Capítulo 49

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~Jason

Ele insistiu que fôssemos em uma festa quando chegamos em casa, e eu posso dizer que foi.. estranho.

Quero dizer.. ele estava indo em festas frequentemente, mas não quer dizer que ainda não seja estranho. Tipo, de maluco do toc para bêbado de estilo vulgar? Ele parecia algum tipo de Effy de Skins.

Eu não disse nada apesar de tudo. E eu estava com medo pra caralho de dizer algo que o pudesse afastar de mim. O dia de hoje tinha sido tão bom, que por um momento eu tinha esquecido que não somos assim todos os dias. Não somos o tipo de pessoas que saem por aí para fazer compras. Não somos namorados. Não somos amigos. Não somos nada além de colegas de apartamento; afinal, ele me odeia.

E embora eu quisesse com todo o meu coração odiar ele de volta, eu não conseguia. Era como ser masoquista ou algo assim. Eu sabia que ficar perto dele era ruim para mim. Sabia que continuar insistindo nisso era ruim também. Mas eu não conseguia me afastar dele. Mesmo dormindo com o campus todo. Mesmo bebendo até esquecer meu nome, o dele ainda não deixava minha mente. Mesmo que eu dormisse fora todos os dias de todos os meses. Era uma droga.

O pior é que além de tudo isso ele ainda era um cara. Garotas eram fáceis de desvendar. Eu conseguia conquistar uma garota com a mesma facilidade que conseguia abrir um zíper. Mas ele não era a definição de fácil.

Eu lembro da primeira vez que senti algo por ele. Quando voltei bêbado em casa e ele assistia um filme ruim dos anos noventa. Eu o olhei e pensei em como seria a sensação de tocar sem cabelo, ou de beijar a pele pálida de seu pescoço. Eu me lembro de quando parei de flertar com ele de brincadeira e passei a flertar de verdade, mesmo ele ainda achando que era uma brincadeira cruel da minha parte. Eu me lembro de beija-lo; de brigar com ele, de me afastar dele.

Posso dizer com todas as letras que a sensação disso não é nada boa. Mas eu nunca vou dizer isso a ele também. Eu não posso correr o risco de machucá-lo mais do que ele já esta machucado.

-Ainda acho que essa ideia não é boa- eu digo, me odiando ao observar sua bunda deslizar pelo banco de couro da moto.

-Você viria para cá e beber até cair de qualquer jeito- ele diz para mim, me entregando o capacete.

O motivo de eu vir aqui e beber até cair é justamente você, pensei.

Ele atravessou o gramado poluído depois disso. Andando de forma leve, como se a grama vomitada e as garrafas de bebidas fossem algum tipo de paraíso.

Ele recebeu alguns olhares bêbados enquanto subia as escadas da varanda para chegar na música alta vinda da casa. Eu deslizei meu braço pela cintura dele e colei nossos corpos com apenas um puxão. Eles desviaram o olhar.

-O que você está fazendo?!- ele sussurrou irritado no meu ouvido conforme adentrávamos ainda mais a casa.

Recebemos dezenas de olhares surpresos e flash de celulares. Calvin tentava desesperadamente se soltar do meu braço quando passamos por uma menina que sussurrou para amiga: ''Eu disse a você que ele era bonito demais para ser hétero''.

-Tô tentando te ajudar- eu sussurrei de volta, afrouxando o aparto.

Ele se soltou de mim com tanta força que cambaleou até o balcão.

-E de que você estava me ajudando, exatamente?- ele perguntou meio irritadiço, enquanto esfregava região de seu quadril que colidiu ao balcão.

-Tinha uns caras te olhando esquisito pra sua bunda- eu disse, apoiando minhas mão em um balcão oposto ao dele. Achei ter visto ele observar meus braços por um segundo.

Colega de quarto (para revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora