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A bebida começará a fazer efeito em meu organismo, o gosto da vodka já não era algo incômodo. Felipe terminará de cortar o frango enquanto eu canto algumas músicas do Roberto Carlos.

Nem em um milhão de anos eu poderia me imaginar passando por isto. Se um dia alguém me dissesse, eu não acreditaria.

— Posso por sua comida? — Ele pergunta.

— Não precisa se incomodar.

Me levanto colocando o copo em cima da mesa. Me coloco ao seu lado mexendo nas panelas de alumínio. Impossível não sentir seu olhar queimar sob mim

— Come logo, nós vamos para a comunidade. Vai ter uma queima de fogos maneira. — Diz ele.

— Não estou muito animada.

— Não estou pedindo, Mariana. Você vai.

Opto por não debater, apenas ponho minha comida e me sento. Felipe quase não comia, ficava observando o celular a cada cinco minutos. A comida estará deliciosa, impossível de acreditar que Felipe foi capaz de fazer.

Termino minha refeição e me levanto, chamando sua atenção.

— Vou me trocar. — Digo rude.

Poucos minutos atrás ele estava com sua atenção em mim, estávamos em uma conversa civilizada, ou não, e agora Felipe não consegue desviar a maldita atenção do celular.

Reviro meu velho guarda roupas em busca de algo descente, não era um dia comum e para completar estará um frio terrível. Ponho um vestido preto de manga longa e uma rasteirinha. Outro banho naquele frio não seria uma opção. Ponho algumas coisas dentro da minha única e exclusiva bolsa e saio do quarto apagando a luz.

Ele havia terminado de comer. Agora estava de pé encostado na pia, com um copo em mão e o celular em outra. Busco pelo meu, assim que encontro o guardo na bolsa.

— Vai pegar mais alguma coisa? — Pergunta ele. Eu apenas nego, imitando minhas palavras — tá puta comigo?

Sim.

— Não, por que estaria? — Indago com a voz carregada de ironia.

— Bora.

Reviro meus olhos e desligo a televisão enquanto o homem se certifica de não ter esquecido algo. Poderia facilmente dizer que mais dois copos de qualquer bebida alcoólica, me deixariam bêbada.

Saímos de casa vendo algumas pessoas sentadas no portão. Havia comemoração em todo canto, todos esperando a grande virada. Saio de meus pensamentos quando Felipe abre a porta para que eu possa entrar. Não demora muito para que ele desse partida. Novamente ele pega o celular.

— Da para largar isso? — digo raivosa — você está dirigindo. As meninas podem esperar.

— Que meninas? Viaja não, tá tirando ideia errada de mim, aí.

— Vai dizer que estou mentindo agora? Não precisa omitir, Felipe.

Meninas é o que mais tem, mas eu gosto de mulher. No cargo que tenho não posso sair pegando geral, tenho que manter a postura.

O rapaz visivelmente irritado guarda o celular no bolso.

— E a menina que você pega lá na comunidade? — Disparo.

Céus, eu estava completamente enciumada. Não conseguia me controlar.

— Que menina, Mariana? — Felipe respira fundo.

Achei que gostasse de chupão.— Repito a frase dita pela mesma. Ele parecia se esforçar para lembrar.

— Mariana, se vamos ter algo é bom que você saiba que detesto ciúmes. Fica na sua, é melhor.

CDC - Concluída.Onde histórias criam vida. Descubra agora