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Ana conversava com Felipe como se nada tivesse acontecido - es a famosa briga de irmãos - o clima estava pesado para mim, além do arrependimento de ter feito algo ruim com Rayssa, tenho essa dúvida em minha mente em relação a Ana. Quem é você? É estranho pensar que você conhece uma pessoa - mesmo que a curto prazo - e na verdade não conhece um terço. Ret sempre tentou me alertar, nunca dei ouvidos, achei que fosse algo da mente demoníaca dele, entretanto, sua própria mãe fez uma afirmação.

— Então esta decido, iremos fazer uma festa. — Ana diz empolgada.

— Festa? — Pergunto saindo de meus devaneios.

— Tá dormindo, cara? — Felipe pergunta grosseiramente — pensando em que?

— Vai querer mandar nos pensamentos da menina também? — Gleyce dispara.

— Então, Mariana. Nós vamos fazer uma festinha para comemorar sua gestação. — Ana exala empolgação.

Não pude crer no que meus ouvidos estará a ouvir. Como uma pessoa consegue ser tão falsa a este ponto? A pouco ela comentou sobre aborto e agora quer fazer festa? Minha vontade é de chutar a porra do balde e dizer sobre nossa conversa mas já fiz confusão demais por hoje. Prefiro me abstrair e fingir demência por pouco tempo.

— É realmente necessário? — Pergunto.

— Claro. Minha cria vai assumir isso aqui, é melhor geral simpatizar — Ret diz.

Não me surpreende nada.

— Na verdade, a sucessora sou eu. — Dispara Ana.

— Tira essa ideia da cabeça. Você não serve para isso.

— Certo... — Ela suspira — quando você quer fazer?

— Vou deixar pra semana que vem.

— Exato. Preciso fazer o exame de sangue para confirmar. — Explico.

— Posso ir na segunda com você.

Ana se oferece. Não posso negar sua companhia sem levantar suspeitas, então assinto.

O domingo passou lentamente, fiquei sem ver Felipe o dia inteiro, ficou preso na maldita boca de fumo. Antes que o mercado fechasse ele pediu para os meninos deixarem as compras aqui em casa. Aproveitei o embalo e limpei o armário, geladeira e dei uma geral na cozinha. Acho que Luzia deve me odiar.

A noite Ana me liga para confirmar nossa saída ao dia seguinte, um desânimo toma conta de mim. Não queria ir com ela, mas sim com o pai do meu filho. Obviamente ele não iria e diria que tem muita coisa para fazer.

Termino de por minha janta e observo aquele arroz branquinho em meu prato. Minha boca saliva. Desesperadamente pego a panela de arroz e uma colher, me sento na cadeira e como o alimento. Deveria ser a oitava maravilha do mundo.

Dou um pulo involuntário da cadeira quando ouço a porta bater. Ele chegou.

— Seu lugar favorito na casa — Felipe brinca.

Me levanto correndo e tomo seu corpo para mim, em um abraço. Senti tanta saudade e nem sei porque.

— Senti sua falta, o dia inteiro.

Fito seus olhos.

— Será que essa saudade dura até mais tarde?

Ele beija meu pescoço. Eu desvio. Ultimamente não sinto vontade de ir aos finalmente.

— Está cansado?

Mudo de assunto e me afasto. Ele percebe.

— Para de fugir de mim, cara. Ontem tentei e você fez a mesma coisa.

CDC - Concluída.Onde histórias criam vida. Descubra agora