Capítulo 8

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O dia da prova chegou, era de se esperar que eu estivesse nervoso daquele jeito. Minha ansiedade estava armada e atacando com tudo o que tinha; o fato de ser a minha primeira prova do ano ajudou bastante.

Seco as mãos suadas nos jeans; coisa que eu não faria em qualquer outra circunstancia e comecei a mordiscar o lápis. Minha ansiedade estava batendo de frente com meu T.O.C naquele dia.

Folheei mais algumas vezes os resumos e os livros que eu peguei na biblioteca, eu sabia a matéria, droga. Aquilo estava saindo do controle; meu corpo estava gelado e meus pulmões pareciam não receber ar. Respirei fundo e repeti em voz alta:

-Se alguém pode ir bem nessa prova, é você.

Saio pela segunda vez do loft depois disso. Caminhei com receio até chegar a faculdade e quando cheguei alguns colegas de turma já haviam chegado.

***

-Se eu sonhar que alguém de vocês está colando, zero a média de vocês- enguli em seco. -Vocês tem uma hora- ele disse ao se sentar atrás da escrivaninha no meio da sala.

Depois de pouco mais de quarenta minutos eu termino a prova. Não estava tão difícil, na verdade quase tudo que eu estudei caiu, tirando as duas últimas.

Entreguei a prova e saí. Ainda aliviado pela prova, mas não sairia cantando vitória antes da hora.

***

-Oi Gen!- gritei quando a vi passar.

Ela se virou para mim e sorriu. Era incrível o quanto essa menina era linda.

-Oiiiii!- ela me abraçou.

-Adivinha quem arrasou na prova de Historia da Arquitetura!- eu disse animado e ela gritou eufórica.

-E adivinha quem arrasou na prova de Cultura e Consumo de Moda! - eu grito eufórico em resposta.

-Vamos comemorar- ela decide. -Sua casa- ela afirma e se despede antes de dar um beijo na minha bochecha.

-Te mando a localização- eu grito quando ela já esta sumindo de minha vista.

Cheguei em casa pouco depois disso. Estava vazia, aparentemente.

Percorri os olhos pelo apartamento, droga estava ficando um caos lá dentro. Álcool e um pouco de desinfetante dariam conta do recado. Suspirei, subi para o quarto, coloquei minha roupa velha que eu usava para limpar e comecei. Era estressante receber visitas, coisa que eu nunca mais recebi desde que cheguei aqui, além de que era a primeira vez que eu receberia alguém morando sozinho.

Percorri os olhos pela casa depois de limpar tudo; estava cheirosa e o chão não estava mais embaçado, sorri.

***

Tomei um banho e vesti uma roupa simples; finalizei meus cachos e desci para o andar de baixo. Droga, a geladeira estava vazia. Vou ter que ir no mercado; por sorte tem um perto de casa, não é muito grande, mas não é como se eu fosse fazer as compras do mês lá.

O ar estava frio. Típico do Noroeste Pacífico; me agarrei ao tecido fino que cobria meu corpo e continuei andando até chegar em casa.

Comecei a procura das chaves quando cheguei na porta, demorou pouco mais de dois minutos para eu entrar no loft e derrubar tudo no chão. É claro que eu tinha que esbarrar nele.

Encarei-o do chão esperando por uma fração de segundo que ele estendesse seu braço para me puxar e me fazer ficar de pé. O que, claro, não aconteceu. Ele sorriu quando me levantei por conta própria, bufando de desprezo.

-Acho que deixou cair alguma coisa- ele disse com ironia. 

Queria esfregar a cara dele no chão que eu acabei de limpar. Melhor ignorar meus instintos.

-Minha amiga vai vir aqui hoje, se não for vagabundar até as três da manhã não saia do quarto.

-Não pode ficar trazendo pessoas para cá- ele protestou.

-Ah sim, e isso se aplica as garotas que você trás para cá de madrugada? - olhei no fundo de seus olhos castanhos -Por favor Jason, me ajude a entender- a boca dele se contraiu em uma livra fina, e o maxilar ficou rígido.

-Foi o que eu imaginei- sorri vitorioso e virei as costas para juntar as coisas jogadas no chão.

A porta se chocou atrás de mim.

***

Gen ligou momentos depois, dizendo estar na porta.

-Meu pai amado, que casa perfeita- ela disse depois que entrou, me fazendo gargalhar envergonhado.

-Ah obrigado. 

-Pode ficar a vontade; como eles falam nos filmes? Mi casa es tu casa?- meu sotaque em espanhol é terrível.

Ela sorriu de maneira gentil, tirando seu casaco corta-vento estiloso e seus All Stars personalizados.

-Cara, eu nem imaginava que seu apartamento era enorme desse jeito- ela disse depois de um tempo assistindo Gossip Girl.

-Ah, é para caber o ego e a arrogância do Jason- olhei em direção a ela no sofá, estava fazendo minha especiaria: macarrão alho e óleo; é claro que ela tinha se oferecido para fazer. Eu neguei imediatamente, acho que eu posso dizer que sou meio paranoico no quesito comida.

Ela sorriu ainda vidrada na Tv e disse:

-Em falar nele, onde ele está?- engoli em seco, conheço Gen a pouco tempo; mas é tempo o suficiente para saber que ela iria importunar ele pelo resto da noite, e é claro que ele retribuiria.

-Saiu, eu acho- voltei minha atenção para a frigideira, o bacon e a calabresa já estavam fritos; coloquei pimenta e ervas secas e voltei a mexer.

-Estava animada para conhece-lo- ela diz vindo em minha direção.

-Aposto que sim- eu ri com escarnio -Pega os pratos na prateleira do canto? Está quase pronto- eu peço e ela assente dizendo um ''claro'' de modo gentil.

Momentos depois, despejo o macarrão já cozido na frigideira com os temperos e misturo tudo, colocando sobre o balcão de granito.

A porta do quarto de Jason abre.

-Merda- Gen vira, vitando-o com um misto de surpresa e curiosidade.

-Caralho que cheiro bom, desculpa Calvinzinho; estou faminto- estava sem camisa é claro.

Gen olha para mim com deboche.

-Acho que ele não saiu, a final de contas- disse sem graça.

-Ele sabia que eu não tinha saído- ele disse parando ao meu lado, segurando um prato de porcelana branca. -É que ele tem vergonha de expor nosso relacionamento, não é amor?- a voz dele transmitia pura ironia e diversão, então me fazendo paralisar, ele beijou minha bochecha. Serrei os dentes, a pele onde ele tinha posto aqueles malditos lábios formigava e estava quente.

-Você pode ir se foder, por favor- minha voz quase saiu como um grito.

-Oh, mas isso eu queria fazer com você, sozinho não é tão divertido- ele coloca a segunda concha de massa no prato. Deus, o que tem dentro daquela barriga definida?

Olhei com nojo para ele.

-Se as mocinhas já acabaram de flertar eu gostaria de voltar a comer- a voz de Gen se sobressaiu as nossas, tomando a atenção de ambos.

Minhas bochechas queimaram pela segunda vez naquela noite. Jason tossiu desconfortavelmente e se sentou na ponta do balcão. Eu me sentei na outra.

-Ai. Meu. Deus, isso aqui é melhor do que um orgasmo- Gen disse revirando os olhos em um prazer forçado. Jason concordou com a cabeça.

-Obrigado então- eu ri, colocando mais massa na minha boca.


Eai clã, demorou mas cá estoy jo

Espero que tenham gostado..

Beijos, até o próximo capítulo



Colega de quarto (para revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora