipe vindo da sala mas ignoro.

- Você não esta bem, ne? - Pergunto para a mulher, que em resposta levanta sua mão e consequentemente o indicador.

Fico paralisada de alegria ao ver aquilo, ela estava mostrando resultados positivos.

Corro até a porta abrindo a mesma.

- Felipe, corre aqui. - Digo para o homem sem camisa na sala.

- To saindo agora...

- Anda!

Quem esta de longe não consegue ter noção do tamanho do amor que ele tem por essa mãe, algo realmente incrível, que fascina.

Mas por alguns minutos aquela felicidade se esvaiu quando o celular dele fez um maldito barulho. Então sua feição mudou, ele passou feito um furacão por mim e se foi... Nos olhos de Gleyce eu poderia ver a angústia estampada, o que eu poderia dizer para amenizar se eu também fico angustiada toda a vez que ele sai pelo portão.

- Vamos comer alguma coisa? - Digo mantendo um tom de empolgação...ou tentando.

O que sera que aconteceu?

O relógio da cozinha, em formato de talheres me mostrava o quão idiota eu era por estar 01h00 da manhã preocupada com ele. Não deveria esta tudo errado, até tentei dormir mas o cheiro dele estava no maldito travesseiro. 

Falando nisso, ele me prometeu uma cama e até agora, nada. Solto ma leve risada por pensar em toda essa situação.

Dou um pulo da cadeira quando ouço barulho vindo do quintal.  Deixo meu copo com Coca em cima da mesa e me direciono até a porta. Quando abro a mesma, vejo Felipe aos beijos com uma morena alta, ele estava dedando a mulher que rolava os olhos. Quando a mesma abriu os olhos e me viu, ela se esquivou. Felipe se virou para mim. Ele estava completamente bêbado, tentando se manter de pé.

- Vem - Diz pegando a mão da menina e guiando para dentro da casa.

- Nem pensar. Desculpa, mas vocês não vão fazer isso comigo e com sua mãe aqui. - Digo sentindo um nó em minha garganta.

Que merda é essa?

- A casa é minha - Ele diz e solta a mão da garota - hummm, já sei. - Ele se vira para a menina - Pode ir.

A garota sem entender o que estava acontecendo apenas pergunta sobre sua calcinha. Ele diz que está no carro e que não iria pegar, ela sai bufando. Algo me diz que essa garota é menor de idade. Só de pensar que ele transou com ela dentro do carro, me da ânsia.

Quando o portão se fecha eu entro, em seguida ouço a porta bater. Me viro para reclamar sobre o barulho mas Felipe ja estava em cima de mim. Suas mãos prenderam meu corpo para si.

- Me solta - Digo me debatendo.

- Tu gosta de abrir as pernas pra mim. - Seu bafo era de alcoól puro.

- Ta achando que eu sou o que? Seu merda! Volta para a vagabunda que te deu no carro.

Digo transbordando raiva.

- Tu é uma piranha que gosta de me da. Estava me esperando para que? - Ele diz e me solta bruscamente.

Sinto as lágrimas descerem sem permissão. Ele estava me humilhando.

- Olha para você - digo o analisando - Você é um drogado que não assume precisar de ajuda. Acha que tudo se resolve cheirando - Digo alterando minha voz - Então vai amigo, joga o pó na mesa, vamos cheirar a noite toda - Finjo animação.  Ele apenas me observa atentamente, sem nenhuma expressão. - Todos nós temos problemas o mundo não gira em torno de você. Deixa de ser um merda e enfrente tudo como homem.

Termino de dizer e sua mão vai de encontro ao meu maxilar, a outra segurava meu cabelo com força.  Seus olhos estavam sem vida, sem amor. Repleto de ódio ele me apertava ainda mais.

- Tua sorte é que eu não bato em mulher, puta infeliz - Felipe diz entre dentes e me joga sobre o sofá. 

Ainda cambaleando ele vai para deu quarto.

Passo minhas mãos em meu rosto para limpar qualquer rastro de lágrimas, ele e sua arrogância não merecem. Que dia, uma coisa atrás da outra.

As horas se passaram lentamente enquanto permaneci sentada naquele sofá. Quando o dia amanheceu vi Luzia chegar, ela me deu um breve "bom dia" e foi para a cozinha, após sua chegada o cheiro de café subiu e Felipe acordou. Ele entrou na cozinha mas talvez não tenha me visto na sala.

Ja chega, eu não fui criada para me sujeitar a abusos de macho escroto. Me levanto indo até o quarto de Gleyce que ainda dormia.  Arrumo o pouco de coisas que eu tinha.

Meus olhas ardiam por conta da noite sem dormir. Saio do quarto indo em direção a cozinha, repleta de coragem para encara-lo. A atenção de Luzia e do homem se voltam para mim.

Felipe estava sentado tomando café, ao lado havia um comprimido. Tomara que a cabeça exploda.

- Estou indo embora. Nem precisa me pagar os dias - Digo autoritária.

- Para de graça. - Ele diz.

Naquele momento me sinto uma criança fazendo drama, mas tenho minhas razões.

- Não é graça. Você melhor que ninguém sabe o que houve, ou a bebida deu amnésia? - Digo debochada, fazendo com que ele se levante da cadeira e venha em minha direção.

Felipe me impressa contra o pequeno balcão de mármore, segurando meus pulsos para baixo, sem aperta-los. Pude ouvir quando Luzia se assustou com aquele ato vindo dele. "Ai, jesus" foi tudo o que mesma disse.

Meu coração batia forte, não por estar com meu corpo colado ao dele e casualmente sentir sua ereção matinal. Ah, quem me dera fosse por isso mas era por medo, raiva.

- Seu lugar é aqui, tu não vai a lugar nenhum. - Ele disse pausadamente mas firme.

Felipe me solta, pega se café e sai da cozinha bufando. Me viro para Luzia que me encarava sem acreditar. Que vergonha.  Aquilo foi uma ameaça, não muito direta, mas foi. Como dizem, "Para um bom entendedor, meia palavra basta".

- O que aconteceu? - Luzia pergunta.

- Eu fiz merda, Luzia. Uma grande merda - Digo me referindo ao dia que dei para esse homem.

CDC - Concluída.Onde histórias criam vida. Descubra agora