Uma semana havia se passado desde que acordei com a cara entre o peito tatuado de Jason, que por a caso estava me abraçando com o rosto coberto pelas mechas de seu cabelo liso.
A ideia de dormir abraçado com ele usando apenas calça de moletom pereceu boa de madrugada. Péssima pela manhã.
Tentar me afastar de seu abraço gerou apenas um resmungo irritado vindo dele. Ele colocou sua perna sobre a minha para melhorar.
Rastejar também não deu certo, e não posso dizer que me matar não pareceu uma ótima opção naquela hora.
Suspirei uma. Duas. Três vezes.
Soltei os dedos de Jason do meu braço, um por um. Afastei o braço tatuado com iniciais e um olho realista, depois o braço com desenhos aleatórios.
Já tinha meio caminho andado.
Engolindo em seco, afastei sua perna longa de meu quadril. Tentei pegar apenas no tecido para evitar de acordá-lo.
Um sopro de alívio saiu de minha garganta quando me dei conta que não estava mais empoleirado em um cama minúscula agarrado no meu colega de quarto.
O lado bom de ter país rígidos, é que você aprende a fazer pequenas coisas que a maioria das pessoas não sabe, como: conseguir ouvir melhor quando alguém se aproxima, saber esconder muito bem o que sente, como mentir sem ao menos sua pulsação mudar..
Todos os anos que aperfeiçoei tentando fazer o mínimo barulho possível ao caminhar e fechar a porta me serviram de algo outra vez, quando fiz isso no quarto de Jason com maestria.
Andei pela casa ainda sem fazer barulho algum; subi as escadas e andei em direção ao banheiro, desviando o olhar do frasco em cima de meu criado mudo.
Tentei não pensar em quanto eu queria fazer uma faxina intensiva no banheiro quando vi os resquícios de areia que se acumularam na fresta próximo ao ralo enquanto ensaboava meu couro cabeludo.
Pouco tempo depois de me enxaguar, puxei minha toalha e sequei meu corpo e couro cabeludo com rapidez.
Fiz todo o ritual de cremes e perfumes naquela vez, mesmo ainda evitando espelhos o máximo que conseguia.
Não mudou tanta coisa desde semana passada.
Tudo o que eu tenho feito é trabalhar (estou indo de uber na ida e na volta, mesmo que consuma vinte dólares diariamente), estudar, e... bom.
Pra falar a verdade minha rotina piorou desde aquele dia.
Eu literalmente tenho comido apenas coisas líquidas, não consigo me concentrar em noventa por cento das aulas e as vezes eu até mesmo sento no chão do banheiro no meio do banho.
Jason tentou me abordar diversar vezes, mas eu tenho recuado de qualquer aproximação.
Quando falo qualquer aproximação, não estou falando apenas dele.
Passei os primeiros três dias achando estar sendo vigiado no campus, e eu gritei quando um colega de classe pegou meu braço por trás para entregar o livro de estatística que tinha esquecido na aula.
Eu também tenho evitado Gen, o que me rendeu mensagens na caixa postal com todo os xingamentos listados exigindo uma explicação. Sean não manda mensagem desde que chegou na Califórnia.
Estou no sofá quando meu celular vibra. Penso em ignorar, como tenho feito com todas as ligações na última semana. A ligação é dos meus pais.
Atendo.
Jason está me olhando fixamente da cadeira giratória da cozinha enquanto come cereal.
Ele coça a sobrancelha com cicatriz recente e leva as mechas que caiam sobre o olho para trás, com os dedos que estavam cicatrizando também.
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Colega de quarto (para revisão)
Teen FictionA vida de Calvin Stratford era perfeitamente organizada, com cada passo planejado, desde a faculdade dos sonhos ao apartamento tão esperado. Mas tudo vira uma bagunça depois que ele descobre ser colega de quarto do irresponsável, idiota e mulherengo...