Encontro no balcão, bebericando meu café em seguida. Estava perfeito, do jeito que gosto. Observo as pessoas caminhando naquela lanchonete e me pergunto quantas pessoas acabará de perder um ente querido neste lugar.
As enfermeiras passando apressadamente me desperta o desejo por minha faculdade, um desejo impossível agora. Será que um dia irei conseguir um bom emprego, fazer minha faculdade e finalmente vencer na vida? Nessa altura do campeonato, nem não tenho certeza de mais nada.
— Mariana?
Sou puxada de meus devaneios quando alguém chama pelo meu nome. Me viro para confirmar minha suspeita. Era ele, Eduardo.
Foi inevitável não abrir um sorriso espontâneo. Ele estava aqui para me ajudar. Minha felicidade era tanta que deixo meu café no balcão, avanço o sinal dando um abraço no mesmo. Eduardo retribuí, um abraço tímido. Me dou conta do que fiz e que ele não estava nenhum pouco a vontade, me afasto subitamente.
— Que bom que você veio — Digo pegando meu café novamente.
— Já conversei com um amigo. Seu pai será transferido ainda hoje. — Diz rude.
— Não sei como te agradecer, de verdade. — Digo sem jeito. — acho que lhe devo um pedido de desculpas.
— Por que acha isso?
Noto um pouco de ironia em sua voz
— Eduardo...— Suspiro — ele foi até minha casa, disse a meu pai que era meu namorado...
— Você quis beija-lo? — Pergunta sem pudor.
Observo o local para ter certeza de que ninguém estará a prestar atenção na nossa conversa.
Eu poderia facilmente mentir, seria menos complexo.
— Quis. — Digo sem jeito.
— Ótimo, achei que iria mentir. — Ele se aproxima — Não tínhamos nada, Mariana, infelizmente. Pensei um pouco e cheguei a conclusão que não posso ficar com raiva de você.
— Infelizmente?
Pergunto surpresa.
— Isto não importa agora. Não digo que voltará a ser como antes. Estou aqui pelo seu pai, pela vida.
Penas aceno com a cabeça.
Nada será como antes? Naquele momento vi que se for para escolher alguém, ente alguém teria que ser Eduardo. Eu farei de tudo para conseguir sua amizade novamente.
Uma semana depois...
Guardo o edredom sujo em uma bolsa de mercado, irei levá-lo para casa, precisa ser lavado.
Papai já havia sido transferido para a clínica, mas infelizmente seu estado piorou, estava fraco e não poderia fazer a cirurgia, o mesmo não conseguirá comer.
Observo o homem deitado a minha frente e me arrependo por não poder ter lhe dado a alimentação correta, tudo o que ele merecia. Infelizmente sou uma miserável, veja, não tenho nem mais o dinheiro para voltar para casa. Não consigo ir trabalhar, quando vou, não consigo muito dinheiro.
Eduardo tem me ajudado como ninguém, sempre que pode vem nos fazer companhia, fica com meu pai para que eu posso ir em casa tomar um banho. Me sinto uma boba por quase ter o perdido, quer dizer, sua amizade.
Não posso negar, sinto algo por ele, algo forte.
Desde o ocorrido em minha residência, Felipe não me ligou, não foi até minha casa ou se preocupou em saber como eu estava. Não que eu faça questão mas senti algo estranho. Nem mesmo Ana me liga ou manda alguma mensagem.
Talvez tudo estivesse voltando a ser como deveria, só falta meu pai se recuperar.
— ...Mariana, acorda!
Me viro avistando Eduardo me encarando burlesco. Hoje ele não usará camisa social, como sempre. Um camisa polo, calça jeans e tênis. Ele é perfeito.
— Desculpe, eu não o vi chegar. — Digo constrangida.
— Você está muito desatenta.
— Um pouco.
— Como ele está? Alguma novidade?
Ele se aproxima de meu pai que dormia profundamente por conta dos remédios.
— Nenhuma. Acordou sentindo dores e aplicaram sedativo. — Suspiro encarando meu pai — não sei o que fazer.
— Primeiro você vai almoçar, depois vai para casa descansar. — Sinto seu olhar sob mim — Você está magra.
— Sempre achei que isto fosse impossível. Eu ficar mais magra — Digo brincando.
— Sabe que você é linda, independente de qualquer coisa.
Coro com seu comentário. Vejo Eduardo buscar por sua carteira no bolso de trás de sua jeans, o mesmo me oferece uma nota de cem. O encarei sem entender.
— Para você almoçar, o restante fica para a passagem. Não adianta ser orgulhosa, eu sei que você não está com dinheiro.
Entorto meus lábios e aceito o dinheiro. Acho memorável sua atitude mas minha independência vai pastar com isso.
— Obrigada, por tudo. — Digo fitando o chão.
Pude observar seu tênis e sua meia branquinha, nem as minhas eram tão brancas. Sempre ficam marcadas embaixo.
Ele estava próximo a mim, próximo demais.
— Se soubesse o que tenho vontade de fazer com você quando fica vermelha assim. — Ele diz de maneira que só eu ouvisse.
Sua mão subiu até meus cabelos o colocando atrás da minha orelha. Me arrependo por não ter lavado meus cabelos.
— Tenho vontade de montar em você todas as vezes que te vejo.
Aquelas palavras escalaram de minha boca sem ao menos eu perceber. Mas é a mais pura verdade, eu ansiava pelos braços musculosos de Eduardo em volta do meu corpo. Ele é tão grande em relação ao corpo, eu tão magra. Quando o mesmo me abraça é com se eu pudesse quebrar a qualquer momento.
— Cara de Santa, safada na hora certa...— sussurra com seus lábios colados aos meus.
Logo o mesmo se afasta, me recomponho ao notar a situação em que estávamos. Nada legal.
— Bom, já vou indo. Vai ficar bem aqui — Pergunto rapidamente.
— Sim. Pode ir tranquila. Qualquer imprevisto te ligo.
Assinto, vou até meu pai e dou um beijo em sua testa. Pego a bolsa com o edredom e saio daquele hospital apressadamente, meu estômago gritava comigo a todo tempo. A comida da clínica era excelente, mas não havia tempero algum.
Faço um almoço bem rápido em um restaurante não muito luxuoso ao outro lado da rua. Caminho rapidamente para a estação de trem.
Espero que não venha lotado.
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CDC - Concluída.
Fiksi RemajaHomem rude, mente fechada, usuário de cocaína e com a mente dominada por demônios tão confusos quanto o mesmo. Coração na sola do pé - exerto por uma pessoa; sua mãe -, e por isso Felipe irá contratar uma cuidadora de idosos, Mariana Ribeiro. Sem t...