53 (Ret)

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Minha mente estava voando, a cena dos dois conversando na maior intimidade me gera uma aflição do caralho, uma necessidade absurda de saber o que estava tão interessante.

Por mim eu a proibida de dialogar com qualquer um, seja homem ou mulher. Não confio em ninguém e Mariana é completamente o oposto, confia em geral. Nessa de ser muito boazinha, ela acha que passa batida, merda nenhuma. Só estou guardando. Pediu pro mano comprar remédio de cólica e os caralho, que intimidade é essa? Não sem sentido. Só esperei ela se distrair e mandei mensagem para Diguinho. Eu estava tão fissurado que se quer tive tempo para pensar no que essa filha da puta me fez.

Meu braço está ardendo. Uma dor que não passa.

Desenrola o papo.” Mando para ele, não demora muito e recebo sua mensagem.

Sabia que tu ia mandar mensagem, irmão. Relaxa. Sabe que tenho amor a vida, jamais teria algo com sua mulher.”

“ Não quero você perto dela. Nem você e nem ninguém. Agora fala o que tanto vocês conversaram”

“Ela tá grávida, parceiro. Só pediu pra eu comprar um bagulho pra verificar.”

— Porra. — Reclamo ao ler.

Mariana está grávida. Era tudo o que pairava em minha mente. Abro um sorriso involuntário, uma animação do caralho. Que porra ela acha que está fazendo contando para os outros e não para mim? Quem fez fui eu, caralho.

Ela vai sofrer um pouco, só pela atitude.

Me levanto rapidamente, vou até meu guarda roupas e retiro duas embalagens de camisinhas que estão ali a séculos. Ponho no bolso do meu short, junto ao remédio — que havia ganhado no posto — e me sento na cama, encostando meu corpo na cabeceira.

Vou fazer essa mulher quicar de raiva.

— MARIANA — Chamo pelo seu nome.

Desta forma ela saberá que estou sem paciência.

Já estou indo.

Ouço sua voz tristonha. Isto confirma, ela está grávida.

Vou ser pai, tem coisa melhor? Porra nenhuma.

Mariana sai do banheiro rapidamente, corre seus olhos pelo quarto — está a procura de seu celular — quando o encontra perde sua atenção somente para o mesmo. Permaneço com meus olhos sob ela.

— Solta essa merda. Fica comigo. — Peço grosseiramente.

No mesmo instante ela solta o celular e se deita ao meu lado. Bateu maior pena, mas faz parte. Seus olhos castanhos estão ficados na televisão e os meus em sua tatuagem no pescoço. 

— Uma pena Ana não ter filhos, né? — Ela pergunta.

A mulher não sabe disfarçar. Está complicado segurar a vontade de rir. Volto meus olhos a televisão.

— Por que?

Me faço de desentendido e continuo prestando atenção no jogo.

— Ah, eu gosto de crianças. — Responde.

— Tá maluca. Criança só dá trabalho. Acho até melhor tu cortar essa onda. Detesto essas porra. Daqui a pouco quer ter filho. — Respondo olhando para ela — Pega o remédio no bolso da minha bermuda. Ganhei lá no posto.

No mesmo instante sua feição muda. Mariana estará terrivelmente chateada, não esperava por uma resposta como essa. Penso em dizer que já sei toda a verdade, em dizer que eu quero o pivete mas porra...irritar ela é minha arte.

CDC - Concluída.Onde histórias criam vida. Descubra agora